sábado, 4 de março de 2017

EDITORIAL: A CARREIRA DO CRIME - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

         
 EDITORIAL:   A CARREIRA DO CRIME

     Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado.
     O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia completado o ensino fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00 mensais. Para uma base de comparação, convém notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasileira com mais de 10 anos que declara ter uma atividade remunerada ganha no máximo o piso salarial oferecido peto crime. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00 mensais; já na população brasileira essa taxa não ultrapassa 6%. Tais rendimentos mostram que as políticas sociais compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), são por si só incapazes de impedir que o narcotráfico continue aliciando crianças provenientes de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os filhos estudando, o que de modo algum impossibilita a opção pela delinquência. No mesmo sentido, os programas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado (circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) são importantes, mas não resolvem o problema.
     A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes provam isso: eles são elevados precisamente porque a possibilidade de ser preso não é desprezível. É preciso que o Executivo federal e os estaduais desmontem as  organizações paralelas erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime.
                                                       (Editorial. Folha de São Paulo, 15 jan. 2003.)

I – No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no tráfico não terão chance de sucesso enquanto a remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais compensatória que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta:
a)     Instituições que divulgam o crescimento de jovens no crime organizado.
b)    Sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida pelo crime organizado.
c)     Políticas sociais que impedem o aliciamento de crianças no crime organizado.
d)    Pesquisadores que se preocupam com os jovens envolvidos no crime organizado.
e)     Números que comparam os valores pagos entre os programas de governo e o crime organizado.

RESOLUÇÃO: Os principais dados que o texto apresenta a respeito do problema tratado são os valores muito díspares dos salários pagos aos traficantes e da ajuda concedida por programas sociais do governo. Resposta: E

II – Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para:
a)     Uma denúncia de quadrilhas que se organizam em torno do narcotráfico.
b)     A constatação de que o narcotráfico restringe-se aos centros urbanos.
c)     A informação de que as políticas sociais compensatórias eliminarão a atividade criminosa a longo prazo.
d)    O convencimento do leitor e que para haver a superação do problema do narcotráfico é preciso aumentar a ação policial.
e)     Uma exposição numérica realizada com o fim de mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e sem riscos.

RESOLUÇÃO: O parágrafo final deixa claro o objetivo do texto: levar à convicção de que a repressão policial é “a única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico”. Resposta: D


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