quarta-feira, 29 de maio de 2019

FILME(ATIVIDADES): A COR PÚRPURA - STEVEN SPIELBERG - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): A COR PÚRPURA

Data de lançamento 28 de março de 1986 (2h 34min)
Direção: Steven Spielberg
Gênero Drama
Nacionalidade EUA

SINOPSE E DETALHES

        Georgia, 1909. Em uma pequena cidade Celie (Whoopi Goldberg), uma jovem com apenas 14 anos que foi violentada pelo pai, se torna mãe de duas crianças. Além de perder a capacidade de procriar, Celie imediatamente é separada dos filhos e da única pessoa no mundo que a ama, sua irmã, e é doada a "Mister" (Danny Glover), que a trata simultaneamente como escrava e companheira. Grande parte da brutalidade de Mister provêm por alimentar uma forte paixão por Shug Avery (Margaret Avery), uma sensual cantora de blues. Celie fica muito solitária e compartilha sua tristeza em cartas (a única forma de manter a sanidade em um mundo onde poucos a ouvem), primeiramente com Deus e depois com a irmã Nettie (Akosua Busia), missionária na África. Mas quando Shug, aliada à forte Sofia (Oprah Winfrey), esposa de Harpo (Willard E. Pugh), filho de Mister, entram na sua vida, Celie revela seu espírito brilhante, ganhando consciência do seu valor e das possibilidades que o mundo lhe oferece.

Entendendo o filme:

01 – Que questões são abordadas nesta história que abrange determinado contexto em aspectos geográficos e cronológicos?
      São questões de raça, de gênero, econômicas, dentre outras.

02 – Explique com suas palavras, como acontece a “Violência contra a mulher”, no filme.
      A comunidade onde a protagonista Celie mora é marcada por violências. Para os homens locais, só há respeito se as mulheres apanharem.

03 – Fale sobre “Liberdade feminina X luta por sobrevivência” que é abordada no filme.
      Na narrativa é a liberdade feminina, representada por algumas mulheres, como a cunhada da protagonista, Sophia. Grande, forte, independente, não se submete a homem, mas sofre nas mãos de brancos, tornando-se símbolo de opressão racial.

04 – Por que para Celie a escrita é resistência?
      Porque foi através das cartas, seu ponto de reconexão, uma forma de autoconhecimento, de dizer que a mulher está ali, presente, pulsando, escrevendo contra a violência e o poder.

05 – Esse romance, de autoria feminina, deixa transparecer toda a sensibilidade e delicadeza na abordagem de temas polêmicos e difíceis que é próprio da maneira como as mulheres escrevem. Refletindo sobre as questões, responda: De que a personagem Celie fala neste trecho:
        “Querido Deus, Eu tenho quatorze ano. Eu sempre fui uma boa minina. Quem sabe o senhor pode dar um sinal preu saber o que tá contecendo comigo”. (Walker, 2009, p. 9).

      “Ela é feia. Ele fala. Mas num istranha o trabalho duro. E é limpa. E Deus já deu um jeito nela. O senhor pode fazer tudo como o senhor quer e ela num vai botar no mundo mais ninguém pro senhor dar de cumer e vistir”. (Walker, 2009, p. 29).


MENSAGEM ESPÍRITA - PORTO DE SEGURANÇA - JOANNA DE ÂNGELIS - PARA REFLEXÃO

PORTO DE SEGURANÇA

Joanna de Ângelis

        Desde quando te deixaste arrebatar pela mensagem espírita, que te vês a braços com muitas dores, somadas às tuas próprias dores.
        A princípio, atribuías que a revelação te libertaria do sofrimento, facultando-te uma diferente visão da vida e dos acontecimentos. 

