sexta-feira, 30 de outubro de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO: ÁGUA EM DISCUSSÃO - OURO AZUL NÃO ´OURO DE TOLO - CARLOS AUGUSTO FIGUEIREDO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Água em discussãoouro azul não é ouro de tolo


Quarta-Feira, 21 de Março de 2018, 19h:15

Por Carlos Augusto Figueiredo

Artigo de responsabilidade do autor

        [...]

        Uma das riquezas do Brasil é a água em abundância, nosso Ouro Azul. Ou, pelo menos, é o que se ouve de maneira relativamente descompromissada. O que o senso comum não se dá conta é o porquê de termos água em abundância. E, diga-se de passagem, que vários Brasis já não têm tanta água assim e alguns nunca tiveram desde o tempo da colonização.

        Vamos começar por aí. O Brasil não é extremamente rico em água. A Amazônia é, o Pantanal é, mas a Mata Atlântica – onde vivem cerca de 70% dos brasileiros – está deixando de ser. O país é dividido pela Agência Nacional de Águas em 12 regiões hidrográficas e dessas a região amazônica tem aproximadamente 80% da disponibilidade hídrica total do País. Ou seja, nas regiões mais populosas, a disponibilidade hídrica se assemelha à de regiões igualmente populosas na Europa.

        Agora, por que o Brasil é rico em água? Primeiro, por causa da Bacia Amazônica e por suas complexas interações entre o ecossistema amazônico e a “produção de água”. A vegetação, especialmente a nativa, tem enorme importância na transpiração e na diminuição do escoamento superficial das chuvas. E o que isso tem a ver com o tema central do Fórum Mundial da Água? Ora, se uma de nossas riquezas é a água em abundância, como fazemos para compartilhá-la? Aí é que começa o conflito. O ser humano não é hábil em compartilhar e quando se trata de um bem tão precioso, os ânimos se acirram.

        Em primeiro lugar, quando falamos de compartilhamento, estamos falando dos quase 80% de toda a água consumida mundialmente na irrigação e pecuária. O consumo doméstico, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, é de aproximadamente 10% da água disponível. Os 10% restantes vão para a indústria. Isso quer dizer que o grande volume de água consumida está direcionado para o setor produtivo.

        A principal forma de compartilhamento da água, ao contrário do que se pode pensar, não é o transporte e distribuição de água líquida em si, mas o que se chama de transferência virtual de água, que acontece quando a produção, principalmente agrícola, é levada de sua área de produção para os centros consumidores. Desde locais próximos como a Serra do Mar, entre as cidades de Teresópolis e Nova Friburgo para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), como distantes como as grandes quantidades de soja brasileira exportada internacionalmente. As verduras do interior fluminense transferem a disponibilidade hídrica da região para a grande metrópole. A soja brasileira teve 77,8% de sua exportação em 2017 destinada à China, que recentemente triplicou sua importação de produtos que transferem água, desta forma contribuindo para aliviar o estrese hídrico chinês. Assim como a soja, uma importante commodity brasileira, outros produtos agropecuários carregam um forte componente de disponibilidade de água (e território) que não é levado em conta na comercialização. Em termos internacionais, quem detém água, detém alimentos; e nações dependentes de importação para alimentação estão em forte desvantagem na geopolítica. Se por um lado a transferência virtual de água pode ser vista como instrumento de pressão geopolítica, por outro, pode também ser vista como solução para otimizar o consumo hídrico no planeta. O mesmo dilema pelo qual passa o comércio internacional globalizado.

        [...]

                            Disponível em: https://capitalnews.com.br/opiniao/agua-em-discussao-ouro-azul-nao-e-ouro-de-tolo/315165.

Acesso em: 09 mar. 2020.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Como principal meio de compartilhar água, o autor defende a tese de que há transferência virtual de água. Para isso ele utiliza o argumento:

a)   “As verduras do interior fluminense transferem a disponibilidade hídrica da região para a grande metrópole”.

b)   “O ser humano não é hábil em compartilhar e quando se trata de um bem tão precioso, os ânimos se acirram.”.

c)   “O consumo doméstico, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, é de aproximadamente 10% da água disponível.”.

d)   “A vegetação, especialmente a nativa, tem enorme importância na transpiração e na diminuição do escoamento superficial das chuvas.”.

