quarta-feira, 18 de setembro de 2024

POEMA: A RIBEIRINHA - PAIO SOARES DE TAVEIRÓS - COM GABARITO

 Poema: A Ribeirinha

             Paio Soares de Taveirós            

No mundo ninguém se assemelha a mim
Enquanto a vida continuar como vai,
Porque morro por vós e - ai! -
Minha senhora alva e de pele rosadas,
Quereis que vos retrate
Quando eu vos vi sem manto.
Maldito seja o dia em que me levantei
E então não vos vi feia!

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixNe3DlBpZfxJFp7ztAEEjvKfjWbXjHNsrcC2Ov4lkPmJARPQaZzdAQ-EOOu5iYZIMmcww-v-VQQJBPn9J0vXLhCSn4MSOrAU_WzpLKoERRp4Zly9qCUnSiPfi7mOsbGmRJ6YHXQVTPq2Ybc2QChRjjDCC5m4mJDdidmrVScuB1vhr4kPB1gV0aLEPe-E/s320/RIBEIRINHA.png



E minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me ocorreu muito mal!
E a vós, filha de Dom Paio
Moniz, parece-vos bem
Que me presenteeis com uma guarvaia,
Pois eu, minha senhora, como presente,
Nunca de vós recebera algo,
Mesmo que de ínfimo valor.

Paio Soares de Taveirós.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 1 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 164.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal inovação da Cantiga da Ribeirinha em relação às demais cantigas de amor?

      A principal inovação da Cantiga da Ribeirinha reside na quebra de alguns dos padrões do amor cortês. Ao descrever a amada sem o manto, o trovador expõe um momento de intimidade que foge à idealização característica do gênero. Além disso, a solicitação de um presente, a guarvaia, materializa o desejo amoroso, aproximando a cantiga de uma realidade mais cotidiana.

02 – Qual o significado da guarvaia solicitada pelo trovador à dama?

      A guarvaia, um pequeno presente, simboliza o reconhecimento do amor do trovador pela dama. Ao solicitar este presente, ele busca uma prova concreta de que seus sentimentos são correspondidos, mesmo que de forma sutil. A guarvaia representa, portanto, um desejo de reciprocidade e um passo além da idealização amorosa.

03 – Como a figura da dama é retratada na cantiga?

      A dama é retratada como uma figura de grande beleza, "alva e de pele rosadas". No entanto, a descrição da dama sem o manto revela uma mulher real, com imperfeições e vulnerabilidades. Essa representação mais humana da amada contrasta com a idealização comum nas cantigas de amor.

04 – Que emoções são expressas pelo trovador na cantiga?

      O trovador expressa uma gama de emoções, desde o amor intenso e a paixão até a frustração e o desejo de reconhecimento. Ele demonstra um sofrimento profundo pela ausência da amada e pela falta de reciprocidade de seus sentimentos. Ao mesmo tempo, a cantiga revela um tom mais coloquial e direto, aproximando o leitor da experiência pessoal do trovador.

05 – Qual a importância da Cantiga da Ribeirinha para a literatura portuguesa?

      A Cantiga da Ribeirinha é considerada uma das mais importantes cantigas de amor da lírica trovadoresca portuguesa. Ela representa uma transição entre o amor cortês idealizado e uma expressão mais realista e individual do sentimento amoroso. Além disso, a cantiga demonstra a capacidade dos trovadores em inovar e adaptar os códigos literários às suas próprias experiências e à realidade social da época.

 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

FÁBULA: OS DOIS AMIGUINHOS - ESOPO - COM GABARITO

 Fábula: Os dois amiguinhos 

        Uma vez uma garça adotou um filhote de tigre órfão e criou o bebê junto com seu próprio filho. Os dois viraram grandes amigos, e todo dia faziam a maior bagunça, sem jamais brigar. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDLwfXMFx9NDbfQKg3EYJXP0mB165Y1N3hcO4uLcR7Id1sR04SWjCuKf7m3c4wUYGDXta4TvogroXG0vIGEZrqp_NbAbHKqIJSsZ4rNNYDmW7a_g4SEIWUgfRfkNlw2ng_Lh9ELxSDFcNnpZPjTl2DvkimMfGCwVMrsGz2h693T82bp1hM-8c58Xo-_Bo/s1600/AMIGO.jpg


Na realidade, eram as crianças mais boazinhas do mundo. Um dia apareceu outra garça que era uma encrenqueira; essa garça tratou muito mal o bebê garça. O bebê garça pediu socorro, e o tigre veio correndo: num instante engoliu a encrenqueira. Só ficou um ossinho e um punhado de penas para contar a história. O tigre, que tinha sido criado num regime vegetariano, achou aquela comida diferente uma maravilha. Lambendo os bigodes, piscou o olho e disse:

        – Eu te adoro, minha pequena garça!