        E estavas com a razão.
        A questão, no entanto, é de óptica. Mediante a fé compreendes melhor as causas e as finalidades da existência corporal bem como a sua importância para o espírito, modificando os conceitos que mantinhas.
        Isto não quer dizer que seriam eliminados esses efeitos que te alcançam, mas que te ajudaria a gerar causas positivas para uma sega porvindoura. Aumenta-te a capacidade de compreensão, o serviço se te apresenta como elemento libertador.
        Desse modo, tens ouvidos e palavra, interesse e disposição para auxiliar o próximo que transita sem rumo e sem apoio.
        Não estranhes que te busquem os aflitos e os aturdidos, os ignorantes e os agressivos.
        Dão-te a oportunidade feliz de crescimento pessoal e de felicidade pelo que lhes possa doar.
        Unge-te de coragem e atende-os, sustentando-lhes a força antes da queda total.
        A Terra é escola de reabilitação e aprendizagem.
       Conforme cada discípulo portar-se hoje, assim viverá amanhã, o que também respeita ao presente em relação ao passado.
        Apresenta-te feliz, considerando ser buscado a ajudar, ao invés de estares buscando o auxílio na ignorância das Leis.
        Não relacionem os problemas que decorrem do cansaço e da continuidade volumosa que te assoberbam cada dia.
        Se muitos te procuram, é porque algo em ti encontram, que lhes faz bem.
        Coloca-te no lugar deles e perceberás quanto gostarias de receber...
        Assim, não te escuses de contribuir.
        Se te sentes necessitado de apoio, este não te falta, porquanto já podes dirigir-te diretamente ao Supremo Doador, que te não deixa em desamparo, conforme ocorre em relação a todos e a tudo, com a diferença, que somente poucos se fazem receptivos àquele auxílio.
        Apoia-te na fé robusta e transfere as alegrias e comodidades para mais tarde, as que agora não podes fruir, em razão da assistência que deves dispensar aos desesperados.
        Quando nos dispomos a ajudar, adquirimos uma aura magnética que irradia reconforto e atrai os necessitados de socorro.
        Talvez se te apeguem e produzam mal-estar.
        Possivelmente, extorquirão as reservas de energias daqueles a quem buscam, numa exploração que não tem sentido.
        Provável que se não beneficiem, mesmo quando ajudados...
        Estas, porém são questões que não podes resolver.
        Deixa-te conduzir pela esperança e esparze-a, mesmo que sofrendo, sem o dizer, e colocado numa situação de que não tens problemas, o que não corresponde à verdade, prosseguindo, afável e confiante, no rumo do futuro onde está o porto de segurança de todos nós. 

De “OTIMISMO”
De Divaldo P. Franco
Pelo Espírito Joanna de Ângelis
Fonte: Grupo Espírita Casa do Caminho de S. Vicente

POESIA: O PERU - VINÍCIUS DE MORAES - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poesia: O PERU
         
         Vinícius de Moraes

Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!

O peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão.

O peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão.


O peru se viu um dia
Nas águas do ribeirão
Foi-se olhando foi dizendo
Que beleza de pavão!

Foi dormir e teve um sonho
Logo que o sol se escondeu
Que sua cauda tinha cores
Como a desse amigo seu

Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!
                                  Vinícius de Moraes.

Entendendo a poesia:
01 – Nos versos: “Glu! Glu! Glu!
                             Abram alas pro peru!”

Que figura de linguagem imita reprodução de sons ou ruídos naturais?
      Onomatopeia.

02 – Quantas aves são citadas na poesia? Quais são?
      São três. O peru, o pavão e o tico-tico.

03 – Quem morreu de congestão? Por quê?
      Foi o tico-tico de tanto rir.

04 – Como ficou o peru de tanto dançar?
      Ficou tonto de quase cair no chão.

05 – O peru foi dormir e teve um sonho. Sonhou o quê?
      Sonhou que sua cauda tinha cores como a desse amigo seu.

06 – Quem o peru pensava ser quando saiu para passear?
      Pensou que era pavão.


POEMA: NO VERDÔ DA MINHA IDADE - PATATIVA DO ASSARÉ - VARIEDADE LINGUÍSTICA -COM GABARITO


Poema: No verdô da minha idade
     
        Patativa do Assaré

No verdô da minha idade
mode acalentá meu choro
minha vovó de bondade
falava em grandes tesôro
era história de reinado
prencesa, prinspe incantado
com feiticêra e condão
essas história ingraçada
tá selada e carimbada
dentro do meu coração.