02 – Em: “e nações dependentes de importação para alimentação estão em forte desvantagem na geopolítica.”, a palavra em destaque produz um sentido que:

a)   Intensifica a desvantagem de falta de recursos hídricos de algumas nações.

b)   Demonstra que as nações com pouca disponibilidade hídrica são autônomas.

c)   Diminui a desvantagem presente nos países dependentes de alimentação.

d)   Reforça a capacidade de enfrentar a falta de recursos como os alimentos.

NOTÍCIA: 9 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE RAIOS - LUÍZA ANTUNES - COM GABARITO

 Texto: 9 coisas que você precisa saber sobre raios

          Por Luíza Antunes

     Entre 2011 e 2017, caíram no Brasil quase 78 milhões de raios, segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Muitos deles, infelizmente, foram fatais – para se ter ideia, a cada 50 mortes por raio no mundo, uma ocorre por aqui. Daí a importância de se informar melhor sobre descargas elétricas. [...]

          Como sobreviver à uma tempestade de raios

        A maior parte das mortes causadas por raios não acontece quando o dito cujo atinge a cabeça da pessoa, mas sim em decorrência da potência da descarga elétrica. Em locais abertos, você estará muito exposto. O raio costuma cair num ponto mais alto, onde as cargas positivas tendem a se acumular. No meio de um descampado, o ponto mais alto é você. Ficar dentro (ou perto) d’água, no mar ou piscina, durante uma tempestade, também é a pior das ideias. A água é condutora de eletricidade e com isso as suas chances de ser atingido e morrer são grandes. Uma simples tenda ou árvore pode até te proteger da chuva, mas certamente não vai te proteger dos raios. Com isso, evite ficar embaixo de uma árvore, porque além dela correr mais risco de ser atingida, ela também pode cair por conta da chuva e vento.

        Os lugares mais seguros são dentro de casa ou de um prédio, desde que você fique longe das janelas ou portas, e também de condutores de energia, como telefones com fio, canos e metais em geral, além de equipamentos eletrodomésticos, como TV ou ar condicionado, ligados. Durante uma tempestade, tire os aparelhos da tomada e fique longe do perigo até passar. Segundo o ELAT, 15% das mortes decorrentes de raios ocorrem com as pessoas dentro de casa.

        Ficar dentro do carro também é uma opção segura. Isso porque a estrutura metálica do carro serve como isolante elétrico para quem está dentro. Mas se você estiver do lado de fora de um carro ou perto de uma moto, a situação fica bem perigosa. [...]

               Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/superlista/9-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-raios/.

Acesso em: 02 mar. 2020. (Adaptado)

Entendendo o texto:

01 – Em: “[...] Muitos deles, infelizmente, foram fatais [...]”, o termo destacado faz referência a:

a)   50 mortes.

b)   Foram fatais.

c)   78 milhões de raios.

d)   Descargas elétricas.

02 – De acordo com o texto, em dias de chuva acompanhada de raios:

a)   Os locais mais seguros para se abrigar dos raios incluem as praias.

b)   Os eletrônicos desconectados da tomada não oferecem risco de morte.

c)   As descargas elétricas atingem as pessoas mais altas em descampados.

d)   A maioria das mortes com tempestades de raios ocorre dentro de casa.

 

REPORTAGEM: PIOR QUE NOSSOS PAIS: MUDANÇAS CLIMÁTICAS JÁ AFETAM A SAÚDE DAS NOVAS GERAÇÕES - MATHEUS SOUZA - COM GABARITO

Reportagem: Pior que nossos pais: mudanças climáticas já afetam a saúde das novas gerações

                     Doenças infecciosas, enchentes, incêndios florestais e escassez de alimentos pintam futuro sombrio para uma criança nascida hoje caso o ritmo de emissão de carbono continue nos níveis atuais

Por Matheus Souza 

Ninguém mais duvida que as mudanças climáticas trazem consequências catastróficas para o meio ambiente. Agora, um estudo elaborado por 120 especialistas de diferentes países estima quais são os efeitos dessas mudanças para a saúde dos seres humanos, e mostra que um grupo é especialmente atingido: as crianças.

