segunda-feira, 8 de outubro de 2018

POEMA: BOADEIRO - ARMANDO CAVALCANTE E KLECIUS CALDAS - COM GABARITO


Poema: Boiadeiro

De manhãzinha, quando eu sigo pela estrada
Minha boiada pra invernada eu vou levar:
São dez cabeças; é muito pouco, é quase nada
Mas não tem outras mais bonitas no lugar.


Vai boiadeiro, que o dia já vem,
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
De tardezinha, quando eu venho pela estrada,
A fiarada tá todinha a me esperar;
São dez filhinho, é muito pouco, é quase nada,
Mas não tem outros mais bonitos no lugar.
Vai boiadeiro, que a tarde já vem
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
E quando chego na cancela da morada,
Minha Rosinha vem correndo me abraçar.
É pequenina, é miudinha, é quase nada
Mas não tem outra mais bonita no lugar.
Vai boiadeiro, que a noite já vem,
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem!

Armando Cavalcante e Klecius Caldas. Boiadeiro. In: Beth Cançado.
Aquarela brasileira, vol. I. Brasília: Editora Corte Ltda., 1994. p. 59.

Entendendo o poema:
01 – A toada Boiadeiro, de Armando Cavalcante e Klecius Caldas, notabilizada pela interpretação de Luiz Gonzaga em 1950, tem sua letra elaborada em versos de doze e de dez sílabas métricas. Observe com atenção os seguintes versos na letra da toada:
I. Vai boiadeiro, que o dia já vem,
II. A fiarada tá todinha a me esperar;
III. Vai boiadeiro, que a tarde já vem
IV. É pequenina, é miudinha, é quase nada
        Dos versos indicados, os que apresentam dez sílabas métricas são apenas:
(A) I e II.  
(B) I e III.  
(C) II e III.  
(D) I, II e III.  
(E) II, III e IV.

02 – Embora em muitas versões da letra de Boiadeiro apareça escrita no terceiro verso a palavra cabeças, no plural, no canto essa palavra deve ser entoada no singular. Isso se deve à necessidade de:
(A) eliminar o ruído sibilante do s, que é pouco musical.
(B) informar que se trata de poucos bois.
(C) deixar claro que, quando se trata de “gado”, cabeça só se usa no singular.
(D) manter a sequência do verso com doze sílabas.
(E) fazer a concordância com pouco e nada.

03 – Um dos melhores recursos expressivos empregados na letra de Boiadeiro é o processo de repetição da mesma estrutura sintática com a mudança de apenas um vocábulo, que faz progredir o sentido, tal como se verifica, por exemplo, entre os versos 5, 11 e 17. Tal recurso é conhecido como:
(A) paralelismo.  
(B) metáfora.  
(C) comparação.  
(D) pleonasmo.  
(E) metonímia.

04 – São dez cabeças; é muito pouco, é quase nada – São dez filhinho, é muito pouco, é quase nada – É pequenina, é miudinha, é quase nada.
        O efeito de anticlímax observável nos três versos é explicável pela:
(A) divisão de cada um dos versos indicados em três sequências sintáticas simétricas.
(B) repetição da forma verbal “é” por três vezes nos versos mencionados.
(C) acentuação regular na quarta, oitava e décima segunda sílabas nos versos.
(D) atenuação gradativa do sentido que se verifica do início ao fim de cada um dos versos apontados.
(E) referência a poucos objetos ou entidades nos três versos.

05 – Mas não tem outras mais bonitas no lugar.
        O emprego da forma verbal tem em vez de há no verso mencionado se deve:
(A) à necessidade de substituir um monossílabo tônico por um átono.
(B) à exigência métrica de uma sílaba a mais.
(C) à intenção de reforçar o sentido de “existir” nos versos.
(D) à obediência ao disposto pela norma-padrão.
(E) ao objetivo dos compositores de representar a fala regional, popular.




Nenhum comentário:

Postar um comentário