[...]
Mas porém eu sinto e vejo
que a grande sodade minha
não é só de história e bejo
da querida vovozinha
demanhazinha bem cedo
sodade dos meu brinquedo
meu bodoque e meu bornó
o meu cavalo de pau
meu pinhão, meu berimbau
e a minha carça cotó.

Patativa do Assaré. Digo e não peço perdão. São Paulo: Escrituras Editora, 2001. p. 15.

Entendendo o poema:

01 – Nesse poema, o eu lírico faz uma descrição de sua infância (“No verdô da minha idade”), numa linguagem regional e coloquial, própria da fala popular, nordestina.
a)   O que significa, no contexto, a palavra verdô?
É uma corruptela de verdor, ou seja, idade verde, imatura, infantil.

b)   Que sentido tem a palavra mode (da expressão “pra mode”) no verso “mode acalentá meu choro”?
A palavra mode tem o sentido de finalidade.

c)   Destaque palavras que representam a linguagem coloquial e que não estejam grafadas e/ou acentuadas de acordo com a norma padrão. Levante hipóteses: Por que elas são grafadas dessa forma?
As palavras são: acalentá, tesôro, históra, prencesa, prinspe, incantado, feiticêra, ingraçada, sodade, bejo, demanhazinha, bornô, carça. São grafadas dessa forma porque há interesse de aproximar a fala e a escrita, ou seja, o poema é um registro da poesia oral.

02 – Releia os versos e observe as concordâncias nominal e verbal:
        “Essas história ingraçada
         tá selada e carimbada
         dentro do meu coração.”

a)   Como ficariam esses versos se fossem reescritos na língua padrão?
Essas histórias engraçadas estão seladas e carimbadas dentro do meu coração.

b)   Observe que, nesses versos, apenas o pronome essas está no plural. Levante hipóteses: Em termos de comunicação, é necessário que todas as palavras dessa expressão estejam no plural? Por quê?
Não. Colocando-se o primeiro termo – pronome – no plural, já se deduz que são várias histórias, e não apenas uma.

c)   Levante hipóteses: Por que ocorre esse fenômeno na fala?
Ocorre o suprimento por economia linguística.

03 – No prefácio do livro Digo e não peço segredo, de Patativa do Assaré, Luiz Tadeu Feitosa escreve: “Como se verá aqui, sua linguagem ‘matuta’ é apenas uma opção porque o pássaro que se nos apresenta aqui é liberto. Leu Camões, Castro Alves, Olavo Bilac, José de Alencar, Machado de Assis e outros apenas para saber e provar que ‘poderia fazer igual a eles todos’. ‘E eu sou’, diz Patativa”.

a)   Deduza: Por que o poeta optou por essa linguagem “matuta”, ou seja, pela cultura popular e não erudita?
Porque tem consciência da importância de se preservar e registrar a linguagem do povo, além de valorizar costumes e cenários da cultura nordestina.

b)   O poema é construído em redondilha maior. Na sua opinião, por que Patativa optou por essa métrica?
Porque tanto a redondilha menor quanto a maior são métricas que fazem parte da tradição da poesia popular oral, desde a época dos trovadores.

c)   No excerto do Prefácio, lido na página anterior (fora de si), quando comparado aos escritores brasileiros, Patativa diz: “E eu sou”. Discuta com seus colegas sobre a contribuição da obra do poeta no cenário brasileiro.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Resgate e imortalização da poesia oral, popular nordestina.