        Publicado na revista científica The Lancet, o relatório Countdown on Health and Climate Change 2019 (Contagem Regressiva sobre Saúde e Mudanças Climáticas), lançado nesta quarta-feira (13), aponta que uma criança nascida hoje terá prejuízos ao longo de toda a vida caso o ritmo de emissão de carbono continue nos níveis atuais. Com sistema imunológico ainda em desenvolvimento, elas são mais vulneráveis aos impactos. O estudo também teve colaboração de pesquisadores brasileiros. Da USP, são coautores o professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina (FMUSP), e Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e pesquisador do Instituto de Ciências Avançadas (IEA) da USP.

        Além do relatório geral, o estudo também levantou dados específicos de alguns países, de acordo com o impacto para cada região. No caso do Brasil, por exemplo, as mudanças climáticas tornam o ambiente mais propício para a proliferação da dengue e de outras doenças infecciosas, que afetam mais as crianças. Desde os anos 1950, os mosquitos têm aumentada em 11% sua capacidade de transmitir dengue no País.

        Outro efeito diz respeito à alimentação. Com a elevação da temperatura média do planeta, a produção agrícola é diretamente atingida. No Brasil, o potencial médio de produtividade da soja caiu mais de 6% desde a década de 60. Dessa forma, os bebês estarão mais vulneráveis ao aumento do preço dos alimentos e à desnutrição.

        Durante a adolescência, o impacto da poluição do ar piorará. O fornecimento de energia derivada do carvão triplicou no Brasil nos últimos 40 anos e os níveis perigosos de poluição atmosférica ao ar livre contribuíram para 24 mil mortes prematuras em 2016.

        Eventos climáticos extremos, como enchentes e tufões, se intensificarão na idade adulta de quem nasce hoje. No Brasil, 1,6 milhão de pessoas foram expostas a incêndios florestais desde 2001/2004, e em todo o mundo houve um aumento recorde de 220 milhões de pessoas acima de 65 anos expostas a ondas de calor em 2018 em comparação com o ano 2000. Em relação a 2017, a alta foi de 63 milhões.

        Para que uma criança nascida hoje cresça em um mundo que atingirá emissões zero até seu 31º aniversário, em 2050, é preciso seguir as diretrizes do Acordo de Paris e limitar o aquecimento a um nível bem abaixo de 2°C. Na avaliação dos autores, só isso pode garantir um futuro mais saudável para as próximas gerações.

Editorias: Ciências Ambientais – URL Curta: jornal.usp.br/? p=287337

                              Governo do Estado de São Paulo. Aprender sempre. 9° ano do ensino fundamental. Língua Portuguesa.

Entendendo a reportagem:

01 – De acordo com o texto, aponte as principais consequências das mudanças climáticas citada no texto.

·        Enchentes e tufões.

·        Episódios de calor extremo.

·        Incêndios florestais.

·        Exposição de populações vulneráveis a extremos climáticos, alterando padrões de doenças infecciosas.

·        Comprometimento da segurança alimentar / aumento de preços / desnutrição.

02 – Como você pode perceber, as consequências das mudanças climáticas afetam muitas pessoas no Brasil. Que recursos linguístico o autor utiliza, nesse texto, para sustentar as ideias e chamar / persuadir o leitor quanto ao que está sendo exposto?

      Utiliza, por exemplo, que, para convencer o leitor acerca das ideias apresentadas, o autor se vale de resultados de pesquisas científicas, expressos por meio de dados percentuais, além de várias comparações.

