segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

POESIA: O VENTO - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

Poesia: O VENTO
            Cecília Meireles

O cipreste inclina-se em fina reverência
e as margaridas estremecem, sobressaltadas.

A grande amendoeira consente que balancem
suas largas folhas transparentes ao sol.


Misturam-se uns aos outros, rápidos e frágeis,
os longos fios da relva, lustrosos, lisos cílios verdes.

Frondes rendadas de acácias palpitam inquietantemente
com o mesmo tremor das samambaias
debruçadas nos vasos.

Fremem os bambus sem sossego,
num insistente ritmo breve.

O vento é o mesmo:
mas sua resposta é diferente, em cada folha.

Somente a árvore seca fica imóvel,
entre borboletas e pássaros.

Como a escada e as colunas de pedra,
ela pertence agora a outro reino.
Se movimento secou também, num desenho inerte.
Jaz perfeita, em sua escultura de cinza densa.

O vento que percorre o jardim
pode subir e descer por seus galhos inúmeros:

ela não responderá mais nada,
hirta e surda, naquele verde mundo sussurrante.

                                      Cecília Meireles; in Mar Absoluto

Entendendo a poesia:

01 – Marque com um (X) os recursos empregados no texto que o caracterizam como poético:
(X) Versos e  descrição.
(  ) Descrição, rimas, diálogos e ação de personagem.
(  ) Rimas, estrofes, linguagem figurada.
(  ) O fato de ser assinado por um poeta.

02 – Nos versos: “Ela não responderá mais nada, / hirta e surda, naquele verde mundo sussurrante.”
A quem se refere estes versos?
      A árvore seca que fica imóvel.

03 – Por que as margaridas, o cipreste, a grande amendoeira, as acácias, samambaias e bambus estremecem, sobressaltados?
      Porque respondem à ação do vento.

04 – Quem consente que balancem suas largas folhas?
      A grande amendoeira.

05 – O título da poesia motiva a leitura?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Como você entende estes versos: “O vento é o mesmo, / mas sua resposta é diferente em cada folha”.
      Resposta pessoal do aluno.


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