POEMA:
– DIGO SIM
FERREIRA GULLAR
Poderia
dizer
Que a
vida é bela, e muito,
E que a
revolução caminha com os pés de flor
Nos
campos de meu país,
Com pés
de borracha
Nas
grandes cidades brasileiras
E que meu coração
É um sol
de esperanças entre pulmões
E
nuvens.
É uma
festa só na voz
De Clara
Nunes
No rodar
Das
cabrochas no carnaval
Da
avenida.
Mas não. O poeta mente.
A vida
nós a amassamos em sangue
E samba
Enquanto
gira inteira a noite
Sobre a
pátria desigual. A vida
Nós a
fazemos nossa
Alegre e
triste, cantando
Em meio à fome
E dizendo sim
- em meio
à violência e a solidão dizendo
Sim –
Pelo
espanto da beleza
Pela flama de
Tereza
Pelo meu filho perdido
Neste
vasto continente
Por Vianinha ferido
Pelo nosso irmão caído
Pelo amor
e o que ele nega
Pelo que
dá e que cega
Pelo que virá enfim,
Não digo que a vida é bela
Tampouco me nego a ela:
- digo sim.
Ferreira
Gullar. Na vertigem do dia.
Rio
de Janeiro: José Olímpio, 2004.
Entendendo
o poema:
01 – Nas
três estrofes do poema, podemos encontrar muitas pistas de como o eu poético
percebe a vida. Releia atentamente cada uma e responda o que se pede sobre
elas.
a) Na primeira estrofe, o eu poético
fala sobre como a vida é ou como poderia ser? Justifique sua resposta.
Ele fala de como a vida poderia sem em
seu país. Podemos perceber isso pelo uso da locução verbal “poderia dizer”.
b) Na segunda estrofe:
--- Qual
a visão apresentada sobre o povo brasileiro?
A visão de que o povo vive em festa.
--- O eu
poético concorda com essa visão? Que frases do texto confirmam a sua resposta?
Transcreva-as.
O
eu poético não concorda com essa visão. No final da estrofe, o eu poético diz
que isso não é verdade, usando as expressões “Mas não” e “O poeta mente”.
c) Na terceira estrofe:
--- O eu
poético faz afirmações sobre o seu país. Como esse país é caracterizado?
É uma pátria desigual, alegre e triste,
que tem fome, violência e solidão, mas também beleza.
---
Escolha cinco adjetivos que representam a visão de mundo do eu poético sobre o
seu país e sua gente.
Desigual, alegre, triste, perdido,
ferido, bela.
d) Releia os seguintes versos do
poema:
Não digo que a vida é bela
Tampouco me nego a ela:
--- Digo sim
Qual é a
possível compreensão sobre esses versos, considerando o poema como um todo?
O eu poético afirma que a vida não é
bela, mas que também não se nega a vive-la.
e) De acordo com os versos
acima, deduza para o que o eu poético diz sim?
O eu poético diz sim à vida.
f) É
só o eu poético que diz sim? Comprove sua resposta.
NÃO. O povo também diz sim nos versos:
“[...] A vida / nós a fazemos nossa / alegre e triste, cantando / em meio à
fome / e dizendo sim”.
02 – Que
outro título você daria ao poema?
Resposta pessoal.
03 – Após
a discussão oral, em dupla, elabore em seu caderno um parágrafo-síntese, isto
é, um texto breve organizado em um parágrafo. Esse parágrafo deve apresentar,
desenvolver e concluir uma ideia específica sobre a visão do eu poético a respeito
da vida. Em seguida, leia o texto produzido para a classe.
Resposta
pessoal.
04 –
Podemos dizer que há ideias divergentes no poema? Comente.
SIM. Nas duas primeiras estrofes, há a ideia de um país diferente da ideia
apresentada na última estrofe.
Obrigado
ResponderExcluirQuero ver um relato falando sobre o poema digo sim mais sem ser o poema mesmo
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