 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

CONTO: MEDO - JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA - COM GABARITO

 CONTO: MEDO

                   João Anzanello Carrascoza


   Era só um garoto. Com pai, mãe, irmão. Mas, quando deu os primeiros passos, apoiando-se nos móveis da casa, sentiu-se só no mundo. Precisava dos outros para ir além de si. E tinha medo. Nem muito nem pouco. Do seu tamanho. Como o uniforme escolar que vestia. No futuro seria um homem, o medo iria se encolher; ou ele, já grande, não se ajustaria mais à sua medida. Por ora, estava ali, naquela manhã fria, indo para a escola, o olhar em névoa, as mãos dentro do bolso da jaqueta. O que o salvava era a mochila presa às costas. O peso dos cadernos e dos livros o curvava, obrigando-o a erguer a cabeça, fazendo-o parecer até um pouco insolente. O que fazer com a sua condição? Apenas levá-la consigo! Andava às pressas, tentando se proteger do vento que, na direção contrária, enregelava seu rosto. Queria aprender urgentemente. Crescer o tornaria maior que o seu medo. E, sem que soubesse, a lição daquele dia o esperava no sorriso de Diego, aluno mais velho, que ele nem conhecia ainda – quase um homem, diriam os pais, a considerar a altura, a penugem do bigode, os braços rijos. Na ignorância das horas por vir – que desejava fossem, senão tranquilas, suportáveis –, o menino passou pelo portão em meio aos outros colegas – vindos também ali para mover a roda da fortuna, antes de serem moídos por ela –, e seguiu pelo pátio até a sua sala. A professora, mulher miúda, de fala doce, o perturbava. Já nas primeiras aulas, percebeu que ela não era só voz leve e olhar compreensivo. A sua paciência, como giz, vivia se quebrando. Por que ela agia daquela maneira? Não sabia. O menino com seu medo, o tempo todo. Na hora da chamada, erguia a mão e abaixava furtivamente a cabeça, como se a sua presença fosse um insulto. Se a professora fazia uma pergunta, antes de respondê-la, escutava a risada de um colega, o sussurro de outro, e então pressentia que iria falhar, o que de fato acontecia: ele, paralisado, sem resposta alguma, sob o olhar da classe inteira. Tropeçava no perigo que ele próprio, e não o mundo, deixava em seu caminho. Queria não ser daquele jeito. Mas era. Às vezes, entristecia-se até nas horas de alegria: quando jogava futebol com o irmão e perdia. Ou, quando, no parque de diversões, se negava a ir na montanha-russa, no chapéu mexicano. Era tudo o que sonhava. Experimentar aqueles abismos. Mas não conseguia. Vai, filho!, a mãe o incentivava. Eu vou com você, o pai prometia. Fitava o irmão que subia no brinquedo, acenava lá de cima, gritava e se divertia, enquanto ele se segurava firme no seu medo, inteiramente fiel. Se vivia inquieto na sala de aula pela certeza de se ver, de repente, numa situação que o intimidaria, às vezes se esquecia de seu desconforto, encantado com o universo que a professora lhe abria, as letras do alfabeto, os desenhos na lousa, um trecho de música que ela cantava, uma graça que fazia. E aí ele ria, ria com sinceridade, e, subitamente, se reencontrava, menino-menino. No intervalo, aquela calma provisória, quando o pátio se inundava de alunos. Na multidão, ninguém o notava, nada tinha a recear, era a sua hora macia. E assim foi até aquela manhã. Pegava seu sanduíche, quando percebeu que um garoto, o maior de todos, se acercava. Espantou- -se, ao dar a primeira mordida no pão e ver o outro à sua frente – tão desproporcional se comparado aos demais alunos – o corpo comprido, a voz firme, Eu sou o Diego, e sorrindo, Você é do primeiro ano, não é? Ele confirmou com a cabeça, para não responder de boca cheia. E, logo que o outro disse, Eu nunca te vi aqui!, o menino sentiu que estava diante de um desafio, como se num quarto escuro, o dedo no interruptor pronto para acender a luz. Diego o observava com mais fome nos olhos do que na boca, seguia o movimento de suas mandíbulas, à espera da merecida mordida. Tá bom o sanduíche? perguntou, e o menino respondeu Tá, e quis saber, Você já comeu o seu?, o que só serviu para alargar a vantagem de Diego, Não, nunca trago lanche, eu sou pobre. O menino perguntou, Quer um pedaço?, pensando que o outro se contentaria com a oferta, nem supunha que o gesto o conduziria mais depressa a seu destino; era uma entrega superior à que ele imaginava. Diego o mirou, satisfeito, e apanhou o pão com voracidade. Sentou-se no chão e se pôs a comer em silêncio, um silêncio faminto que pedia o olhar do mundo – tanto que o menino, ao seu lado, degustou a cena, orgulhoso por lhe saciar a fome. Se antes era frágil, casca de ovo, agora ele se sentia forte.

