domingo, 4 de março de 2018

TEXTO: EXCURSÃO - GANYMÉDES JOSÉ - COM GABARITO

Texto: EXCURSÃO
          Ganymédes José


    O sol apontou atrás dos eucaliptos.
    Os quatro marchavam em silêncio: Toninho na frente. Atrás, com vestido vermelho e tranças em pé, a Neide. Depois, Ovídio, gordo, baixo e suando feio. Por fim, a Cláudia, de olhos azuis.
 O capim estava molhado pelo sereno. Fim de agosto. Lá pelas bandas do cemitério, o bambual erguia uma fortaleza verde. Vermelha e amarela, o sol rabiscava os contornos dos morros azulados. De repente, um João-de-barro voou gritando. A Cláudia deu um pulo, e os quatro caíram na risada.
        --- Ontem, quando cheguei da escola, tinha gente em casa – disse a Neide.
        --- Sabem quem era? A mulher do doutor Alexandre. Ela pediu pra eu tomar conta do nenê dela. É verdade que em casa de doutor a gente come morango todo dia?
        --- Sei lá! Quando eu crescer, vou ser doutor – respondeu Ovídio.
        --- Doutor de quê?
        --- Doutor médico. Que outro doutor podia ser?
        O campo estava pura flor, porque era agosto; e a Cláudia tinha colhido um maço de margaridas amarelas. Enquanto isso, a Neide subia em um arbusto e, como uma macaca, ficava se balançando nos galhos. Como gostava de contar mentiras! Uma delas tinha sido a vez em que havia dado nó no rabo de duas cobras-cegas só para ver a confusão das coitadas.
        Ovídio só sabia reclamar do calor e dos mosquitinhos; afinal, já estava arrependido de haver topado aquela excursão na manhã de domingo... sair de casa sem avisar os pais! Ah, quando voltasse, seria aquele barulhão! afinal, Ovídio não era dono nem de ir à esquina, sem pedir licença à mãe.
        Apesar de tudo, a manhã estava sendo diferente. Eles visitaram a lagoa do Olivares, passaram pelo campo do Peres, onde cresciam os derradeiros pés de quiabo, e desceram pelo córrego das capivaras.
        O sol já queimava. O cheiro da terra, quente e puro. As cores focalizavam-se melhor. E foi bem na baixada, bem no meio – plantada como guarda-chuva aberto – que a árvore despontou de repente. Era alta, imponente como rainha.
        Neide arregalou os olhos.
        --- Gente, olha o ipê!
        Os quatro estacaram. Era um espetáculo de emudecer, tanta beleza!
        De repente, como se despertando para a vida, a Neide saiu correndo e foi dar um abraço na árvore.
        Aí, todo mundo imitou.
        O chão era tapete de flor caída, onde as abelhas voavam. A Cláudia fez um colar. Ovídio resmungava e o Toninho não desgrudava os olhos da copa, tão fechada que parecia novelo de lã. Vez em quando, o vento de agosto soprava, e uma chuva de flores caía em cima deles. Havia paz. Paz que não existia na cidade, onde os homens corriam, os carros corriam, o tempo corria...

                  Ganymédes José. Quando florescem os Ipês. 15ª edição.
                                Págs. 6-7. Editora Brasiliense, São Paulo, 1984.

Entendendo o texto:
01 – As personagens que participam da excursão eram:
      (   ) Adultos                           (X) Adolescentes.

02 – Copie passagens do texto que dão ideia do tempo em que ocorreu o fato:
      O sol apontou atrás dos eucaliptos. Aquela excursão na manhã de domingo. Apesar de tudo, a manhã estava sendo diferente.

03 – Os jovens excursionaram:
      (   ) Pela mata virgem, longe da cidade.
      (X)  Pelo campo, nos arredores da cidade.
      (   ) Pelos morros próximos de suas moradias.

04 – Identifique as personagens pelas suas ações:
     a)   Subia nos arbustos e se balançava.
      NEIDE.
b)   Resmungava, queixando-se do calor e dos mosquitinhos.
      OVÍDIO.
c)   Não se cansava de contemplar o lindo ipê florido.
      TONINHO.
d)   Colhia margaridas amarelas.
      CLÁUDIA.

05 – Por que Ovídio estava preocupado?
      Porque saiu de casa sem avisar os pais.

06 – “Ah, quando voltasse, seria aquele barulhão”. O que é que o autor quis dizer com essa frase?
      Quis dizer que Ovídio, quando voltasse, seria severamente repreendido pela mãe.

07 – Já no final do passeio, que espetáculo deixou os quatro maravilhados?
      Um ipê todo florido, belo e imponente, no meio da planície.

08 – Com que gesto eles demonstraram sua admiração e seu amor pela árvore florida?
      Demonstraram sua admiração e seu amor pela árvore abraçando-a.

09 – O ambiente onde se erguia o ipê era o oposto do ambiente urbano. Por quê?
      Porque a cidade havia barulho e agitação, ao passo que ali reinavam o silêncio e a paz.

10 – O texto poderia ter outro título. Dos três seguintes, qual o mais adequado?
      (  ) O ipê.
      (  ) Viagem de recreio.
      (X) Passeio campestre.



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