terça-feira, 23 de outubro de 2018

CRÔNICA: O DIA EM QUE MEU PRIMO QUEBROU A CABEÇA DO MEU PAI - RUTH ROCHA - COM GABARITO

CRÔNICA: O dia em que meu primo quebrou a cabeça do meu pai
                Ruth Rocha

      Vocês precisavam conhecer meu primo, puxa vida!
        Que chato que ele é!
        Ele é tão certinho, mas tão certinho, que eu tenho sempre vontade de chutar a canela dele...
        E nem isso eu posso, que ele é maior do que eu e é faixa marrom de caratê.
        E joga futebol...
        Ele é goleiro, e tem luva de goleiro e camisa de goleiro e uma joelheira de verdade que o Juju falou que é cotoveleira de gente grande e que criança usa de joelheira.
        E na escola? Primeiro da classe perde. Ele sabe tudo! Só tira 10. Nunca vai pra fora de classe, nunca tem anotação na caderneta.
        E quando ele vai na minha casa, puxa vida!
        Meu pai fica dizendo “Olha a caderneta do Armandinho. Só tem 10...”
        E a minha mãe fala “Olha como o Armandinho se comporta direitinho e cumprimenta todo mundo, não é como você que entra que nem furacão, sem falar com ninguém...”
        E as canetas do Armandinho não estouram e não sujam a mão dele toda de tinta, os cadernos dele não enrolam nos cantos que nem os meus e os lápis de cor dele gastam todos iguaizinhos, não ficam que nem os meus que logo acaba o vermelho e o azul.
        É por isso que eu não posso nem ouvir falar de Armandinho... e é por isso que quando aconteceu o que eu vou contar eu fiquei bem me divertindo...
        Nesse dia o Armandinho já tinha enchido as minhas medidas. Vocês não vão acreditar, mas o Armandinho trouxe flores pra minha vó. Pode?
        E ele veio com uma roupa que eu acho que a minha mãe e a dele compraram no mesmo dia e que era um horror e que eu disse pra minha mãe que eu não ia vestir nem que fosse amarrado.
        E minha mãe e minha vó só faltaram babar quando viram o Armandinho com aquela roupa de palhaço.
        E na hora do almoço tinha fígado e o engraçadinho gostava de fígado!
        E ele tinha ganho um prêmio na escola e tocou piano pra minha mãe ver e tinha entrado na aula de natação.
        Quando ele começou a contar que ia à Disneylândia nas férias e que ele tinha ganho um aparelho de videocassete eu até levantei da mesa e disse que ia vomitar.
        E fui pro meu quarto e me tranquei lá em cima e fingi que não ouvia quando minha mãe me chamou.
        Mas depois de um tempo eu comecei a ouvir um berreiro, minha mãe falava sem parar e fui descendo a escada devagar e eu ouvi minha avó dizer pra minha mãe:
        -- Foi o Armandinho... ele quebrou a cabeça do Pacheco...
        Eu podia perceber que a minha vó estava muito sem jeito. Pudera! Pacheco era meu pai. Se o Armandinho tinha quebrado a cabeça do meu pai...
        Eu não sabia ao que fazer e eu só ouvia o Armandinho chorando feito um bezerro desmamado.
        Aí eu fiquei preocupado, que eu nem sabia que o meu pai estava em casa e eu não ouvia a voz dele...
        “Será que meu pai morreu?” eu pensei, e fiquei aflitíssimo com essa ideia.
        E aí eu cheguei na sala e estava aquela zona!
        O Armandinho chorando, no colo da minha vó.
        Minha mãe abaixada junto ao piano catando uma coisa que eu não sabia o que era.
        E eu já entrei gritando:
        -- Cadê meu pai? Meu pai morreu?
        Minha mãe ficou muito assustada e correu pra mim:
        -- Seu pai morreu? Que é que você está dizendo?
        E eu então percebi o que tinha acontecido e comecei a rir que não parava mais.
        Cheguei a sentar no chão de tanto rir. 
        É que o Armandinho tinha quebrado a cabeça do meu pai, sim. Mas não era a cabeça dele mesmo. Era a cabeça de gesso que tinha em cima do piano e que era de um tal de Beethoven...
                                                                                   Ruth Rocha
Entendendo o texto:
01 – O narrador participa dessa história? comprove com trecho do texto?
      Sim. É narrador-personagem. “E nem isso eu posso, que ele é maior do que eu e é faixa marrom de caratê.”

02 – O texto é composto de quantos parágrafos?
      Possui 35 parágrafos.

03 – O que o menino quis dizer com: ““E nem isso eu posso, que ele é maior do que eu e é faixa marrom de caratê.”?
      É que ele é menor e tem medo de apanhar do primo.

04 – O primo de Armandinho é organizado com o seu material escolar? Que parte do texto justifica a sua resposta?
      Não. “E as canetas do Armandinho não estouram e não sujam a mão dele toda de tinta, os cadernos dele não enrolam nos cantos que nem os meus e os lápis de cor dele gastam todos iguaizinhos, não ficam que nem os meus que logo acaba o vermelho e o azul.”

05 – Explique as expressões grifadas:
a)   “Nesse dia, o Armandinho já tinha enchido as minhas medidas.”
Já tinha provocado ele muito, já estava irritado.

b)   “E minha mãe e a minha avó só faltavam babar quando viram o Armandinho com aquela roupa de palhaço.”
Elas acharam linda a roupa no Armandinho.

c)   “Eu podia perceber que minha avó ouvia o Armandinho chorando feito um bezerro desmamado”.
Ele chorava sem parar.

06 – Na sua opinião, qual é o sentimento que o menino tem pelo seu primo Armandinho? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Inveja, porque não consegue ser igual, e todos só elogia o primo.

07 – De acordo com o texto, quais as características do Armandinho e de seu primo? Escreva abaixo comparando os dois personagens:
·        Armandinho: Educado – organizado – dedicado – sentimental.
·        Menino: Bagunceiro – desorganizado – encrenqueiro – debochado.

08 – Separe as sílabas das palavras abaixo:
Enrolado = en-ro-la-do.
Enrugado = en-ru-ga-do.
Marrom = mar-rom.
Goleiro = go-lei-ro.
Criança = cri-na-ça.
Caderneta = ca-der-ne-ta.

09 – Procure no dicionário o significado de:
Joelheira = peça para proteger o joelho.

Cumprimentar = dirigir cumprimento, saudar.

Caderneta = pequeno caderno ou livrinho de registros ou apontamentos, agenda.

10 – Retire do texto 10 substantivos comuns:
      Primo – futebol – luva – camisa – mãe – escola – criança – casa – canetas – tinta.

a)   Coloque-os em ordem alfabética:
Camisa – caneta – casa – criança – escola – futebol – luva – mãe – primo – tinta.

b)   O que você deve olhar para colocar palavras em ordem alfabética?
Seguir o alfabeto – colocando em sequência as palavras parecidas e depois observar as duas primeiras sílabas.

11 – Retire do 3° parágrafo:
03 palavras trissílabas: certinho – vontade – canela.

03 palavras dissílabas: tenho – sempre – dele.

03 verbos: é -  tenho – chutar.

12 – As palavras podem ser oxítonas, paroxítonas ou proparoxítonas. Retire do texto:
a)   05 palavras oxítonas e circule a sílaba tônica de cada uma delas.
Cara – futebol – ninguém – azul – furação.

b)   05 palavras paroxítonas e circule a sílaba tônica de cada uma delas.
pis – luva – camisa – goleiro – casa.





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