Descobria uma grande vida dentro de si. Porque, antes que continuassem a conversa, ele sabia: fizera um amigo. E Diego, que conhecia melhor essa cartilha, levantou-se e disse agradecido, Se alguém mexer com você, me avise! Com a amizade de Diego, e a sua força a favorecê-lo, ninguém o afrontaria. Imaginava ter um trunfo, mas também podia ser um erro. Como adivinhar? Estava lá para aprender. E aprendeu rápido a lição que Diego lhe deu, na semana seguinte, ao dizer, Minha mãe tá doente, precisa de remédio e a gente não tem dinheiro. O menino – para mostrar que era bom aprendiz – superou a culpa e entregou ao outro, dias depois, umas cédulas que pegara às escondidas da bolsa da mãe. E então começou um tempo em que o perigo era a estabilidade que Diego lhe garantia. Os dois ficavam juntos no intervalo e quase sempre encontravam-se no fim da aula no portão da escola. O amigo o acompanhava até a casa, cumprindo a sua parte no pacto, e recebia em troca o que lhe faltava: o sanduíche, o estojo de lápis coloridos, os pacotes de figurinhas. Diego sorria. E olhava para ele em silêncio no momento da paga – como um aluno que desafia o mestre. O coração do menino batia alto, incapaz de acordar a desconfiança que o embalava. Diego sorria – e sonhava. Sonhava com uma bicicleta. A amizade entre eles atingiu o ápice no dia em que Diego se meteu numa briga, quando outro marmanjo, no intervalo, esbarrou sem querer no garoto e derrubou-lhe a garrafa de suco. Diego vingou o amigo – e foi suspenso da escola por uma semana. O menino viu no episódio a prova de que o outro lhe era plenamente leal. E nem precisou pensar numa recompensa: Diego a cobrou ao retornar às aulas, dizendo que precisava de mais dinheiro para as injeções que a mãe, agora, tinha de tomar. Era a vez do menino, a sua prova. E apesar da angústia, ele mostrou que sabia tudo de gratidão: manteve-se aferrado à sua mentira ao ver o irmão de cabeça baixa, a mãe chorando, o pai de lá para cá à procura do dinheiro que sumira da carteira. E, então, sentado na soleira da porta de casa, dias depois, o garoto viu Diego lá no fim da rua, pedalando uma bicicleta. Diego acenou de longe e, ao se aproximar, abriu um sorriso para o amigo. Ele se ergueu vacilante, apoiando-se na parede. Agora, estava mais sozinho do que nunca. E sentiu medo. Muito medo.

 João AnzAnello CArrAsCozA. Aquela água toda. São Paulo: Cosac Naify, 2012. p. 33-36.

Desvendando o texto

1. O conto “Medo” inicia-se com a apresentação do protagonista.

     a) O que o narrador destaca ao afirmar que “Era só um garoto”?

         O narrador destaca o fato de o protagonista ainda ser uma criança, de não ter muitas experiências.

     b) Que mudança de sentido ocorreria se o narrador tivesse dito Era um garoto só? Esse novo sentido ainda caberia no conto?

        A mudança indicaria que o protagonista era solitário. Esse novo sentido também caberia no conto, já que, embora tendo uma família, o menino sentia-se sempre sozinho.

     c) O protagonista não é chamado pelo nome. Que efeito de sentido é criado pela referência a ele apenas como “garoto” ou “menino”?