TEXTO: A HISTÓRIA DE VICTOR FRANKENSTEIN -(FRAGMENTO) - MARY SHELLEY - COM GABARITO

Texto: A história de Victor Frankenstein
 

 Capitulo IV – O mistério é desvendado  (Fragmento)                                  

                          Mary Shelley
        [...]
        A partir de então as Ciências Naturais e particularmente a Química tornaram-se minha única ocupação. Lia aqueles livros com ardor e assistia a todas as aulas. O Prof. Waldman – esse era o seu nome – tornou-se um verdadeiro amigo. De mil maneiras facilitou, para mim, os estudos. Eu ganhava força e logo tornei-me tão ardente e ansioso por conhecimentos que, frequentemente, o dia amanhecia enquanto eu ainda estava trabalhando em meu laboratório.
        Dois anos passaram-se dessa maneira. Não fui nenhuma vez a Genebra; estava ocupado, de corpo e alma, na pesquisa de algumas descobertas que desejava fazer. Consegui desenvolver melhorias em alguns instrumentos química, o que me proporcionou grande estima e admiração na Universidade. Quando cheguei a esse ponto, tendo me tornado bem familiarizado com a teoria e prática das Ciências Naturais, minha permanência em Ingolstadt não era mais necessária; Pensei em retornar para meus amigos e minha cidade natal, quando um incidente retornou minha partida.
        Um dos fenômenos que, em especial, tinha atraído minha atenção era o da estrutura do corpo humano; na verdade, de qualquer animal. Sempre me perguntava se o princípio da vida tinha continuidade. Então apliquei-me mais especificamente àqueles ramos das Ciências Naturais que se relacionam com a Fisiologia. Dediquei-me à Anatomia e examinei a causa e o progresso da decadência e, portanto, da morte do corpo humano. Passava dias e noites envolvidos com minhas observações e pesquisas quando, do meio da escuridão uma súbita luz brilhou – tão radiosa e incrível e, no entanto, tão simples que, embora estonteado como tamanho da probabilidade que se abria, fiquei surpreso que, entre tantos homens de gênio que haviam dirigido seus estudos ao mesmo sentido, tenha sido somente eu o escolhido para descobrir um segredo tão maravilhoso.
        Depois de dias de trabalho e cansaço extremos, consegui descobrir a causa da geração e da vida. Aliás, mais que isso: tornei-me, eu mesmo, capaz de dar vida à matéria inanimada.
        Sei que todos esperariam ser informados desse segredo. Mas não pode ser. Quando eu chegar ao fim da minha história, será fácil perceber por que jamais revelarei essa descoberta; é por demais perigosa a aquisição de conhecimentos, e o homem que acredita que sua cidade natal é o mundo inteiro é muito mais feliz que aquele que aspira tornar-se maior do que sua natureza permite.
        Hesitei por um longo tempo em relação à maneira com que eu iria aplicar meu poder. Para preparar uma estrutura à qual eu fosse dar vida, com todas as suas fibras intrincadas, músculos e veias, teria de haver um trabalho de inconcebível dificuldade. No começo não sabia se iria tentar a criação de um ser como eu, ou de um animal com uma organização mais simples. Mas a minha imaginação estava por demais exaltada para permitir que eu duvidasse da minha habilidade de dar vida a uma criatura tão complexa e maravilhosa como o homem. Preparei-me para todo tipo de contratempos e dificuldades, mas acreditava que teria sucesso. Foi com essa disposição que iniciei a criação de um ser humano. Como as proporções diminutas de certas partes e órgãos seriam um obstáculo para mim, resolvi que o ser teria uma estatura gigantesca, dois metros e meio de altura. Depois de ter determinado seu tamanho e tendo gasto alguns meses coletando e organizando os materiais, comecei.
        Trabalhei com incansável ardor. Meu rosto tornou-se pálido de tanto estudo, e meu corpo emaciado pelo confinamento. Algumas vezes, à beira da certeza, eu falhava. Ainda assim, agarrava-me à esperança de que no dia seguinte ou na próxima hora eu conseguiria. Num quarto solitário, no alto da casa, separado dos outros apartamentos por um corredor e uma escada, eu tinha a minha oficina de terrível criação.
        Assim foram passando os meses de verão, enquanto eu me entregava, de corpo e alma ao meu projeto. Esqueci dos meus parentes e amigos, a que eu não via há tanto tempo. Sabia que meu silêncio os deixava inquietos, e lembrava-me das palavras do meu pai:
      --- Sei que enquanto você estiver satisfeito consigo, irá pensar em nós com afeição e nos mandará notícia regularmente. Penso que qualquer interrupção em sua correspondência seja uma prova de que você também está negligenciando seus outros deveres.
        Entretanto eu desejava, por assim dizer, adiar tudo o que estivesse relacionado aos meus sentimentos de afeto até que o grande objeto estivesse terminado. Hoje em dia estou convencido de que um ser humano deveria sempre preservar sua mente serena e em paz, nunca permitindo que uma paixão ou um desejo passageiro perturbe sua tranquilidade. Se algo que você faz, mesmo sendo um estudo, enfraquece seus afetos e destrói seu gosto pelos prazeres simples onde nada de mal pode haver, então essa sua atividade não é boa, não convém à mente humana.
        Meu pai não me repreendia em suas cartas; somente perguntava com mais insistência sobre minhas atividades. O inverno, a primavera e um novo verão passaram e eu continuava trabalhando, sem ao menos olhar para as folhas que brotavam e os botões que floresciam. Meu entusiasmo era reprimido pela minha ansiedade, e eu parecia mais alguém condenado à escravidão do que um artista ocupado com a sua obra favorita. Todas as noites eu tinha uma febre baixa e tornava-se extremamente nervoso. Uma folha que caísse de uma árvore me assustava e eu evitava as pessoas como se fosse culpado de um crime. Somente a energia de meu propósito me sustentava e eu acreditava que, assim que minha criação estivesse completa, exercício físico e divertimentos iriam afastar qualquer doença que eu tivesse adquirido.
                        Capítulo V – Nasce o monstro