        E zás, lá se foi sua companheira de brincadeiras servir de sobremesa para o piquenique improvisado.

        Moral: Nada elimina o que a natureza determina.

Fábulas de Esopo. Compilação de Russel Ash e Bernard Higton. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1994. p. 44.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 17.

Entendendo a fábula:

01 – Qual é o enredo principal da fábula "Os dois amiguinhos"?

      A fábula conta a história de uma garça que adota um filhote de tigre órfão, que se torna grande amigo do filho da garça. Apesar de serem inseparáveis, a natureza do tigre prevalece quando ele, instintivamente, come tanto uma garça encrenqueira quanto seu próprio amigo.

02 – Por que o tigre engoliu a garça encrenqueira?

      O tigre, criado de forma vegetariana, correu para socorrer seu amigo e, seguindo seus instintos, devorou a garça encrenqueira sem perceber que estava matando outro ser.

03 – O que acontece após o tigre comer a garça encrenqueira?

      O tigre, depois de provar carne pela primeira vez, se encanta com o sabor e, instintivamente, come também seu amigo garça, apesar de terem sido companheiros de brincadeiras por muito tempo.

04 – Qual é a moral da fábula?

      A moral da fábula é que "Nada elimina o que a natureza determina", ressaltando que, mesmo criado de maneira diferente, o tigre não pode fugir de seus instintos naturais de predador.

05 – O que a relação entre o tigre e a garça nos ensina sobre amizade e instintos?

      A fábula ensina que, apesar da amizade entre espécies diferentes, os instintos naturais podem prevalecer sobre os vínculos criados, mostrando os limites da adaptação e da convivência.

 

ARTIGO: MAS AFINAL, O QUE É EMPREENDEDORISMO? (FRAGMENTO) -JEFFERSON REIS BUENO - COM GABARITO

 Artigo: Mas afinal, o que é empreendedorismo? – Fragmento

Publicado em 27 de novembro de 2019. Por Jefferson Reis Bueno

        Houve um tempo em que a palavra "empreendedorismo" não fazia parte oficial da língua portuguesa. No entanto, há empreendedores por aí há séculos, contribuindo com mudanças importantes na humanidade. Hoje, o termo é cada vez mais utilizado para definir pessoas capazes de identificar problemas, oportunidades e encontrar soluções inovadoras.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLj8Iyej5lGbHAgUEXyQ0kB8haG2YvZnROfJsoI0ZA_SlbZTT1QHWpUPRoceOjV0A6SZ6Cnh9p6CNTj4UWYJD8GjzpIxD9Ujg7ukg2k6uAd0MtfoVUryFWXouJ9SA3Vl9HEHF7LlxkT7VSVC-yPP0AAQmQsbGwWfYCpgezJzRcnS281Y6LJzf8IyF3UOI/s320/empreendedorismode-impacto-scaled.jpeg

        Isso não significa que um empreendedor seja, necessariamente, um empresário e vice-versa. Neste artigo, você vai finalmente entender o que é empreendedorismo e descobrir algumas qualidades comuns aos empreendedores de sucesso.

        O que é empreendedorismo?

        Empreendedorismo é a capacidade que uma pessoa tem de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas.

        [...]

        A introdução de um novo bem, a criação de um método de produção ou comercialização e até a abertura de novos mercados, são algumas atividades comuns do empreendedorismo. [...]

        O Brasil apresenta grande potencial para o empreendedorismo. De acordo com A Global Entrepreneurship Monitor (GEM), a Taxa de Empreendedorismo Total no Brasil é de 38% (2018). São 52 milhões de brasileiros se dedicando ao próprio negócio. [...]

        O que é ser empreendedor?

        Agora que você já sabe o que é empreendedorismo, precisa saber o que significa ser um verdadeiro empreendedor. Alguns entendem como empreendedor quem começa algo novo, que enxerga oportunidades que ninguém viu até o momento. Em outras palavras, é aquela pessoa que faz, sai da zona de conforto e da área de sonhos e parte para a ação.