Sugestão: Reforça-se a ideia de que ele é frágil, de que ainda não se impõe diante dos outros nem se destaca em momento algum.

2. Um dos principais espaços do conto é a escola.

   a) Como o garoto se relacionava com a professora e com os colegas?

 O garoto sentia-se intimidado diante da professora e dos colegas. Embora gostasse de alguns momentos da aula, ele tinha medo de ser exposto e transformava reações corriqueiras da professora e dos colegas em algo opressivo e que lhe causava sofrimento.

    b) Como você interpretou o trecho: “Tropeçava no perigo que ele próprio, e não o mundo, deixava em seu caminho”.

Sugestão: O menino não enfrentava problemas criados por outras pessoas; com o medo que tinha, ele criava situações que se tornavam insuportáveis para si mesmo.

3. A relação com a família também é explorada no conto. Releia o seguinte trecho.

“Fitava o irmão que subia no brinquedo, acenava lá de cima, gritava e se divertia, enquanto ele se segurava firme no seu medo, inteiramente fiel.”(linhas 35-37)

a)   Sugira um par de palavras que possam exprimir a diferença entre o comportamento dele e o do irmão.

Sugestões: covardia × coragem; medo × ousadia; tensão × relaxamento; apatia × vivacidade etc.

b)   A expressão segurava firme refere-se ao garoto, mas ficaria mais adequada se fizesse referência ao irmão. Justifique essa afirmação.

Essa expressão ficaria mais adequada se fizesse referência ao irmão do garoto, que estava em um brinquedo de um parque de diversões e, portanto, deveria segurar firme para não cair.

c)   Qual é o efeito de sentido provocado pelo uso inesperado dessa expressão para referir-se ao protagonista em vez do irmão?

O uso inesperado dessa expressão reforça a contraposição entre as duas crianças.

 4. A narrativa está centrada no relacionamento de amizade do protagonista com Diego.

a)   A amizade entre ambos é marcada por uma troca. O que Diego esperava do amigo?

Diego esperava receber sanduíches, álbum de figurinhas, dinheiro etc

b)   Que argumentos Diego usava para obter o que desejava?

Diego dizia ser pobre e precisar de dinheiro para os remédios da mãe.

c)   O que o protagonista esperava de Diego?

O protagonista esperava proteção.

d)   Como Diego estimulou essa amizade? Cite uma situação que comprove sua resposta.

Diego passou a comportar- -se como um defensor, o que pode ser notado, por exemplo, quando ele acompanhou o protagonista até a casa dele no final da aula ou quando se envolveu em uma briga com alguém que havia, involuntariamente, derrubado a garrafa de suco do garoto.

e)   Relacione as características físicas de Diego ao papel que ele passou a desempenhar na vida do outro.

Diego era um menino mais velho, maior do que os demais, já apresentando algumas características de homem, o que contribuiu para a construção de uma figura protetora.

5. O desfecho do conto evidencia o efeito dessa amizade sobre o protagonista.

a)   Explique por que a amizade dele com Diego passou a ameaçar suas relações familiares.

Para sustentar a amizade, o protagonista passou a roubar dinheiro dos pais e a permitir que o irmão fosse considerado culpado em vez dele.

b)   O narrador afirma que, ao dar o sanduíche a Diego, o menino realizou “uma entrega superior à que ele imaginava” (linha 60). Por quê?

Com aquele gesto, o menino inaugurava uma relação de troca que se estenderia para outras situações.

6. O conto “Medo” não segue a forma comum das narrativas.

a)    Como, normalmente, as frases são organizadas nas narrativas? Qual é a novidade desse conto?

Comumente, as frases formam parágrafos, mas nesse conto há um bloco único.

 b)    Nas narrativas em geral, como são apresentadas as falas de personagens?

               Elas são apresentadas após travessão ou entre aspas.

c)    Que recurso foi usado para diferenciar a fala dos personagens da fala do narrador nesse conto?