        Era uma hora da madrugada de uma lúgubre noite de novembro quando terminei meu trabalho. A chuva batia contra a vidraça e minha vela estava se extinguindo; minha ansiedade chegava à agonia no instante em que vi os baços olhos amarelos da criatura se abrirem. Respirava pesadamente e um movimento convulsivo agitava seus membros.
        Como posso descrever as minhas emoções diante dessa catástrofe, desse desgraçado que, com tanto cuidado e esforço eu tinha me empenhado em formar? Seus membros eram proporcionados e eu tinha selecionado seus traços para serem belos. Belos! Meu Deus! Sua pele amarela mal cobria a trama de músculos e artérias abaixo; seu cabelo era negro, lustroso, ondulado; seus dentes brancos perolados. Mas tudo isso somente formava um contraste mais horrível com seus olhos aguados, que pareciam quase da mesma cor que as órbitas brancas pardacentas nas quais estavam colocados, com sua pele enrugada e lábios negros retos.
        Eu havia trabalhado por quase dois anos, com o único propósito de dar vida a um corpo inanimado. Para isso, me privei de descanso e saúde. Mas, ao terminar, a beleza do sonho desaparecera e o horror e desgosto encheram meu coração. Incapaz de enfrentar o aspecto do ser que eu tinha criado, corri para fora do laboratório e fiquei por um longo tempo andando pelo meu quarto, sem conseguir acalmar minha mente para poder dormir.
      Quando, finalmente, peguei no sono, não consegui descansar. [...] Acordei sobressaltado, com um suor frio na testa, os dentes batendo, até que, à luz da lua, vi o monstro olhando fixamente para mim, em pé ao lado da minha cama. Seus maxilares abriram-se e ele articulou alguns sons incompreensíveis, com a face arreganhada em um estranho sorriso. Uma das suas mãos estava esticada, aparentemente querendo segurar-me, mas eu escapei e fugi pelas escadas. Escondi-me no quintal da casa onde morava, andando de um lado para o outro em grande agitação, escutando atentamente cada ruído que por acaso anunciasse a aproximação do cadáver demoníaco a que eu tinha, tão desgraçadamente, dado vida.
        Ah! Nenhum mortal poderia suportar o horror daquela fisionomia. Uma múmia que vivesse outra vez não seria tão medonha quanto aquele infeliz. Eu o tinha observado quando ainda inacabado. Era feio; mas quando aqueles músculos e articulações tornaram-se capazes de movimento, ficou tão medonho que nem mesmo Dante poderia tê-lo concebido.
        Alternando agitação externa com langor e fraqueza, passei a noite aterrorizado e sentindo a amargura do desapontamento. Os sonhos, que tinham sido meu alimento e meu descanso, eram agora o meu inferno.
        [...]  
 Mary Shelley. Frankenstein. Trad. Cláudia Lopes. São Paulo: Scipione, 1997. p. 23-28.