        Portanto, um empreendedor é um realizador que coloca em prática novas ideias, por meio de criatividade. Isso muitas vezes significa mudar tudo o que já existe. Já viu aquelas pessoas que conseguem transformar crises em oportunidades e que influenciam os outros com suas ideias? Provavelmente são bons empreendedores.

        [...] Dados do Relatório de Empreendedorismo no Brasil de 2018, mostram que houve um aumento no número de pessoas que empreendem por oportunidade.

        De acordo com o levantamento, 61,8% dos empreendedores abriram o próprio negócio porque identificaram uma oportunidade. O saldo é o maior desde 2014, quando atingiu a marca de 70,6%. Enquanto isso, a necessidade tem influenciado cada vez menos a decisão de empreender. O índice caiu para 37,5% em 2018. A menor taxa desde 2014.

        A pesquisa também mostra que houve um crescimento no número de jovens empreendedores. De 2017 para 2018, a participação de pessoas de 18 a 24 anos subiu de 18,9% para 22,2%. [...]

        Características de um empreendedor

        Ninguém nasce empreendedor. É o contato social e estudos que favorecem o desenvolvimento de talentos e características na personalidade que podem ser fortalecidos ao longo da vida. Todos os contatos e referências influenciam diretamente no nível de empreendedorismo de uma pessoa, já que um empreendedor é um ser social. Abaixo, elencamos algumas peculiaridades encontradas nos diversos perfis de empreendedores:

        Otimismo: [...]. O otimista sempre espera o melhor e acredita que tudo vai dar certo no final, mas faz de tudo para chegar aos seus objetivos. [...]

        Autoconfiança: acreditar em si mesmo é fundamental para valorizar seus próprios talentos e defender suas opiniões. [...]

        Coragem: sem temer fracasso e rejeição, um empreendedor faz tudo o que for necessário para ser bem-sucedido. Essa característica não impede que seja cauteloso e precavido contra o risco, mas o faz entender a possibilidade de falhar.

        Persistência e resiliência: motivado, convicto e entusiasmado, um bom empreendedor pode resistir a todos os obstáculos, até que as coisas finalmente entrem nos eixos. [...]

        Quem reúne essas características já está em vantagem quando o assunto é empreendedorismo, mas isso não é suficiente. Para ter sucesso como empreendedor, em alguma atividade é fundamental ter um bom projeto, investir no planejamento e no plano de negócios.

        [...]

BUENO, Jefferson Reis. Mas afinal, o que é empreendedorismo? Blog do Sebrae Santa Catarina, 27 nov. 2019. Disponível em: https://blog.sebrae-sc.com.br/o-que-e-empreendedorismo/. Acesso em: 23 ago. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 309-310.

Entendendo o artigo:

01 – O que é empreendedorismo segundo o artigo?

      Empreendedorismo é a capacidade de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções inovadoras e investir recursos para criar algo positivo para a sociedade. Isso pode incluir negócios, projetos ou movimentos que gerem mudanças reais no cotidiano das pessoas.

02 – Empreendedorismo está restrito ao mundo dos negócios?

      Não. Embora muitos empreendedores sejam empresários, empreendedorismo não está restrito ao mundo dos negócios. Ele envolve a inovação em várias áreas, como introdução de novos produtos, métodos de produção, ou até abertura de novos mercados.

03 – Qual é o papel do Brasil no empreendedorismo global, segundo o artigo?

      O Brasil tem grande potencial para o empreendedorismo, com uma Taxa de Empreendedorismo Total de 38% em 2018, o que representa cerca de 52 milhões de brasileiros dedicados ao próprio negócio.

04 – O que significa ser um empreendedor?

      Ser empreendedor é ser uma pessoa que transforma ideias em realidade, saindo da zona de conforto para buscar oportunidades que outros não viram. Os empreendedores são criativos, inovadores e muitas vezes transformam crises em oportunidades.

05 – Qual é a principal razão que leva os brasileiros a empreender, segundo o Relatório de Empreendedorismo de 2018?

      A maioria dos brasileiros (61,8%) empreende por oportunidade, ou seja, porque enxergaram uma chance de negócio, e não por necessidade, uma tendência que tem aumentado desde 2014.

06 – Como o número de jovens empreendedores evoluiu de 2017 para 2018?