As falas são diferenciadas pela mudança no tipo de letra (itálico).

 d)    Considerando o que é contado, por que você acha que o texto tem essa forma?

              Resposta pessoal.

      7. Releia o desfecho do conto e responda às questões.

     “E, então, sentado na soleira da porta de casa, dias depois, o garoto viu Diego lá no fim da rua, pedalando uma bicicleta. Diego acenou de longe e, ao se aproximar, abriu um sorriso para o amigo. Ele se ergueu vacilante, apoiando-se na parede. Agora, estava mais sozinho do que nunca. E sentiu medo. Muito medo.”

a)   O que motiva a reação do protagonista?

Ao ver Diego na bicicleta, ele entendeu que não tivera um amigo de verdade, mas alguém interessado nas vantagens materiais que ele poderia proporcionar.

 b)   O desfecho remete a uma lembrança relatada no início do conto. Identifique-a.

A lembrança de o menino dando seus primeiros passos, apoiando-se nos móveis da casa e sentindo-se muito só e com medo.

   c)   Por que você acha que foi feita uma associação entre o desfecho e o trecho inicial do conto?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que o desfecho mostra um novo momento de insegurança, em que o garoto, a partir daquela aprendizagem, experimenta a solidão e o medo em grau máximo.

domingo, 25 de outubro de 2020

PANFLETO: SOBRE O LIXO - MINISTÉRIO PÚBLICO - DF - COM GABARITO

 Panfleto: Sobre o lixo

 


Ministério Público – Distrito Federal. Disponível em: https://www.mpdftmp.br/portal/index.php/comunicacao-menu/noticias/noticias-2017/9494-cidade-limpa-promotoria-destina-recursos-para-campanha-de-limpeza-urbana. Acesso em: 22/07/22020.

Entendendo o panfleto:

01 – Qual o gênero desse texto?

      Cartaz, folheto/panfleto. Depende da dimensão da reprodução.

02 – Qual a temática desse texto?

      Consciência sobre limpeza urbana.

03 – Qual foi o objetivo do Ministério Público, ao divulgar essa campanha?

      Conscientizar a população.

04 – Que tipo de abordagem foi feita pelo Ministério Público nessa campanha?

      Educada, sugestiva e, ao mesmo tempo, impositiva.

05 – Você concorda com essa abordagem? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

PANFLETO: CARNAVAL DE OFERTAS - COM GABARITO

 Panfleto: Carnaval de ofertas




Disponível em:
https://facebook.com/chevrolet.valesulparanagua/photos/carnaval-de-ofertas-na-valesulgaranta-j%C3%A1-seu-onix-effectvenha-nos-visitarav-bent/1334298003340940/. Acesso em: 22/07/2020.

Entendendo o panfleto:

01 – Do que se trata esse panfleto?

      Venda de veículo automotor.

02 – Qual o seu objetivo?

      Trazer informações sobre o produto que querem vender.

03 – Que recursos ele utiliza para atingir seu objetivo?

      Ele apresenta suas ofertas e formas de pagamento através da linguagem verbal e não verbal.

04 – Retire do texto os elementos destacados abaixo.

a)   Elementos da linguagem verbal.

Carnaval de ofertas; Onix Effect por apenas R$ 53.990; entrada de R$ 24.990 + 33X R$ 1.090,00; primeira parcela só em junho; 41-985053178; 41-30389900; Valesul.

b)   Elementos da linguagem visual.

Fotografia do produto, imagens ilustrativas e logotipos.

05 – O que significa a expressão “Carnaval de ofertas”?

      Carnaval corresponde a um período festivo, em que as pessoas aproveitam para comemorar, festejar e celebrar. A ideia do carnaval de ofertas é que o cliente aproveite esse período para comprar o produto e comemorar a oferta.

06 – Como essa expressão pode convencer o leitor a comprar o carro?

      Argumentando que a época é de festejar também a oferta oferecida no período.

07 – Quais elementos complementam a expressão “Carnaval de ofertas”?

      Os elementos não verbais como as imagens das máscaras, confetes e serpentinas.

08 – Qual frase do anúncio remete a vantagens ao cliente?

