sábado, 5 de novembro de 2022

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: VÍRUS GIGANTES? O QUE É ISSO?! - COM GABARITO

 Artigo de divulgação científica: VÍRUS GIGANTES? O QUE É ISSO?!

        Alguém aí já ouviu falar em vírus gigantes? Será que eles causam uma supergripe? Será que são do tamanho de um inseto e estão voando por aí? Calma! Os chamados vírus gigantes não são tão grandes a ponto de podermos vê-los a olho nu. Eles são enormes se comparados a outros vírus. Mas há outras curiosidades em torno deles. Vamos conhecê-los?

Tupanvírus: considerado um vírus gigante. Imagem Centro de Microscopia da UFMG

        Os vírus gigantes são diferentes de tudo o que já era conhecido na biologia. Para entender um pouco sobre eles, é preciso conhecer mais sobre vírus em geral. Vamos lá?

        De uma forma geral, os vírus têm dentro deles um código que guarda todas as suas informações, chamado código genético. Esse código fica protegido por uma capa chamada capsídeo. Os vírus gigantes apresentam os maiores códigos genéticos entre todos os vírus conhecidos até hoje. Logo, têm também os maiores capsídeos.


Representação do Mimivírus. A imagem da esquerda mostra o capsídeo por dentro, com o código genético (DNA) enroladinho dentro do núcleo. Imagem Wikipédia

        O começo da história

        Você deve estar se perguntando por que é que os vírus gigantes são assunto agora? Será que eles são uma forma de vida nova? Não, não são. Os vírus gigantes devem existir há muito tempo. A questão é que, há cerca de 200 anos, quando os primeiros vírus foram descobertos, os cientistas estavam filtrando algumas soluções e apenas os pequenos vírus (que são a grande maioria) passavam pelos poros dos filtros. Os gigantes, por não passarem, ficaram “escondidos” dos cientistas.

        Só em 2003, um grupo de cientistas, liderados pelo francês Didier Raoult, observando no microscópio, se deparou com algo maior, do tamanho das bactérias. Mas, se fosse bactéria, não sobreviveria em contato com antibióticos – e o “algo maior” sobreviveu.  Se fosse bactéria, poderia se dividir – e o “algo maior” não se dividia. Se fosse bactéria, teria ainda outras características que o “algo maior” não tinha.

        Continuando a investigação

        O que os cientistas viram no microscópio era algo que, definitivamente, não poderia ser considerado uma bactéria. Aliás nem poderia ser considerado algo vivo. O que poderia ser então? Os cientistas tiveram uma grande ideia: colocaram aquilo que viram no microscópio junto com ameba, um ser vivo que costuma hospedar bem bactérias, fungos e… vírus!

        Aí, veio a surpresa! Os cientistas observaram que as amebas em contato com aquilo que observaram no microscópio morriam. E foi assim que descobriram estar diante de um vírus diferente, um vírus muito maior do que conheciam até então, um vírus… gigante!

        O primeiro vírus gigante recebeu o nome de Acanthamoeba polyphaga Mimivirus (APMV). Essa descoberta entusiasmou outros cientistas, que começaram a pesquisar novos vírus gigantes por todo o planeta. E novos vírus gigantes foram sendo descobertos nos mais diferentes ambientes, como hospitais, água, solos profundos de oceanos, lagos de água salgada e até na gelada Antártica.

      Famílias de vírus gigantes

        Os vírus gigantes foram divididos em oito famílias. Eles são, em média, cinco a dez vezes maiores que os vírus comuns. A família Mimiviridae, a mais estudada até hoje, foi a primeira a ser criada a partir da descoberta do APMV, e inclui os vírus “brasileiros” Sambavírus e Tupanvírus, que foram nomeados assim para homenagear a cultura do Brasil.

        Já os integrantes da família Marseillevirus foram encontrados seis anos após o APMV, em 2009. Embora também tenham sido descobertos na França e serem grandes na comparação com os vírus comuns, são menores que o APMV. Em 2016, um vírus gigante encontrado no Brasil foi incluído nessa família, o Brazilian marseillevirus.

        Há famílias de vírus gigantes em que os integrantes têm formato ovóide, outros têm formato de rolha e outros têm formatos que lembram um personagem famoso de videogame, o Pacman (também conhecido como “come-come”).

 


Ao alto, o Tupanvírus (no detalhe, a gente vê como ele é por dentro). 

