POEMA: O JOVEM FRANK
Carlos
Queiroz Telles
Às vezes eu me pergunto
que diabo de papel
estou fazendo aqui.
Não pedi para nascer,
não escolhi o meu nome,
e tenho um corpo montado
com pedaços de avós,
fatias de pai
e amostras de mãe.
Nas reuniões de família
o esporte predileto
é dissecar Frankenstein:
“Os olhos são dos Arruda...”
“Os pés lembram os
Botelho...”
“Tem as mãos do velho
Braga!”
“...e o nariz é dos
Fonseca!”
Certamente o resultado
de um tal esquartejamento
não pode ser coisa boa,
pois tantos retalhos colados
não inteiram uma pessoa.
Sendo assim... eu não sou
eu.
Sou outra coisa qualquer:
um personagem perfeito
para filme de terror,
um androide, um mutante,
um bicho extraterrestre,
um berro de puro pavor!
Graças a Deus meu espelho
não é daqueles que falam...
Diante dele, com cuidado,
posso até reconhecer
este rosto que é só meu
e sorrir aliviado:
Cheio de cravos e espinhas,
pode não ser um modelo
de perfeição ou beleza,
mas com certeza é alguém
e esse alguém... sou eu, sou
eu!
(Sementes de sol. São Paulo, Moderna,
1992.Coleção Veredas.)
Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª
Série- MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1999, p.129,130.
Entendendo o poema
1)
Identifique o eu-poético no poema.
É um menino que detesta quando o “dissecam” nas reuniões de família,
atribuindo a ele certas características de parentes.
2)
Que sentimentos do jovem Frank o eu-poético
revela?
O eu-poético revela certo descontentamento por ter sido feito com
“pedaços de avós, fatias de pai, amostras de mãe”, revela também uma afirmação
da própria identidade.
3)
O que o eu-poético quis dizer com
esquartejamento?
Porque seu corpo tinha várias partes de outros corpos, segundo sua
família.
4)
Quantos versos e estrofes
há no poema?
Há trinta e nove versos e oito estrofes.
Por que o "perssonagem" do poema se chama jovem frank?
ResponderExcluirO que ele quis dizer com a expressão"dissecar o Frankenstein"?
ResponderExcluirÉ brincadeira gosto muito de
ResponderExcluirLíngua portuguesa.