Entendendo o texto:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Emaciado: magro.
·        Negligenciando: descuidando.
·        Lúgubre: sinistro, fúnebre.
·        Baço: sem brilho.
·        Langor: moleza.

02 – Suas hipóteses sobre a criação de Victor Frankenstein se confirmaram?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – O que você achou do texto? Que sensações ele despertou em você?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Como você imagina que essa história termina?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Qual era o objetivo do Dr. Victor Frankenstein?
      Criar um ser humano perfeito a partir de matéria inanimada.

06 – Qual conflito desequilibra o desenvolvimento da narrativa?
      O ser criado pelo Dr. Victor Frankenstein não era belo, nem perfeito.

07 – É possível perceber no texto que Victor passou boa parte de sua vida estudando e se aprimorando em diversas áreas do conhecimento, a fim de concretizar seu objetivo.
a)   Essa atitude de dedicação exclusiva e persistência teve algumas implicações em sua vida pessoal. Que implicações foram essas?
Sua saúde ficou debilitada. Além disso, ele se distanciou dos amigos e familiares.

b)   Ele se arrependeu de ter se dedicado à realização de seus objetivos? Identifique um trecho que comprove sua resposta.
Sim. “Mas, ao terminar, a beleza do sonho desaparecera e horror e desgosto encheram meu coração.”

08 – O cientista conseguiu a realização de algo jamais conquistado por um ser humano.
a)   Qual foi a grande realização de Victor?
Dar vida à matéria inanimada.

b)   Que conhecimentos foram necessários para que o cientista realizasse seus objetivos?
Ter domínio sobre determinadas áreas do conhecimento, como as Ciências Naturais, a Fisiologia e a Anatomia.

c)   Após concretizar seus objetivos, o cientista se mostra decepcionado com sua criação. Explique quais foram os fatores que o levaram a ter esse sentimento.
A criação do cientista não correspondia ao modelo ideal almejado por ele: um ser humano belo e perfeito. Ao contrário disso, o ser criado por Victor era grotesco, repugnante e, portanto, o cientista o associou a algo ruim. Esse resultado provocou um choque imediato em Victor.

09 – Releia este trecho: “[...] é por demais perigosa a aquisição de conhecimentos, e o homem que acredita que sua cidade natal é o mundo inteiro é muito mais feliz que aquele que aspira tornar-se maior do que sua natureza permite.”. Em sua opinião, o que esse trecho revela em relação às buscas do ser humano?
      Revela que, muitas vezes, o ser humano, ao se apropriar de determinados conhecimentos, pode usá-los de forma negativa, criando algo que seja nocivo a sua própria espécie e ao mundo em que vive.

10 – O cientista se concentrou exclusivamente em seu projeto de criar um ser perfeito e dar vida a ele. No entanto, ao finalizá-lo percebeu que todo o seu trabalho tinha resultado em algumas consequências imediatas. Quais foram elas?
      O ser criado pelo cientista ganhou proporções não previstas por ele, o que fez com que a situação fugisse de seu controle. A criatura versus seu criador.

11 – Victor Frankenstein decidiu fazer algo inusitado: criar um ser humano. A criação humana é algo que sempre intrigou a humanidade. A ciência sempre buscou explicar a origem da vida.
a)   Por que você acha que as pessoas necessitam buscar respostas para o desconhecido?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A curiosidade e o espírito investigativo são características inerentes ao ser humano. Além disso, o desconhecimento é algo que fascina, encanta e desperta o interesse de todos.

b)   Em sua opinião, quais são as possíveis consequências positivas e negativas dessas ações do ser humano?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Positiva: muitas vezes, a busca incessante por desvendar o desconhecido pode levar o ser humano a ultrapassar seus limites. Negativa: a ganância pode leva-lo a agir de forma a trazer prejuízos ao próprio ser humano.

