terça-feira, 31 de março de 2020

MENSAGEM ESPÍRITA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS - CAP.III- RETORNO DA VIDA CORPORAL À VIDA ESPIRITUAL - PARA REFLEXÃO


Mensagens Espírita: O livro dos Espíritos

ALLAN KARDEC – Tradução Matheus R. Camargo
Perguntas e respostas
                      Livro Segundo
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
                          Capítulo III
RETORNO DA VIDA CORPORAL À VIDA ESPIRITUAL

Separação da alma e do corpo



154 – A separação da alma e do corpo é dolorosa?
      Não. Frequentemente o corpo sofre mais durante a vida do que no momento da morte: neste, a alma nada sente. Os sofrimentos que se experimentam algumas vezes no momento da morte são prazer para o Espírito, que vê chegar o fim de seu exílio.
      Na morte, a que ocorre pelo esgotamento dos órgãos em consequência da idade, o homem deixa sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de energia.

155 – Como se dá a separação da alma e do corpo?
      Uma vez que os laços que a retinham são rompidos, ela se desprende.

155.a) A separação se dá instantaneamente e por uma transição brusca? Há uma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?
      Não, a alma se desprende gradualmente, não escapa como um pássaro cativo que é subitamente libertado. Esses dois estados se tocam e se confundem; dessa forma, o Espírito se desprende pouco a pouco dos laços que o prendiam: eles se desatam, não se rompem.

      Durante a vida, o Espírito está unido ao corpo por seu envoltório semi-material ou períspirito. A morte é a destruição apenas do corpo, e não desse segundo envoltório, que se separa do corpo quando nele cessa a vida orgânica. A observação prova que, no instante da morte, o desprendimento do períspirito não se completa subitamente; opera-se gradualmente, com uma lentidão muito variável, conforme os indivíduos. Em alguns, é bem rápido, e pode-se dizer que o momento da morte é o mesmo da libertação, algumas horas depois. Mas em outros, sobretudo aqueles cuja vida toda foi exageradamente material e sensual, o desprendimento é muito mais lento e algumas vezes pode durar dias, semanas e até meses, o que não implica que haja nos corpos a menor vitalidade, nem a possibilidade de um retorno à vida, mas uma simples afinidade entre o Espírito e o corpo, que se deve sempre à importância que o Espírito deu à matéria durante a vida. De fato, é racional conceber que quanto mais o Espírito estiver identificado com a matéria, mais ele sofrerá para separar-se dela, ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação de pensamentos, operam um início de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, e, quando chega a morte, o desprendimento é quase instantâneo. Este é o resultado de estudos feitos sobre todos os indivíduos observados no momento da morte. Essas observações provam ainda que a afinidade que em certos indivíduos persiste entre a alma e o corpo é, às vezes, muito penosa, pois o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Esse caso é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte, mostra-se em alguns casos de suicidas.

156 – A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes que a vida orgânica cesse completamente?
      Na agonia, a alma às vezes já deixou o corpo: há somente a vida orgânica. O homem não tem mais consciência de si mesmo, ainda lhe resta um sopro de vida. O corpo é uma máquina movida pelo coração; existe enquanto o coração fizer circular o sangue nas veias, e não necessita da alma para isso.

157 – No momento da morte, a alma tem, às vezes, uma aspiração ou êxtase que a faz entrever o mundo no qual vai entrar?
      Frequentemente a alma sente romperem-se os laços que a prendem ao corpo. Então, ela se esforça ao máximo para desfazê-los totalmente. Já em parte desprendida da matéria, vê o futuro desenrolar-se à sua frente, e usufrui, por antecipação, do estado de Espírito.

158 – O exemplo da lagarta que primeiramente rasteja na terra e depois se fecha em seu casulo, numa morte aparente, para renascer numa existência radiante, pode dar-nos uma ideia da vida terrena, depois do túmulo e, enfim, de nossa nova existência?
      Uma leve ideia. A figura é boa. Entretanto, seria necessário não a levar ao pé da letra, como fazeis frequentemente.

159 – Que sensação a alma experimenta no momento em que se reconhece no mundo dos Espíritos?
      Isso depende. Se tu fizeste o mal impelido pelo desejo de fazê-lo, num primeiro momento te sentirás envergonhado. Para o justo é bem diferente: a alma sente-se como que aliviada de um grande peso, pois não teme nenhum olhar perscrutador.

160 – O Espírito reencontra imediatamente os que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
      Sim, conforme sua afeição mútua; muitas vezes eles vêm recebe-lo na sua volta ao mundo dos Espíritos, ajudando-o a desligar-se das amarras da matéria. Também ocorre com frequência de reencontrar os que tinha perdido de vista durante sua vida na Terra; ele vê os que são errantes; os que estão encarnados, vai visitar.

161 – Na morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda não enfraqueceram pela idade ou por doenças, a separação da alma e o acessar da vida acontecem simultaneamente?
      Geralmente acontece assim, mas, em todo caso, o instante que os separa é muito curto.

162 – Após a decapitação, por exemplo, o homem conserva, por alguns instantes, a consciência de si mesmo?
      Frequentemente ele a conserva durante alguns minutos, até que a vida orgânica seja completamente extinta. Porém, muitas vezes também a apreensão da morte o faz perder essa consciência, antes do instante do suplício.

      Trata-se, aqui, apenas da consciência que o supliciado pode ter de si mesmo, como homem e por intermédio dos órgãos, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência antes do suplício, pode então conservá-la por alguns instantes, mas de curtíssima duração, que cessa necessariamente com a vida orgânica do cérebro. Isso não implica que o períspirito esteja inteiramente desprendido do corpo, ao contrário: em todos os casos de morte violenta, quando esta não ocorre pela extinção gradual das forças vitais, os laços que unem o corpo ao períspirito são mais tenazes, e o desprendimento completo é mais lento.

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