sábado, 5 de novembro de 2022

TEXTO: A EXPERIÊNCIA COM O GRUPO DE ADOLESCENTES - INGRID DORMIEN KOUDELA - COM GABARITO

 Texto: A experiência com o grupo de adolescentes

           Ingrid Dormien Koudela

        O adolescente é um marginalizado do teatro brasileiro. Raras são as peças dirigidas especialmente a essa faixa etária. Os espetáculos infantis lhes são monótonos e carentes de significado, e o teatro “adulto”, que poderia propiciar uma experiência mais rica, torna-se inacessível, pela presença da censura. A maior parte da população disponível para o teatro está deliberadamente fora de seu alcance.

        Muitos jovens vivem de dez a vinte e cinco horas por semana a relação palco/plateia, seja diante da televisão, ouvindo rádio ou assistindo filmes – mais tempo do que passam na escola, em determinados casos. Perplexos com o impacto da televisão, nos perguntamos como agir diante dessa realidade. Sem formular uma compreensão e análise daquilo que vê, o público identifica no gesto pasteurizado seus modelos. Uma análise da interferência negativa dos conteúdos dos programas para a formação do jovem não esgota ainda o problema, que reside na atitude passiva que a audiência durante horas a fio gera no indivíduo.

        O teatro, enquanto proposta de educação, trabalha com o potencial que todas as pessoas possuem, transformando esse recurso natural em um processo consciente de expressão e comunicação. A representação ativa e integra processos individuais, possibilitando a ampliação do conhecimento da realidade.

        Ao organizar o curso para o grupo de adolescentes, o objetivo que nos colocamos foi o desenvolvimento de uma linguagem, potencialmente inata em todos os indivíduos, mas marginalizada. Nesse contexto, a função da representação era a elaboração da realidade observada e a reflexão sobre o significado da ação de representar.

        O objetivo de observação mais próximo para avaliar a estrutura do gesto era o reconhecimento do próprio corpo. Através do jogo de improvisação, trabalhamos com a resistência característica dessa faixa etária em utilizar o próprio corpo e ocupar o espaço físico.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004. p. 78.

Fonte: Língua Portuguesa – Se liga nas linguagens – Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias – Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2020 – Moderna – p. 66.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Deliberadamente: decididamente.

·        Pasteurizado: sem originalidade, empobrecido de qualidades artísticas, para agradar ao grande público.

·        Inata: natural, que pertence ao ser desde o seu nascimento.

02 – O que permite ao leitor reconhecer que o texto foi escrito há bastante tempo?

      O texto discute o impacto da televisão sobre o jovem e não menciona o uso de computadores e celulares. Há também referência à censura.

03 – A existência de várias reedições mostra que a obra não está obsoleta, isto é, superada. Relacione as informações ainda válidas para quem deseja refletir sobre a experiência teatral.

      A autora menciona que o teatro proporciona a superação da passividade e da tendência a repetir “gestos pasteurizados”, isto é, de pouco significado; permite conhecer melhor a realidade por meio de processos individuais; e favorece a superação da resistência ao uso corpo, que marca a adolescência.

04 – Considerando as respostas aos itens anteriores, o que você pode concluir sobre como proceder ao usar como fonte de pesquisa estudos acadêmicos mais antigos?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Este texto é destinado a um público específico: estudiosos da área do teatro e professores interessados na técnica dos “jogos teatrais”. Que aspectos revelam esse direcionamento?

      Além da maior complexidade da abordagem, o texto está focado na relação do adolescente com o teatro, considerando o potencial deste na formação daquele, algo que interessa, predominantemente, a educadores e especialistas.

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