Crônica: O
grande jogo
-- Olha, o jogo está 17 a 17. Tem que
ir a 19. Mas, se houver outro empate em 18 a 18, teria que ir a 20. Aí, eu acho
que já é demais. Este set já vai pra uma hora meia de duração, os dois times estão muito
equilibrados, e as meninas estão começando a ficar exaustas. Por isso, eu, como
juiz, resolvi fazer uma coisa inédita em vôlei: se o jogo chegar a 18 a 18,
encerro a partida e declaro empate entre os dois times.
Quando ele acabou de falar, a torcida
ficou boquiaberta. Empate em vôlei? Nunca ninguém tinha ouvido falar! No
entanto, aquilo parecia razoável, e quem ia discutir a autoridade do Carlos?
Quem? A treinadora da turma da manhã.
Ao acabar de entender o que ele tinha decidido, veio correndo, e chegando perto
dele exclamou:
-- Mas isso é loucura! Empate em vôlei?
Isso não existe!
D. Araci, balançando a cabeça, comentou
com D. Dulce:
-- Essa aí está querendo ensinar
padre-nosso ao vigário...
Mas a treinadora da manhã insistia:
-- Impossível! Não existe!
Carlos, entre impaciente e irônico,
respondeu:
-- Eu sei que não existe... Já aprendi
isso há alguns anos...
E, levantando a voz, pra que todos
ouvissem:
-- Isso aqui é jogo, não é guerra. Os
dois times estão disputando com uma garra difícil de ver em meninas dessa
idade. Qualquer um deles pode vencer – o que vai ser ao mesmo tempo justo, e
injusto pra outra equipe. O jogo está muito equilibrado. E já está durando
demais. Esporte não é pra matar ninguém. Esporte é pra dar prazer e alegria.
Estas meninas estão se matando, e nós queremos todas elas vivas, pra continuar
a jogar como hoje, com garra, disciplina e valentia.
Uma salva de palmas acolheu suas
palavras, enquanto Carlos dizia baixo para Marco:
-- Além de tudo, esta partida é muito
especial...
O jogo recomeçou. O time da manhã fez
um ponto: 18 a 17. A torcida imóvel, tensa, não dava um pio. Mas logo,
enchendo-se de brio e de vontade, o time da tarde empata: 18X18! O juiz apitou
e fez um gesto com os braços, encerrando a partida.
Greve
na escola. Ivana Versiani.
Fonte: Livro –
Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed.
Moderna, 2005 – p.121-3.
Entendendo a crônica:
01 – As duas equipes estão
disputando um jogo equilibrado. Por que você percebe isso?
Porque o último
set já vai para uma hora e meia de duração e a partida está empatada.
02 – Você conhece as regras
de uma partida de vôlei?
Voleibol. Jogo
entre duas equipes de seis jogadores, separadas por uma rede, em uma quadra
previamente demarcada, cuja objetivo é fazer com que uma bola passe por cima da
rede e toque no chão do lado da quadra onde se encontra a equipe adversária.
03 – Você sabe a função de
cada jogador no time?
Antigamente, no
voleibol, as equipes eram formadas por três levantadores e três cortadores.
Posteriormente, passou-se a jogar com dois levantadores e quatro cortadores.
Com a evolução tática do esporte, os antigos levantadores, hoje, ficaram
reduzidos a apenas um, que é chamado de armador, função importantíssima, já que
responsável pela armação de praticamente todas as jogadas. Os cortadores hoje
são mais designados por sua posição na formação e especialidade, como
meio-de-rede, por exemplo.
04 – Você sabe o que é um “set” numa partida de voleibol? Qual o
número máximo de “sets” num jogo?
Set é cada uma
das partes do jogo e que se encerra quando uma das equipes atinge 25 pontos com
pelo menos dois pontos de diferença da equipe contrária. O número máximo de
sets é cinco.
05 – Quem determina os erros
durante a partida?
Os dois árbitros, o principal e o
auxiliar.
06 – Qual o tempo normal de
duração de um “set”? E de uma partida toda?
Não existe tempo
determinado, nem para os sets nem para a partida.
07 – A decisão do juiz do
texto “O grande jogo” seria inédita? Por quê?
Porque não existe
empate em voleibol.
08 – Por que a treinadora da
turma da manhã resolveu discordar da decisão do juiz? Você conseguiu perceber?
Porque
contrariava as regras.
09 – Comente o ditado
popular citado por Dona Araci naquele momento: “-- Essa aí está querendo ensinar padre-nosso ao vigário...”.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A expressão refere-se ao
ato de ensinar a alguém aquilo que ele já sabe.
10 – Por que o juiz ficou
“entre impaciente e irônico”?
Porque a
treinadora agia como se ele não soubesse o que estava fazendo.
11 – “Esporte não é pra
matar ninguém. Esporte é pra dar prazer e alegria.” Como você define o esporte
em geral? Você concorda com as palavras acima? Justifique, argumentando sua
opinião.
Resposta pessoal
do aluno.
12 – A decisão do juiz foi
justa ou injusta? Como você agiria se estivesse no lugar do juiz?
Resposta pessoal
do aluno.
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