      Houve um aumento no número de jovens empreendedores no Brasil. A participação de pessoas entre 18 e 24 anos passou de 18,9% em 2017 para 22,2% em 2018.

07 – Quais são algumas características fundamentais de um bom empreendedor?

      Um bom empreendedor é otimista, autoconfiante, corajoso, persistente e resiliente. Essas qualidades são essenciais para enfrentar desafios e criar soluções inovadoras, embora também seja necessário planejamento e um bom plano de negócios para alcançar o sucesso.

 

 

CONTO: SENHORA HOLLE - IRMÃOS GRIMM & PERRAUT - COM GABARITO

 Conto: SENHORA HOLLE

         Uma senhora tinha duas filhas, sendo uma bonita e aplicada e outra, feia e preguiçosa, que era sua filha legítima, e, por isso, a outra era obrigada a realizar todo o trabalho doméstico e ser a Gata Borralheira da casa. Diariamente a pobrezinha tinha de ir fiar, sentada junto a um poço na rua, e tanto fiava que lhe machucava os dedos a ponto de sangrar. Aconteceu uma vez que o fuso ficou todo ensanguentado e para lava-lo, a menina inclinou-se no poço, momento em que ele saltou de sua mão e caiu. Em prantos, ela correu para contar `madrasta o infortúnio, mas a viúva ficou tão furiosa que lhe disse, sem misericórdia:

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkMmkhiJkBkz6-YOKBD6RMBfJfE97VSH252Fh9rCYq_Tje41X7n3WPWhd9YhxZdIYsx_ptsV4tu2wi8Anx7mMB_WtzMw8ngQ8zerPbJJVC59JZwGbEao4LicnZ7l611oieW5JQSFvhdZ40C2Ou4O3S3bYWktlgObfVFRghxBhdjE6ZSq8I2J7laYWztiI/s1600/GATA.jpg

        -- Se deixou o fuso cair lá embaixo, vá pegá-lo de volta.

        Então a menina retornou ao poço, sem saber o que fazer. Na angústia, atirou-se dentro dele, a fim de trazer o fuso para cima. Acabou perdendo os sentidos e, ao voltar a si, encontrou-se num belíssimo campo de ensolarado, no qual havia milhares de flores. Após sair daquele prado, ela chegou a um forno onde um monte de pães esperneava, dizendo:

        -- Ah, tire-nos daqui, senão vamos queimar! Já estamos no ponto faz tempo!

        Foi quando ela se aproximou e, com a pá, tirou os pães um a um. Continuando a caminhar, ela chegou próximo a uma árvore carregada de maçãs, que lhe pediu:

        -- Ah, sacuda-me, sacuda-me, que as maçãs já estão todas maduras!

        Então ela balançou a árvore para que as maçãs caíssem como chuva, sacudindo até que mais nenhuma ficasse dependurada lá em cima. Após reuni-las num montinho, prosseguiu andando. Finalmente chegou a uma casinha, de onde uma velha senhora a olhava: a menina ficou tão assustada com os enormes dentes que a velha senhora tinha, que ameaçou fugir. Mas a outra a chamou de volta:

        -- Do que você está com medo, linda criança? Fique aqui comigo. Se fizer o trabalho doméstico direitinho, tudo correrá bem. Você só deve prestar atenção ao arrumar minha cama, pois tem de sacudi-la bem para que as penas voem e cais neve no mundo*. Sou a Senhora Holle.

        Essas palavras tranquilizaram tanto a menina que ela ficou animada, concordando com o solicitado e pondo mãos à obra. Ela providenciava tudo de modo a satisfazer a senhora e sempre sacudia violentamente sua cama, em torno da qual as penas esvoaçavam como flocos de neve. Em troca, ela tinha uma vida muito agradável, sem broncas e comendo todo dia do bom e do melhor. Mas depois de algum tempo morando com a Senhora Holle, começou a ficar triste, ela mesma no início não sabendo bem o que é que lhe faltava; logo percebeu que o que sentia era saudades de casa. Apesar de agora estar vivendo ali mil vezes melhor o que lá, desejava voltar assim mesmo. Finalmente ela disse:

        -- Senhora Holle, a senhora tem sido muito boa para mim, mas a minha tristeza é tão grande que não posso mais permanecer aqui embaixo. Preciso retornar para junto dos meus. 

