Poema: Bocas roxas de vinho
Ricardo
Reis
Bocas roxas de vinho,
Testas brancas sob rosas,
Nus, brancos antebraços
Deixados sobre a mesa:
Tal seja, Lídia, o quadro
Em que fiquemos, mudos,
Eternamente inscritos
Na consciência dos deuses.
Antes isto que a vida
Como os homens a vivem,
Cheia da negra poeira
Que erguem das estradas.
Só os deuses socorrem
Com seu exemplo aqueles
Que nada mais pretendem
Que ir no rio das coisas.
Ricardo Reis, Poesia. Lisboa, Assírio & Alvim. 2000.
Entendendo o poema:
01
– Qual a principal imagem criada pelo poema?
O poema cria a imagem de um
quadro estático e eterno, onde Lídia e o eu lírico estão representados com as
bocas roxas de vinho e as testas enfeitadas de rosas. Essa imagem contrasta com
a vida agitada e cheia de poeira dos homens.
02
– Qual o significado das "bocas roxas de vinho" e das "testas
brancas sob rosas"?
As "bocas roxas de
vinho" podem simbolizar a paixão, o prazer e a intensidade da vida,
enquanto as "testas brancas sob rosas" representam a beleza, a pureza
e a transitoriedade da existência. Juntos, esses elementos criam uma imagem de sensualidade
e beleza atemporal.
03
– O que representa a "negra poeira" que os homens erguem das
estradas?
A "negra poeira"
simboliza as preocupações, as angústias e as vanidades da vida cotidiana. Ela
representa tudo aquilo que impede os homens de viverem uma vida mais simples e
contemplativa, como a que o poeta propõe.
04
– Qual o papel dos deuses no poema?
Os deuses são
vistos como seres superiores que contemplam a vida humana com uma perspectiva
mais ampla e serena. Eles servem como modelo para aqueles que buscam
transcender a vida cotidiana e encontrar um significado mais profundo na
existência.
05
– Qual a mensagem principal do poema?
A mensagem
principal do poema é a busca por uma vida mais simples e contemplativa, livre
das preocupações e das vanidades do mundo. O poeta propõe uma existência
marcada pela beleza, pela serenidade e pela aceitação da finitude. A imagem do
quadro eterno representa o desejo de transcender o tempo e a imperfeição da
vida humana, buscando uma forma de imortalidade na arte e na memória dos
deuses.
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