quinta-feira, 20 de novembro de 2025

CONTO: A MÁQUINA EXTRAVIADA - FRAGMENTO - JOSÉ J. VEIGA - COM GABARITO

 Conto: A Máquina Extraviada – Fragmento

          José J. Veiga

        Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, que está entusiasmando todo o mundo. Desde que ela chegou — não me lembro quando, não sou muito bom em lembrar datas — quase não temos falado em outra coisa; e da maneira que o povo aqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que ninguém tenha brigado ainda por causa dela, a não ser os políticos.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir3w_cHaWZhQbSTVCG1zbc5a9s-S3Wf2Xo-OV6XY_50SkIdpFIR-rs7_OMzPzjUcz846gV5c3GDAp4D00clk1wRniSnB4kNMEwWPoTSwb93_hNVBCQSJBADUZcHsjAm4Nrh9FbYp_5OiKkf7S7GbseC1-s9mzyTpVGv3_ewiRZB1JgaL21QjTVYuNnmXs/s320/202101090902s-a_maquina_extraviada_jose_veiga-0.jpg

        A máquina chegou uma tarde, quando as famílias estavam jantando ou acabando de jantar, e foi descarregada na frente da Prefeitura. Com os gritos dos choferes e seus ajudantes (a máquina veio em dois ou três caminhões) muita gente cancelou a sobremesa ou o café e foi ver que algazarra era aquela. Como geralmente acontece nessas ocasiões, os homens estavam mal-humorados e não quiseram dar explicações, esbarravam propositalmente nos curiosos, pisavam-lhes os pés e não pediam desculpa, jogavam pontas de cordas sujas de graxa por cima deles, quem não quisesse se sujar ou se machucar que saísse do caminho.

        Descarregadas as várias partes da máquina, foram elas cobertas com encerados e os homens entraram num botequim do largo para comer e beber. [...] Atribuímos essa esquiva ao cansaço e à fome deles e deixamos as tentativas de aproximação para o dia seguinte; mas quando os procuramos de manhã cedo na pensão, soubemos que eles tinham montado mais ou menos a máquina durante a noite e viajado de madrugada.

        A máquina ficou ao relento, sem que ninguém soubesse quem a encomendou nem para que servia. E claro que cada qual dava o seu palpite, e cada palpite era tão bom quanto outro.

        [...]

VEIGA, José J. A máquina extraviada. In: BOSI, Alfredo (ORG.). O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1985.

Fonte: Da escola para o mundo. Roberta Hernandes; Ricardo Gonçalves Barreto. Ensino Fundamental – Anos finais. Projetos integradores 8º e 9º anos. Ed. Ática. São Paulo, 1ª edição, 2018. p. 14.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o principal acontecimento relatado pelo narrador ao seu compadre no sertão?

      O principal acontecimento é a chegada de uma máquina imponente na localidade. O narrador enfatiza que a máquina entusiasmou "todo o mundo" e se tornou o assunto dominante, sendo novidade mais importante que ele tem para contar.

02 – Onde a máquina foi descarregada e em que momento do dia ela chegou?

      A máquina chegou em uma tarde, no momento em que as famílias estavam jantando ou acabando de jantar, e foi descarregada na frente da Prefeitura.

03 – Como foi a atitude dos choferes e ajudantes que trouxeram a máquina em relação aos curiosos da cidade?

      Os homens estavam mal-humorados e foram bastante rudes com os curiosos. Eles não quiseram dar explicações, esbarravam propositalmente, pisavam nos pés das pessoas sem pedir desculpa e jogavam cordas sujas de graxa, demonstrando impaciência e descaso.

04 – O que aconteceu com a máquina e com os homens que a trouxeram durante a noite e a madrugada?

      Durante a noite, os homens montaram mais ou menos a máquina (as várias partes que estavam sob encerados). Na madrugada, eles viajaram, deixando a máquina ao relento e sem que ninguém soubesse quem a encomendou ou para que servia.

05 – Qual é o mistério que envolve a máquina no final do fragmento e como a população reagiu a isso?

      O mistério é que a máquina foi deixada ao relento, sem que ninguém soubesse quem a encomendou nem qual era sua finalidade (para que servia). A população reagiu a isso dando palpites, sendo que, segundo o narrador, "cada palpite era tão bom quanto outro."

 

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