        -- Agrada-me saber que deseja voltar para casa. E por você ter me servido tão fielmente, vou eu mesma levá-la de volta para cima.

        Ela deu-lhe a mão e a conduziu até um portão enorme. Assim que o portão se abriu e a menina o atravessou, caiu um espessa chuva de ouro que ficou todo preso nela, cobrindo-a inteirinha.

        -- Isso é para você por ter sido tão aplicada. – disse a Senhora Holle, dando-lhe de volta o fuso que havia caído dentro do poço.

        Depois o portão fechou-se e a menina se achou do lado de cima do mundo, aliás não muito longe da casa de sua mãe.

        E, ao chegar ao quintal, o galo sentado sobre o poço cantou:

        -- Cocorocó, chegou a donzela dourada, olhem só!

        Assim que entrou por estar toda coberta de ouro, ela foi muitíssimo bem recebida por sua mãe e irmã.

        A menina relatou tudo o que lhe ocorrera e, ao ouvir como havia alcançado tanta riqueza, a mãe quis que também a outra filha, a feia e preguiçosa, tivesse a mesma sorte. Ela teve de se sentar junto ao posso e fiar. E para que seu fuso se ensanguentasse, picou com ele todos os dedos e enfiou a mão num espinheiro. Depois jogou o fuso no poço e se atirou dentro dele. Como a outra, chegou também a um belo prado e seguiu pelo mesmo caminho. Ao chegar ao forno, estavam os pães novamente a espernear:

        -- Ah, tire-nos daqui, tire-nos daqui, senão vamos queimar! Já estamos no ponto faz tempo!

        Mas a preguiçosa respondeu:

        -- Até parece que vou me sujar toda por causa de vocês!

        E foi embora, logo se deparando com a macieira, que gritava:

        -- Ah, sacuda-me, que as maçãs já estão todas maduras!

        Mas ela respondeu:

        -- Você deve estar brincando! E se me cair um na cabeça?

        E continuou andando. Como já havia escutado a respeito dos dentões da velha senhora, ela não se assustou ao chegar à casa de Senhora Holle, e logo se dispôs ao trabalho. No primeiro dia ele se esforçou bastante, aplicou-se e seguiu todas as orientações, pois só pensava naquele monte de ouro com que mais tarde seria presenteada. Mas no segundo dia já começou a ficar preguiçosa, no terceiro dia mais ainda, tanto que nem queria se levantar de manhã. Nem mesmo a cama de Senhora Holle ela arrumava como devia ser, e nem a sacudia de modo que as penas esvoaçassem. A velha senhora logo desanimou e cancelou os serviços. A preguiçosa ficou então contente, achando que receberia enfim a chuva e ouro. a Senhora Holle conduziu-a até o portão, mas, ao atravessá-lo, em vez de ouro, despejou-se um caldeirão de piche sobre a menina. 

        -- Esta é a recompensa pelos meus serviços – disse a Senhora Holle, e trancou o portão.

As melhores história dos Irmãos Grimm & Perraut. São Paulo: Nova Alexandria, 2004. p 11-16. Coleção Volta e Meia.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 12-14.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Espesso: grosso, denso.

·        Fiar: trançar fios, confeccionar com fios.

·  Fuso: pequeno instrumento de madeira, arredondado, grosso no centro e pontiagudo nas extremidades, usado para fiar.

·        Prado: campina.

02 – Qual é a diferença entre as duas filhas da história?

      A mãe tinha duas filhas: uma bonita e aplicada, que fazia todo o trabalho doméstico, e outra feia e preguiçosa, que era sua filha legítima e não tinha responsabilidades.

03 – Por que a menina aplicada se jogou no poço?

      A menina aplicada se jogou no poço para recuperar o fuso que havia caído lá dentro após ela o manchar de sangue enquanto fiava.

04 – O que a menina encontrou quando acordou no mundo de Senhora Holle?

      Ela encontrou um lindo campo ensolarado com flores. Depois, passou por um forno cheio de pães prontos e por uma macieira carregada de maçãs maduras, ambos pedindo ajuda.

05 – O que a Senhora Holle pediu que a menina fizesse?

      A Senhora Holle pediu que a menina arrumasse sua cama e sacudisse bem as penas, para que caísse neve no mundo.

06 – Qual foi a recompensa da menina aplicada por seu trabalho com a Senhora Holle?

