segunda-feira, 8 de julho de 2024

ARTIGO DE OPINIÃO: VOTO É COMO VACINA: TEM QUE SER OBRIGATÓRIO - FRAGMENTO - ANTÔNIO LASSANCE - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Voto é como vacina: tem que ser obrigatório – Fragmento

                                Antônio Lassance 

        A defesa do voto facultativo é muito bonita. Bonita, ingênua, desinformada e irresponsável.

        [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDGg_YtoyohUfOcNoz4aJZpeCzUFiyrwg6ZMG5tdpthlpW06l3GtyRYRFECPr3ZAhyphenhyphenUQRhSHLNNWwa81W4WgZoTFNneVHNu9wo4JIWcyCE09X-Zs4S0xs52RRC0CDNASDflGzIEWzrt2I8T86olLBMbhkeAXB3BF0n1lgEzklo5MZlyNIFcPtES5ZTK4/s320/votar.jpg


        É bom tratar do tema antes que seja tarde demais. Antes que o Brasil resolva entrar nessa canoa furada. Há sempre propostas de emenda constitucional tramitando no Congresso. O voto facultativo pode nos surpreender, um dia, como um presente de grego.

        [...]

        Vota quem quer, pois o voto é um direito, certo? Errado. O voto é um direito, mas, como qualquer outro direito, ele traz consigo obrigações. A educação também é um direito, mas os pais são obrigados a colocar os filhos na escola (Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 55: “Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”).

        A saúde é um direito, mas as famílias têm a obrigação de vacinar seus filhos. As pessoas devem estar vacinadas contra algumas doenças se quiserem visitar alguns estados e outros países. Os direitos são custeados graças à nossa obrigação de pagar impostos – o nome não é à toa.

        [...]

        Do voto deveríamos pensar o mesmo. É um direito e igualmente uma obrigação. O cidadão que quer direitos está assumindo que tem uma relação com o Estado, que é o agente responsável por garantir esses direitos e cobrar as obrigações. O cidadão que tem o direito de reclamar do Estado, a plenos pulmões, é o mesmo que tem a obrigação de dizer ao Estado que rumo ele deve tomar. Para que o Estado represente o que o cidadão quer, o pressuposto é que ele, na condição de eleitor, diga o que quer e o que não quer.

        [...]

        Hoje, o eleitor que não quiser votar tem duas opções: justificar ou pagar a multa. A multa tonou-se irrisória para a maioria dos brasileiros. Vai de 3% a 10% do valor do salário mínimo. Outras penalidades acabam sendo mais relevantes. O título pode ser cancelado e a pessoa fica impedida de fazer concursos públicos, receber empréstimo de instituições financeiras públicas, tirar passaporte e carteira de identidade, entre outras.

        Todos são obrigados a comparecer, mas não a votar, na medida em que há a opção do eleitor anular o voto.

        [...]

        Tanto o voto branco quanto o voto nulo são expressões democráticas da livre manifestação. Deveriam ser opções de voto respeitadas e melhor informadas. O cidadão tem direito de votar em branco, se quiser, e de votar nulo, se preferir. A urna eletrônica admite as duas possibilidades.

        [...]

LASSANCE, Antônio. Voto é como vacina: tem que ser obrigatório. Disponível em: www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Voto-e-como-vacina-tem-que-ser-obrigatorio/29862. Acesso em: 31 jul. 2019.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Por que o autor compara o voto com a vacina?

      O autor compara o voto com a vacina para argumentar que, assim como a vacinação é obrigatória para garantir a saúde pública, o voto deve ser obrigatório para assegurar a saúde democrática do país. Ambos são direitos que trazem consigo obrigações, pois impactam diretamente o bem-estar coletivo.

02 – Quais são os riscos que o autor aponta ao adotar o voto facultativo?

      O autor alerta que o voto facultativo pode ser um "presente de grego" que enfraqueceria a democracia brasileira. Ele teme que a adesão ao voto facultativo possa diminuir a participação política, tornando a representatividade e a legitimidade dos eleitos menos robusta.

03 – Como o autor justifica que o voto deve ser visto como uma obrigação, além de um direito?

      O autor justifica que, assim como outros direitos, como a educação e a saúde, que exigem ações obrigatórias (matricular os filhos na escola e vaciná-los), o voto também deve ser uma obrigação. Ele argumenta que o cidadão que exige direitos deve, em contrapartida, participar ativamente do processo democrático para indicar ao Estado o que deseja.

04 – Quais são as penalidades para quem não vota e não justifica a ausência, segundo o texto?

      As penalidades para quem não vota e não justifica a ausência incluem o pagamento de uma multa irrisória, que varia de 3% a 10% do valor do salário mínimo. Além disso, há consequências mais significativas, como o cancelamento do título de eleitor, impossibilidade de prestar concursos públicos, de receber empréstimos de instituições financeiras públicas, e de tirar passaporte e carteira de identidade.

05 – Como o autor descreve as opções de voto branco e voto nulo?

      O autor descreve o voto branco e o voto nulo como expressões democráticas legítimas da livre manifestação dos eleitores. Ele ressalta que essas opções deveriam ser respeitadas e melhor informadas, destacando que a urna eletrônica admite ambas as possibilidades.

06 – Qual é a posição do autor em relação às propostas de emenda constitucional que visam tornar o voto facultativo?

      O autor é contrário às propostas de emenda constitucional que visam tornar o voto facultativo. Ele alerta para o perigo de o Brasil adotar essa medida, que ele considera uma "canoa furada", capaz de enfraquecer a democracia ao diminuir a participação dos cidadãos no processo eleitoral.

07 – O que o autor sugere sobre a relação entre o cidadão e o Estado no contexto do voto?

      O autor sugere que a relação entre o cidadão e o Estado é baseada em um contrato social, onde o cidadão que quer direitos deve assumir suas obrigações. Para ele, o voto é um meio pelo qual o cidadão comunica ao Estado suas demandas e desejos, e essa participação ativa é essencial para que o Estado represente verdadeiramente a vontade do povo.

 

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