Poesia: O
VENTO
Cecília Meireles
O cipreste inclina-se em fina reverência
e as margaridas estremecem, sobressaltadas.
A grande amendoeira consente que balancem
suas largas folhas transparentes ao sol.
Misturam-se uns aos outros, rápidos e frágeis,
os longos fios da relva, lustrosos, lisos cílios verdes.
Frondes rendadas de acácias palpitam inquietantemente
com o mesmo tremor das samambaias
debruçadas nos vasos.
Fremem os bambus sem sossego,
num insistente ritmo breve.
O vento é o mesmo:
mas sua resposta é diferente, em cada folha.
Somente a árvore seca fica imóvel,
entre borboletas e pássaros.
Como a escada e as colunas de pedra,
ela pertence agora a outro reino.
Se movimento secou também, num desenho inerte.
Jaz perfeita, em sua escultura de cinza densa.
O vento que percorre o jardim
pode subir e descer por seus galhos inúmeros:
ela não responderá mais nada,
hirta e surda, naquele verde mundo sussurrante.
Cecília Meireles; in Mar Absoluto
Entendendo a poesia:
01 – Marque com um (X) os
recursos empregados no texto que o caracterizam como poético:
(X) Versos e descrição.
( ) Descrição, rimas, diálogos e ação de
personagem.
( ) Rimas, estrofes, linguagem figurada.
( ) O fato de ser assinado por um poeta.
02 – Nos versos: “Ela não responderá mais nada, / hirta e
surda, naquele verde mundo sussurrante.”
A quem se refere estes versos?
A árvore seca que fica imóvel.
03 – Por que as margaridas, o cipreste, a grande amendoeira, as acácias, samambaias e bambus estremecem, sobressaltados?
Porque respondem à ação do vento.
04 – Quem consente que
balancem suas largas folhas?
A grande
amendoeira.
05 – O título da poesia
motiva a leitura?
Resposta pessoal
do aluno.
06 – Como você entende estes
versos: “O vento é o mesmo, / mas sua resposta é diferente em cada folha”.
Resposta pessoal
do aluno.
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