      A menina recebeu uma chuva de ouro que a cobriu por completo como recompensa por ser trabalhadora e fiel em seus serviços.

07 – O que aconteceu com a irmã preguiçosa quando ela tentou seguir os passos da outra?

      A irmã preguiçosa não ajudou os pães no forno nem a macieira, e foi desleixada com o trabalho na casa da Senhora Holle. Como resultado, em vez de ouro, recebeu uma chuva de piche.

08 – Qual é a lição principal do conto?

      A história ensina que aqueles que são trabalhadores e prestativos serão recompensados, enquanto a preguiça e a negligência levam a consequências negativas.

 

 

CONTO: ERA UMA VEZ... FRAGMENTO - GABRIELA ROMEU - COM GABARITO

 Conto: Era uma vez... – Fragmento

           Gabriela Romeu

        Ao cair da noite, enquanto o sono não vem, um ser chamado Homem da Areia aparece no quarto de meninos e meninas para contar histórias de lugares repletos de criaturas estranhas, princesas caprichosas, palácios construídos com pedras raras e objetos que falam.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe5QKi-wgCBp8V23DM99vVRT3-2k77052HK8iZ0aBFEnMwO8VoHf7NDrstEZ7NlZQXxhyMPq4W6wB6u_RhJK9o5Rf0zVj0hEK4jjAcolzwzmh0Fk7MNe_s5SAhPHP4-_2aCYl_H7_766reQwZ0XPlXQrOOMfSBy8S172VE6Ct8kG-n1g6j8_AZtykzyFI/s320/andersen.jpg


        Esse é o reino imaginário de Hans Christian Andersen (1805-1875), escritor dinamarquês que completa 200 anos de nascimento neste ano. Andersen criou contos infantis que ficaram conhecidos em todo o mundo, por muitas gerações de crianças, como "O Patinho Feio", "A Pequena Sereia", "Polegarzinha" e "O Soldadinho de Chumbo". Não faltam reis no país dos contos de Andersen, mas é bem provável que esse reino seja comandado pelo Homem da Areia, um personagem que conhece mais histórias do que qualquer outra pessoa desse lugar encantado.

        [...]

        Os contos mostram uma infância difícil, as desigualdades entre nobres e pobres, a busca pela identidade, a importância da fé e da religião. E, se você procurar bem, há sempre um riso escondido na obra desse autor, que também escreveu romances, poemas e óperas.

Gabriela Romeu. Folha de São Paulo, 19/3/2005. Folhinha. Licenciado por Folhapress.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 21.

Entendendo o conto:

01 – Quem é o Homem da Areia mencionado no fragmento?

      O Homem da Areia é um ser que aparece no quarto de meninos e meninas ao cair da noite para contar histórias cheias de criaturas estranhas, princesas caprichosas, palácios e objetos que falam. Ele é retratado como um personagem que conhece mais histórias do que qualquer outro no reino imaginário de Hans Christian Andersen.

02 – Qual é a relação entre o Homem da Areia e Hans Christian Andersen?

      O Homem da Areia habita o reino imaginário criado por Hans Christian Andersen, um famoso escritor dinamarquês. Ele simboliza a figura que narra as histórias que Andersen criou, como "O Patinho Feio" e "A Pequena Sereia", contos conhecidos mundialmente.

03 – O que os contos de Hans Christian Andersen revelam sobre a vida?

      Os contos de Andersen refletem uma infância difícil, as desigualdades entre nobres e pobres, a busca pela identidade, além de destacarem a importância da fé e da religião. Suas histórias, apesar de terem uma atmosfera mágica, abordam questões humanas profundas.

04 – Quais são algumas das obras mais conhecidas de Hans Christian Andersen mencionadas no fragmento?

      Algumas das obras mais conhecidas de Hans Christian Andersen mencionadas no fragmento são "O Patinho Feio", "A Pequena Sereia", "Polegarzinha" e "O Soldadinho de Chumbo".

05 – Como o humor está presente nas histórias de Andersen, segundo o fragmento?

      O humor nas histórias de Hans Christian Andersen está presente de maneira sutil, como um riso escondido que pode ser encontrado ao longo de sua obra, equilibrando o tom muitas vezes melancólico e reflexivo de seus contos.

 

POEMA: SOU EU MESMO - SÉRGIO CAPPARELLI - COM GABARITO

 Poema: SOU EU MESMO

             Sérgio Capparelli

Eu só queria ser eu mesmo
E assim, querendo,
Ai de mim!

