segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: COMO ENSINAR A DOBRADINHA DIREITOS-DEVERES - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Como ensinar a dobradinha direitos-deveres
                                 Rosely Sayão


        Quem convive com crianças ou adolescentes sabe: mais cedo ou mais tarde eles reclamam – e quase sempre com muita eficiência – por aquilo que chamam de seus direitos.
        Explicitamente. "Eu tenho o direito de me divertir", "Eu tenho o direito de escolher meus amigos", "Eu tenho o direito de decidir minha vida" e tantas outras frases desse tipo logo passam a fazer parte da lista de argumentos que eles usam em casa, quando se confrontam com os pais, ou na escola, quando entram em conflito com os professores.
        Por outro lado, pais e professores vivem cobrando dos filhos e alunos o que chamam de obrigações:
"Você tem a obrigação de voltar na hora combinada",
"Você tem a obrigação de arrumar a cama quando levanta",
"Você tem a obrigação de entrar na aula no horário",
"Você tem a obrigação de estudar", por exemplo.
        Uma das conclusões a que a criança e o adolescente chegam seguindo o caminho citado nos exemplos pode ser: o dever atrapalha o direito. O dever de chegar em casa na hora combinada previamente com os pais, por exemplo, atrapalha o direito de se divertir e decidir a própria vida. O dever de fazer a tarefa de casa limita o direito de escolher o que fazer.
        Uma outra conclusão a que eles logo chegam é a de que o direito é interessante buscar e do dever talvez valha mais a pena se esquivar. Nos dois casos, o que está colocado nada mais é do que um puro jogo de interesse individual. E é isso que o processo educativo provoca, ou seja, que os adolescentes e crianças vão construindo uma imagem bastante equivocada tanto da noção de direito e de dever quanto da relação entre elas. Quanto aos pais e professores, que estiveram e/ou estão muitas vezes submetidos a esse modelo, eles estimulam, sem perceber ou querer, a confusão que tanto atrapalha a vida de todo mundo.
        Afinal, como entender – e ensinar – que o conceito de dever e de direito são solidamente associados? Ou seja: que um não existe ou não sobrevive sem o outro? Como relacionar direitos e deveres à vida em grupo, ao respeito ao outro e, assim, superar os interesses absolutamente pessoais que norteiam o início da vida? Como evitar a ideia de que deveres e direitos são forças opostas?
        Talvez o primeiro passo seja ter clareza de que direitos e deveres são condições essenciais para a vida em grupo, para a convivência, e são constituídos, adquiridos. Direitos e deveres são fruto, portanto, da negociação, da relação com os outros e das regras que dela resultam. Essa pode ser a chave para introduzir a noção de direito e dever na relação educativa: ambos têm relação com a socialização – objetivo da educação – e também com o exercício da cidadania.
        Com essa compreensão fica mais fácil ensinar à criança, por exemplo, que o dever de ir à escola restringe a diversão, mas está estreitamente ligado com o direito de uma vida mais digna no futuro. É, ainda tem essa: direito e dever não têm, necessariamente, uma relação garantida de causa e efeito. A relação é muito mais de esperança, de promessa.
        É preciso reconhecer: não é fácil nem simples para pais e professores sustentar tal relação, que parece pouco objetiva e prática para crianças e adolescentes em seus anseios mais comuns. Por isso, como sempre acontece quando falamos de limites, de regras, de educação, enfim, iremos chegar ao mesmo ponto: o exercício da autoridade. É preciso que pais e professores ocupem seu lugar e pensem no futuro dos filhos e alunos quando educam.
        Exercer o papel educativo com autoridade significa introduzir as crianças na vida em sociedade, com todas as contradições e desconfortos que isso supõe. Direitos e deveres impõem, sim, limites à vida de todos, e não só à das crianças e jovens. Mas, em compensação, tornam possível a autonomia e permitem que a convivência entre diferentes seja muito mais pacífica e solidária.

ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e autora de "Sexo É Sexo"
(Ed. Companhia das Letras); e-mail: roselys@uol.com.br 

Entendendo o texto:
01 – A psicóloga Rosely Sayão mostra, em seu texto, que o processo educativo de crianças e adolescentes passa obrigatoriamente pela discussão dos conceitos envolvidos na “dobradinha direitos-deveres”.
a)   A que tipo de público o texto está dirigido?
Pais, professores, crianças e adolescentes.

b)   O que fica subentendido na relação entre direitos e deveres, qualificados no texto como uma “dobradinha”?
Que direitos e deveres caminham juntos.

c)   Que argumento a psicóloga utiliza para desenvolver esse tema em seu texto?
Que a clareza de que direitos e deveres são condições essenciais para a vida em grupo, para a convivência, e são constituídos, adquiridos.

02 – Para exemplificar o seu ponto de vista, a autora afirma que a criança e o adolescente chegam a duas conclusões equivocadas sobre o tema.
a)   O que as crianças e os adolescentes concluem sobre direitos e deveres?
Que o dever atrapalha o direito.

b)   Segundo a autora, que leva crianças e adolescentes a construírem essa ideia equivocada?
O direito é interessante buscar e do dever, talvez valha mais a pena se esquivar.

c)   Você concorda ou discorda do que é afirmado pela autora? Elabore um argumento que justifique sua opinião.
Concordo, pois, pais(adultos) não explicam às crianças e adolescentes o quanto é importante cumprir seus deveres, para sua convivência e seu futuro quando estiverem mais velhos.

03 – No desenvolvimento do texto, a autora apresenta exemplos para comprovar a ideia equivocada que crianças e adolescentes tem a respeito de direitos e deveres.
a)   Que situações exemplificam por que crianças e adolescentes acreditam que “o dever atrapalha o direito”?
“O dever de fazer a tarefa de casa limita o direito de escolher o que fazer.” “O dever de chegar em casa na hora combinada previamente com os pais, por exemplo atrapalha o direito de se divertir e decidir a própria vida.” 

b)   Você já passou por uma situação semelhante, em que tenha cometido o mesmo equívoco? Qual?
Resposta pessoal do aluno.

04 – A autora afirma que os pais e professores, muitas vezes, estimulam, sem perceber ou querer, a confusão entre direitos e deveres.
a)   Como eles poderiam contribuir para que as crianças e os jovens tivessem uma percepção mais correta do que são direitos e deveres?
Mostrando a importância dos direitos e deveres, na vida futura deles.

b)   Cite três deveres ou obrigações que lhe sejam solicitados em casa, na escola ou na comunidade. A seguir, escreva três direitos que possam ser associados a esses deveres.
Fazer tarefa – Divertir.
Estudar – Descansar.
Organizar material – Ver televisão.

05 – De acordo com a afirmação a seguir, certos deveres que temos hoje podem ser a garantia de certos direitos.
“[...] o dever de ir à escola restringe a diversão, mas está estreitamente ligado com o direito de uma vida mais digna no futuro.”
A partir dessa ideia, substitua cada * pelo direito que pode ser decorrente dos deveres citados a seguir.
a)   Você tem o dever de cuidar do que é público para ter o direito * de quando precisar, usar esse mesmo patrimônio público.

b)   Você tem o dever respeitar o jeito de cada um ser para ter o direito * de ser respeitado(a).

06 – Pense sobre as questões abaixo e depois escreva sua opinião sustentando-a com um argumento.
a)   Estudar é um direito ou um dever de toda criança?
É um direito, as nem toda criança pode fazer, porque nem todas podem pagar por escola particular, e nas públicas nem todas tem vagas e condições de estudar. E tem criança que precisam trabalhar para ajudar em casa.

b)   Comportar-se de modo civilizado no trânsito é um direito ou um dever de todo cidadão, seja motorista ou pedestre?
É um dever, para poder ser respeitado.

c)   Defender o meio ambiente é um direito ou um dever do cidadão?
É um dever, que é para salvar nosso planeta, nosso futuro.

d)   Não aceitar comportamentos que revelem discriminação ou preconceito é um direito ou um dever de cada cidadão?
É dever e direito. É um direito não ser discriminado e um dever não discriminar.





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