      “Primeira parcela só em junho.”

09 – As expressões “por apenas” e “só em junho” foram usadas com que intencionalidade?

      Atrair a atenção dos clientes.







HINO NACIONAL BRASILEIRO (ANÁLISE) - JOAQUIM OSÓRIO DUQUE ESTRADA - COM GABARITO

 Hino Nacional Brasileiro

I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu, risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece

Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

II

Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida
Nossa vida, no teu seio, mais amores

Ó Pátria amada
Idolatrada
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado

Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta
Nem teme, quem te adora, a própria morte

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

Composição: Joaquim Osório Duque Estrada.

Entendendo o hino:

01 – De acordo com o texto de o sinônimo das palavras abaixo, se necessário utilize o dicionário.

·        Fúlgidos: que fulge, fulgente.

·        Penhor: garantia, segurança.

·        Salve: indicação de saudação.

·        Florão: ornato circular em forma de flor.

·        Garrida: elegante, vistosa.

·        Lábaro: bandeira, estandarte, pendão.

·        Flâmula: espécie de bandeirola, galhardete.

·        Clava: bastão ou cajado tosco, resistente e pesado.

02 – Relacione as palavras do texto à seus significados:

(1) Plácidas (verso 1).

(2) Brado (verso 2).

(3) Retumbante (verso 2).

(4) Idolatrada (verso 10).

(5) Vívido (verso 12).

(6) Formoso (verso 14).

(7) Impávido (verso 17).

(8) Colosso (verso 17).

(9) Esplêndido (verso 26).

(10) Fulguras (verso 28).

(11) Seio (verso 33).

 

(6) Belo, gracioso.

(5) Brilhante, luminoso.

(7) Destemido, arrojado.

(1) Calmas, tranquilas, serenas.

(3) Que ressoa, ecoante.

(8) Gigante.

(2) Grito, clamor.

(4) Adorada, venerada, amada.

(11) Interior, âmago.

(9) Admirável, magnífico, grandioso.

(10) Cintilas, realças, brilhas.

03 – Grife todos os adjetivos do texto:

a)   O significado que eles contém são positivos ou negativos? Positivos.

b)   Por que o autor escolheu adjetivos com esse tipo de significado?

Porque o autor quis valorizar, enaltecer o Brasil.

04 – O que valoriza um simples riacho a ponto de ser citado no hino oficial do país?

      Porque nesse local foi proclamada a independência do Brasil.

05 – Segundo o autor, o país passou a ter liberdade com a Independência:

a)   A que tipo de liberdade se refere?

Liberdade política.

b)   Pelas ideias expressas no texto, essa liberdade foi conquistada com luta ou obtida com facilidade? Retire do texto versos que comprovem sua resposta:

         Com luta.

         “Se o penhor dessa igualdade

         Conseguimos conquistar com braço forte (...)

         Desafia o nosso peito a própria morte!”

06 – Ao escrever a expressão “Deitado eternamente em berço esplêndido” o autor quer passar a ideia de o país “estar acomodado, parado” ou “ter condições privilegiadas para o desenvolvimento”? Justifique sua resposta:

      Ter condições privilegiadas para o desenvolvimento. O Brasil possui vários recursos naturais, pois em todo o texto há exaltação de nosso país.

07 – O hino diz que o brasileiro dá a vida por seu país.

a)   Quais os versos que provam essa afirmação?

         “Verás que um filho teu não foge à luta

         Nem teme, quem te adora, a própria morte”

b)   É uma afirmação verdadeira ou não? O que você acha?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Falsa, pois hoje em dia ninguém (ou quase ninguém) tira ou oferece a própria vida pela pátria, por nosso país.

08 – Os versos 5 e 6 afirmam que os brasileiros conseguem fazer do Brasil um país igual às outras nações livres e independentes. Você acha que o Brasil, na sua economia, é um, país realmente livre? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, o Brasil ainda não é um país totalmente “livre”. Nosso país ainda é um país subdesenvolvido e que depende de outros países, principalmente em relação à economia.