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpp_Ed10VFCQXUxVbZ5TK6NuPqQC4U7S2DvbbHV5Bbh9FH_Jz8kWpiRinsvKWYwH0nLHeQ16DQ-lmaZPoNvTyXvBEuePlZZG0JcQdEEShqrDTDTGjP2zSXFsAsHq0xBJdzJDhh0P5Vh07TN2RxgpUgC2xdZvnaP6hYRl9cF6FdkAj7ebnvsA70jF4BmgE/s1600/CRIAN%C3%87A.png



Você tem
Os olhos da vovó.
Você tem 
A boca da titia.
Você tem
Os cabelos da mamãe.
Você tem 
As mãos de tio Antônio.
Você tem 
O nariz do papai.
Você tem...

Pára, pára, pára, 
Quero ser eu mesmo: 
E não o Frankenstein!

CAPPARELLI, Sérgio. 111 poemas para crianças; Porto Alegre: L&PM, 2003. p. 75.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 137.

Entendendo o poema:

01 – O que o eu lírico deseja ser?

      O eu lírico deseja ser ele mesmo.

02 – Quais partes do corpo o eu lírico menciona que as outras pessoas associam a familiares?

      Ele menciona os olhos da avó, a boca da tia, os cabelos da mãe, as mãos do tio Antônio e o nariz do pai.

03 – Como o eu lírico reage às comparações com os familiares?

      Ele fica frustrado e pede para que parem, dizendo que quer ser ele mesmo.

04 – Que metáfora o eu lírico usa para expressar a sensação de ser composto pelas características dos outros?

      Ele compara essa sensação ao monstro Frankenstein, sugerindo que se sente "montado" com pedaços de outras pessoas.

05 – Qual é o principal conflito do eu lírico no poema?

      O principal conflito é a luta pela própria identidade, diante das constantes comparações com seus familiares, que fazem com que ele se sinta como uma criação de partes alheias.

 

CONTO POPULAR: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM E NINGUÉM - AUTOR DESCONHECIDO - COM GABARITO

 Conto popular: Todo mundo, alguém, qualquer um e ninguém

        Esta é uma história de quatro pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.

        Havia um trabalho importante a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de que ALGUÉM o faria.

        QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx2KTq7qieUYjUyKQ79_rOK7pNetSzd9DHSk73M4JMXOO-Dlq679X72sLkbrFNX9wQRiBCWsMOA_vJSes4eM_h1HrFNiWBqJP9KBmZViRnkvwlz3TvPzQRWGejb76ea9lR3fB9cpAPUkuUwxKlC_5I0A7vWDYDNT1GCTiT3qWir1zsUIWhnWDji4sbTAI/s320/todo-mundo-qualquer-um-ninguem-alguem.jpg


        ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.

        TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.

        Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.

Autor desconhecido.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 203.

Entendendo o conto popular:

01 – Qual é a principal mensagem do conto?

      A principal mensagem do conto é que a falta de responsabilidade individual pode levar ao fracasso coletivo. Quando cada um pensa que o outro irá realizar uma tarefa, ninguém a faz, e o trabalho acaba não sendo concluído. A história demonstra como a falta de iniciativa e a atribuição de responsabilidades a outros podem gerar problemas.

02 – Como os personagens representam diferentes atitudes diante do trabalho?

      Todo mundo: Representa a ideia de que a tarefa é responsabilidade de todos, mas sem que ninguém se sinta individualmente responsável.

      Alguém: Sugere que existe uma pessoa específica que deveria realizar a tarefa, mas sem definir quem é essa pessoa.

      Qualquer um: Indica que qualquer pessoa poderia realizar a tarefa, mas ninguém se voluntaria.

      Ninguém: Representa a ausência de ação, a falta de responsabilidade e o fracasso final.

03 – Qual a importância da responsabilidade individual dentro de um grupo?

      A responsabilidade individual é fundamental para o sucesso de um grupo. Quando cada membro assume sua parte, o trabalho é realizado de forma mais eficiente e eficaz. A falta de responsabilidade individual pode gerar conflitos, desmotivação e, consequentemente, o fracasso do grupo.

04 – Em quais situações do dia a dia podemos identificar a dinâmica presente no conto?

