POEMA: MORTE E VIDA SEVERINA(FRAGMENTO) – ENEM (2011)
João Cabral de Melo Neto
TEXTO I
O meu nome é Severino,
Não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
Que é santo de romaria,
Deram então de me chamar
Severino de Maria;
Como há muitos Severinos
Com mães chamadas Maria,
Fiquei sendo o da Maria
Do finado Zacarias,
Mas isso ainda diz pouco:
Há muitos na freguesia,
Por causa de um coronel
Que se chamou Zacarias
E que foi o mais antigo
Senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
Ora a Vossas Senhorias?
MELO NETO, João Cabral. Obra completa. Rio
de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
TEXTO II
João Cabral,
que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino,
que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A auto apresentação
da personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto
mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre
partilhados por outros homens.
SECCHIN, Antônio Carlos. João Cabral: a poesia do menos.
Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.
Com base no
trecho de Morte e vida Severina (texto I) e na análise crítica (texto II),
observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele
faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela
pergunta “Como então dizer quem fala/ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à
pergunta expressa no poema é dada por meio da:
a) Descrição minuciosa dos traços
biológicos da personagem narrador.
b) Construção da figura do retirante
nordestino como um homem resignado com a sua condição.
c)
Representação, na figura da personagem narrador, de outros Severinos
que compartilham sua condição.
d) Apresentação da personagem narrador
como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial.
e) Descrição de Severino, que, apesar de
humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.
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