Acima, o Sambavírus.
Imagens Centro de Microscopia da UFMG

        Vírus brasileiros

        O Tupanvírus e o Sambavírus, descobertos no Brasil, são recobertos quase por completo por estruturas que lembram fios de cabelo, as fibrilas. O Sambavírus é muito similar ao APMV, o primeiro vírus gigante a ser descoberto. Já o Tupanvírus têm uma cauda cilíndrica, que ainda não se sabe para que serve, e é completamente diferente de todos os outros gigantes descritos até então.

        E sempre há mais novidades!

        Por falar em novidades, há uma recente e incrível curiosidade sobre essa família: existem vírus que “infectam” os mimivírus chamados virófagos! Eles também são cerca de dez vezes menores que os vírus gigantes e podem causar defeitos na sua replicação. Ainda não sabemos muitos sobre eles, mas pode apostar que com a continuidade das pesquisas muitas outras informações incríveis virão!

        Vírus contaminando vírus

        Sabia que há vírus que infectam os vírus gigantes da família Mimivírus? Conhecidos como virófagos, eles são dez vezes menores que os vírus gigantes e podem causar defeitos na sua replicação. Ainda não se sabe muito sobre eles, mas os pesquisadores estão atentos para trazer novidades!

Juliana Cortines, Gabriel Nunes, Juliana Oliveira e Victória Trindade Departamento de Virologia, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

CORTINES, J. et al. Vírus gigantes? O que é isso?! Ciência Hoje das Crianças, nov. 2019. Disponível em: http://chc.org.br/artigo/Virus-gigantes-o-que-e-isso/. Acesso em: 12 mar. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 89-92.

Entendendo o artigo de divulgação científica:

01 – A evolução dos estudos permitiu aos cientistas identificar e classificar parte dos vírus gigantes. Por que esse processo não foi iniciado ainda no século XIX, quando os vírus foram descobertos?

      O procedimento para separação de vírus, no século XIX, envolvia a passagem por um filtro cujos poros retinham os vírus maiores. Assim, eles não eram encontrados.

02 – Já no século XXI, os cientistas identificaram um elemento desconhecido e levantaram a hipótese de ser uma bactéria.

a)   Quais características os levaram a descartar essa hipótese?

O artigo cita a sobrevivência do elemento ao contato com antibióticos e a impossibilidade de se dividir e afirma existirem, ainda, outras características.

b)   O processo para esse descarte revela procedimentos típicos da ciência. Com base no exemplo, explique esse processo.

Os cientistas fizeram testes apoiando-se no conhecimento que já tinham. A reação da ameba ao novo elemento se mostrou compatível com o que acontecia quando estava junto de vírus.

03 – O radical de origem grega fag(o)- significa “comer”. Com base nele, explique o nome virófago.

      O virófago é o vírus que pode infectar e causar defeitos na replicação dos vírus gigantes da família Mimivírus. O radical fag(o)- traduz a ideia de algo que destrói, corrói.

04 – Todo texto pressupõe uma relação de seu produtor com o leitor, mas, em alguns, essa relação é enfatizada. Retome o artigo “Vírus gigantes? O que é isso?!” para observar esse aspecto.

a)   Quais estratégias evidenciam, no título e na linha fina, que o texto se dirige a crianças?

O título e a linha fina incluem perguntas que estimulam a curiosidade; empregam um tom exagerado, que sugere que o assunto é surpreendente; recorrem a hipóteses que supostamente correspondem às de uma criança.

b)   Em relação ao leitor, qual é o propósito das frases “Vamos conhece-los?” e “Vamos lá?”?

As frases são convites para o leitor continuar a leitura.

c)   Releia a parte “E sempre há mais novidades!”. Que efeito se busca com o emprego das frases exclamativas? Que outro recurso foi usado com o mesmo propósito?

As frases exclamativas sugerem que o assunto é muito interessante, o que também ocorre com o emprego do termo incrível (“incrível curiosidade” e “informações incríveis”).

05 – O artigo contém ilustrações.

a)   Qual é a função da representação do Mimivírus?

Os dados apresentados no texto verbal não são simples, por isso a representação tem um valor didático; ela ajuda o leitor a entender a estrutura interna dos vírus.

b)   Na sua opinião, as fotografias incluídas no artigo são fundamentais para a compreensão do texto? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Elas contribuem para a compreensão da estrutura externa dos vírus e, assim, facilitam a compreensão do conteúdo, mas que é possível compreendê-lo sem elas.

 

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