Poema: Como um rio
Thiago de Mello
Ser capaz, como um rio
que leva sozinho
a canoa que se cansa,
de servir de caminho
para a esperança.
E de levar do límpido
a mágoa da mancha,
como o rio que leva
e lava.
Crescer para entregar
na distância calada
um poder de canção,
como o rio decifra
o segredo do chão.
Se tempo é de descer,
reter o dom da força
sem deixar de seguir.
E até mesmo sumir
para, subterrâneo,
aprender a voltar
e cumprir, no seu curso,
o ofício de amar.
Como um rio, aceitar
essas súbitas ondas
feitas de águas impuras
que afloram a escondida
verdade das funduras.
Como um rio, que nasce
de outros, sabe seguir
junto com outros sendo
e noutros se prolongando
e construir o encontro
com as águas grandes
do oceano sem fim.
Mudar em movimento,
mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda.
Como um rio.
Mormaço na floresta.
Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983.
Entendendo o poema:
01 – Qual é a principal
comparação que o poema faz ao longo de seus versos?
O poema compara a
existência e as ações humanas com as características e o fluxo de um rio,
utilizando-o como uma metáfora para a vida.
02 – De que forma o rio,
segundo o poema, serve como um "caminho para a esperança"?
O rio serve como um caminho para a
esperança ao ser capaz de levar e carregar o que está cansado ou pesado, assim
como leva uma canoa, sugerindo a ideia de auxílio e continuidade.
03 – No poema, como o rio lida
com as "águas impuras" e as "mágoas da mancha"?
O rio "leva e lava" as mágoas
da mancha e aceita as "súbitas ondas feitas de águas impuras", que
revelam a "verdade das funduras". Isso sugere a capacidade de
purificação, aceitação e superação das adversidades e impurezas da vida.
04 – O que significa a ideia
de o rio "sumir para, subterrâneo, aprender a voltar"?
Essa imagem
sugere a capacidade de resiliência e renovação. Mesmo diante de momentos de
recuo ou desaparecimento aparente (como um rio que se torna subterrâneo), ele
se prepara para retornar e continuar seu propósito, que é "cumprir, no seu
curso, o ofício de amar".
05 – Qual a mensagem final do
poema sobre a identidade e a mudança, refletida na metáfora do rio?
A mensagem final
é que, assim como um rio, devemos ser capazes de "mudar em movimento, mas
sem deixar de ser o mesmo ser que muda". Isso enfatiza a importância de se
adaptar e evoluir com a vida, sem perder a própria essência ou propósito.
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