12 – No primeiro parágrafo do texto, há algumas palavras grafadas em letra maiúscula. Identifique-as e explique por que isso ocorreu.
      Ciências Naturais (área do conhecimento); Química (área do conhecimento) e Prof. Waldman (nome próprio).

13 – Releia o seguinte trecho d texto: “O Prof. Waldman – era esse o seu nome – tornou-se um verdadeiro amigo”.
a)   Que função o travessão exerce nesse trecho?
A função de indicar o aposto explicativo.

b)   Com que intenção essa informação é acrescentada ao texto?
Para explicar ao leitor que Waldman era o nome do professor que havia se tornado amigo de Victor Frankenstein.

14 – Ao observar sua criação, Victor descreve-a. Essa descrição é física ou psicológica? Explique.
      Física. Pois apresenta os aspectos visíveis do ser criado por Victor.

15 – No trecho: “De mil maneiras facilitou, para mim, os estudos.”, há uma figura de linguagem. Identifique-a e explique em que ela consiste.
      Hipérbole. Que consiste em um exagero da ideia que se pretende expressar. Nesse caso, mil maneiras enfatiza que foram várias, diversas.

terça-feira, 28 de maio de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): METADE - OSWALDO MONTENEGRO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Metade

              Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade, não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
A outra metade é canção
E que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também

                     Composição: Oswaldo Montenegro

Entendendo a canção:

01 – Esta canção não fala somente dos sentimentos, amor como um todo, mas três reflexões acerca dos desafios internos que convivemos todos os dias. Cite-os.
      Os desafios são aprender a ouvir, a falar e ver na medida certa para conviver bem com a pessoa amada.

02 – A letra da canção traz a voz do eu do texto anunciando desejos. Cite um verso que confirma essa afirmativa.
      “Que a força do medo que tenho / Não impeça de ver o que anseio”.

03 – A estrutura do texto é marcada pela contraposição de “metades”, como em: “...porque metade de mim é o que eu grito /mas a outra metade é silêncio.”
a)   Que palavra ajuda a construir essa relação de contraposição?
A conjunção adversativa “mas”.

b)   Nestes versos, sublinhe as palavras ou expressões que também marcam essa contraposição: “...seja linda ainda que tristeza / que a mulher que amo seja pra sempre amada / mesmo que distante...”

04 – Que características pode-se perceber no eu do texto?
      Se mostra inseguro, pois diz ter duas metades: o “sim” e o “não” sempre se duelando entre eles. O “sim” refere à essência do ser, nas reais vontades, aos reais desafios e atitudes; o “não” se refere a tudo aquilo que não faz parte da verdade do ser. Nos momentos da vida, Devemos escolher a metade que agirá em nós.

05 – A que se refere o termo destacado em: “[...] é preciso simplicidade pra fazê-la florescer [...]”
      Para percebermos a beleza da arte é preciso simplicidade, para vê-la florescer.

06 – Explique os versos finais, “Pois metade de mim é amor / E a outra metade também”.
      O eu poético se mostra um ser inundado de sentimento.

07 – Apesar da contraposição constante, o que salva o eu do texto?
      O eu poético evidencia a importância de superar os medos sejam eles de quaisquer natureza. É preciso insistir naquilo que se tem fé e não deixar que os obstáculos da vida diminua a importância daquilo que se acredita.


CONTO: O GRANDE ENCONTRO - SILVANA TAVANO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: O Grande Encontro
       
