Poema: A
Doce Canção
Cecília
Meireles
Pus-me a cantar minha pena
com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse
felicidade – e não pena.
com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse
felicidade – e não pena.
Anjos de lira dourada
debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura
de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.
debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura
de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.
fiz suspirarem defuntos.
Um arco-íris de alegria
da minha boca se erguia
pondo o sonho e a vida juntos.
O mistério do meu canto,
Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
– todos perdidos de encanto,
só eu morrendo de triste!
Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
– todos perdidos de encanto,
só eu morrendo de triste!
Por assim tão docemente
meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o ausente,
para trazer o Universo
de pólo a pólo contente!
meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o ausente,
para trazer o Universo
de pólo a pólo contente!
MEIRELES, Cecília. “A
doce canção”. In: Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1983. p. 156.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio –
Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 366-7.
Entendendo o poema:
01 – Que características o eu lírico atribui ao seu
canto?
O eu lírico
assinala que utiliza palavras doces e se expressa de maneira serena e com voz
pura.
02 – Por que se pode dizer
que não havia motivo par as outras criaturas sentirem inveja do canto?
Porque, apesar de
belo, o canto expressa uma profunda tristeza.
03 – Qual o temor
manifestado pelo eu lírico na última estrofe?
O temor de que
Deus aumente o seu sofrimento (mal).
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