MANIFESTO: ANTROPÓFAGO – Fragmento
Oswald de Andrade
Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente.
Economicamente.
Filosoficamente. Única lei do mundo.
Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De
todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
[...]
Contra todos os importadores de
consciência enlatada. A existência palpável da vida. [...]

Queremos a Revolução Caraíba. Maior que
a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do
homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do
homem.
A idade de ouro anunciada pela América.
A idade de ouro. E todas as girls.
[...]
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o
Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando
nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
[...]
Antes dos portugueses descobrirem o
Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. [...]
[...]. A alegria é a prova dos nove.
No matriarcado de Pindorama. [...]
[...]
Contra Anchieta cantando as onze mil
virgens do céu, na terra de Iracema. [...]
A nossa independência ainda não foi
proclamada. [...]
Contra a realidade social, vestida e
opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem
prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.
In: Gilberto Mendonça
Teles. Op. Cit. p. 293, 294, 296, 298, 299 e 300.
Fonte: Português –
Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite;
Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 255.
Entendendo o manifesto:
01
– Qual é a ideia central do Manifesto Antropófago?
A ideia central
do manifesto é a proposta de uma cultura brasileira original e forte, que, em
vez de copiar modelos estrangeiros, os "devora" e transforma, criando
algo novo e genuinamente nacional. Essa "devoração" é a antropofagia,
uma metáfora para a assimilação crítica e criativa de influências externas.
02
– O que significa a frase "Tupi, or not tupi: that is the question"?
Essa frase é uma
paródia da famosa fala de Hamlet ("To be or not to be: that is the
question") e representa a busca por uma identidade brasileira autêntica,
baseada nas raízes indígenas e na cultura local, em vez de seguir modelos
europeus.
03
– Qual é a crítica do manifesto aos "importadores de consciência
enlatada"?
O manifesto
critica a importação acrítica de ideias e modelos culturais estrangeiros, que
sufocam a criatividade e a originalidade brasileiras. Oswald de Andrade defende
a valorização da "existência palpável da vida" brasileira, com suas
particularidades e riquezas.
04
– O que é a "Revolução Caraíba" defendida no manifesto?
A "Revolução
Caraíba" é uma metáfora para a transformação radical da cultura
brasileira, inspirada nas revoltas indígenas e na força da cultura local.
Oswald de Andrade a considera maior que a Revolução Francesa, pois busca a
"unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem".
05
– Qual é a visão do manifesto sobre o passado do Brasil?
O manifesto
idealiza o passado do Brasil, especialmente o período pré-colonial, como uma
época de felicidade e liberdade, antes da chegada dos portugueses e da
imposição da cultura europeia. Oswald de Andrade valoriza a cultura indígena e
o "matriarcado de Pindorama".
06
– Qual é a crítica do manifesto à catequização e à cultura europeia?
O manifesto
critica a catequização e a imposição da cultura europeia, que teriam sufocado a
cultura indígena e a originalidade brasileira. Oswald de Andrade critica
figuras como Anchieta e a idealização da cultura portuguesa nas obras de
Alencar.
07
– Qual é a proposta do manifesto para a independência do Brasil?
O manifesto
defende que a independência do Brasil ainda não foi totalmente alcançada, pois
o país ainda está preso a modelos culturais estrangeiros. Oswald de Andrade
propõe uma "independência antropofágica", que consiste em
"devorar" e transformar as influências externas, criando uma cultura
brasileira autêntica e original.
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