         Silvana Tavano

        Era uma vez um Autor com uma vaga ideia para uma nova história. E como nessa história tinha vaga de verdade para um grande Personagem, pensou em começar sua busca colocando um anúncio no jornal.
        "Procura-se um Personagem disposto a viver aventuras eletrizantes. Não é necessário ter experiência no tema, mas algumas características serão especialmente consideradas: um certo preparo físico, raciocínio rápido e personalidade carismática."
        O primeiro candidato a se apresentar foi logo dizendo:
        -- Participei de passagens importantes de muitos livros famosos, imortalizados por personagens estrelados.
        -- Ah, parabéns! O senhor tem razão. Os grandes personagens não envelhecem. Mas, se entendi bem, o senhor nunca foi o protagonista desses enredos, certo? Enfim... É uma pena, mas um coadjuvante de idade avançada não é o que busco. Desculpe!
        Dois dias e muitas páginas amassadas depois, o Autor recebe outro candidato - um tipo muito sincero, mas bastante imaturo.
        -- Já passei por muitas imaginações, mas...
        -- Mas?
        -- Nunca cheguei ao papel...
        -- Ah...
        -- Tenho muito potencial, mas...
        -- Mas?
        -- Preciso de alguém que acredite em mim, que me decifre e me revele com todas as letras, entende?
        -- Você é muito interessante. Mas...
        Na semana seguinte, com a cabeça embaralhada e ainda sem um herói à vista, o Autor começa a pensar em outras possibilidades e, repentinamente, tem uma grande ideia: e se o narrador transformasse a própria aventura em Personagem? Animado, ele já ia colocar o texto em ação quando o telefone toca.
        -- Bom dia. Posso falar com o Autor?
        -- E o senhor é...?
        -- O Personagem.
        -- Ah, claro, o anúncio...
        -- Exato, o anúncio. Muito bem escrito, por sinal.
        -- ...?
        -- Quantos livros o senhor publicou?
        -- ... !?!
        -- Alô? Alô, o senhor está na linha?
        -- Sim... Claro, estou ouvindo... Continue, por favor!
        -- Desculpe! Espero que não me leve a mal, mas preciso saber um pouco mais sobre o seu estilo, como é o seu processo criativo, quais gêneros o senhor domina, se tem livros premiados... É que não me encaixo com naturalidade em qualquer texto. Tenho que sentir alguma consistência literária, entende?
        O Autor experimentou vários estados de espírito. No início, ficou atônito. Mais que isso, catatônico! Depois, a palavra certa seria "irritado". Mas, pouco a pouco, foi se sentindo, como dizer?, impressionado! Pois, à medida em que respondia às perguntas do Personagem, foi se surpreendendo mais e mais com suas próprias palavras.
        No dia seguinte, conversaram de novo. E no outro, outra vez.
        Trocaram ideias durante tanto tempo que acabaram se tornando grandes amigos. Anos depois, eram tão íntimos que um logo adivinhava o que o outro tinha acabado de pensar e, juntos, inventaram histórias fabulosas.

                                 Silvana Tavaro. O grande encontro. Nova Escola. São Paulo: Abril, n° 222, maio 2009. p. 102.
Entendendo o conto:
01 – A maneira como a história se inicia se aproxima de um gênero especifico de texto.
a)   Que gênero é esse?
O conto de fadas.

b)   Que expressão justifica essa aproximação?
Era uma vez.

02 – O conto possui as partes constituintes da narrativa: situação inicial, clímax e desfecho. Identifique no texto cada uma dessas partes.
      Situação inicial: O Autor faz um anúncio para encontrar um novo Personagem para sua nova história. Clímax: O Autor encontra o Personagem, que o acaba avaliando, em vez de contrário. Desfecho: O Autor e o Personagem tornam-se amigos e fazem muitas histórias juntos.

03 – Depois de analisar muitos candidatos à vaga e de não conseguir encontrar um protagonista para a sua história, surge um personagem muito intrigante, que fez o autor ter diversos estados de espírito. Por que isso ocorreu?
      Isso ocorre porque o personagem, em vez de ser entrevistado e de mostrar suas qualidades, começou a avaliar o autor do texto para ver se este possuía as características que ele julgava necessárias para tê-lo como um personagem de sua história.

04 – O final da história terminou de maneira previsível ou houve uma quebra em sua expectativa? Comente.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Houve uma quebra de expectativa, pois o Personagem é quem avalia o Autor e este fica irritado com isso, mas eles acabam, por fim, tornando-se amigos.

05 – O texto foca em um elemento muito importante do gênero conto: o personagem. Explique o efeito que o autor dá à narrativa por meio do enfoque nesse elemento.
      O autor brinca com a criação dos seres ficcionais, os personagens, dado um efeito de humor ao conto.