      A dinâmica presente no conto pode ser observada em diversas situações do dia a dia, como em trabalhos em equipe, tarefas domésticas, projetos escolares e até mesmo em questões sociais mais amplas. Por exemplo, quando um grupo de amigos não consegue decidir onde ir para se divertir, cada um espera que o outro sugira um lugar, e no final, ninguém toma a iniciativa.

05 – Como podemos aplicar o aprendizado desse conto em nossas vidas?

      Para aplicar o aprendizado desse conto em nossas vidas, é importante:

·        Assumir a responsabilidade pelas nossas ações: Cada um deve ser proativo e contribuir para o bem comum.

·        Comunicar claramente as expectativas: É fundamental que todos saibam qual é a sua parte no trabalho e quais são os objetivos do grupo.

·        Colaborar com os outros: O trabalho em equipe é essencial para alcançar resultados positivos.

·        Celebrar os sucessos: Reconhecer e valorizar as contribuições de cada membro do grupo é fundamental para manter a motivação.

 

 

TEXTO: OS MENINOS MORENOS - FRAGMENTO - ZIRALDO - COM GABARITO

 Texto: Os meninos morenos – Fragmento

           Ziraldo

        (...)

        Uma das recordações mais felizes da minha infância é da sinfonia dos melros nas palmeiras. A gente chegava muito cedo para a primeira aula do Grupo Escolar que ficava na praça que era cercada de altas palmeiras.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEtyYFJ5MWBWw6wiL5o_RKTIHG5W8r8Caf69EE3YUU3bAkRORGUEa0XtDixZarnyAejX_TJHef-6SUgSj5bBM61PqdNs6IV1sIprqHLaWtQQT_2ultaLTJeNq4FJRucnzOvy6riWc7ZyxXChAY9FRFz34hIdS3TdeqwDLHKFsw4oGIV7fKyFKEAjzSY-0/s320/SABIA.jpg

        Pois é: minha terra tinha palmeiras onde, em vez de sabiá, cantava o melro. E, como a gente chegava muito cedo para a aula, os melros ainda estavam cantando a sua canção matinal. Era como se estivessem saudando os meninos morenos, que também chegavam em bando para a escola.

        Jarinho chegava pra brincar com a gente e vinha com o melro no ombro. Se a brincadeira era contar história, brincar de gata-parida, berlinda, mamãe eu posso ir ou qualquer outra que não implicasse correr, o melro ficava ali, no ombro do Jarinho. Se, porém, a gente tinha que correr, se a brincadeira era de pique, de pular-carniça, soltar papagaio, jogar precipício, cobra-caninana, esconde-esconde ou mãos ao ar – que, em outras cidades, se chamava bandido e mocinho –, o Jarinho botava o melro no galho de uma árvore ou no umbral de uma janela e dizia: “Fica aí, que eu já volto”. E o melro ficava esperando seu dono voltar da brincadeira. A professora pedia ao Jarinho pra não levar o melro para tumultuar as aulas.

        O Jarinho ficava muito triste de deixar seu amigo em casa.

        Era agosto, mês das queimadas e das ventanias. Às vezes, a caminho da escola, na manhã ainda fria, a gente não enxergava um palmo diante do nariz, vivendo como se estivesse dentro de um fog londrino. Era a névoa seca das queimadas. Os olhos ficavam vermelhos e voltávamos da escola com a poeira das cinzas assentadinha nas dobras da camisa branca do uniforme. Quando não ventava muito, a gente podia ver um raminho de samambaia cinzenta vindo voando em nossa direção, levemente, como uma pena de ave flutuando no espaço. O raminho de samambaia tocava nossa roupa e se desfazia em cinzas. Eram as matas do rio Doce sendo dizimadas pelas queimadas dos derrubadores. Foi num mês de agosto, no dia seguinte de uma grande ventania, que o Jarinho não apareceu na escola.

        Na semana que se seguiu àquele dia, não só o Jarinho, mas todos os meninos da rua não fizeram outra coisa senão procurar o melro do Jarinho.

        Ele o havia deixado num galho de árvore para fazer uma coisa qualquer (que era melhor fazer sem seu amigo). Foi quando começou o furacão. Foi de repente, eu me lembro.

        Nunca havia ventado tanto na minha cidade. As pessoas se agarravam aos postes para não serem arrastadas, telhas voaram pelos ares, casebres ficaram sem teto, folhas das palmeiras imperiais da praça se desprenderam, voando a grandes alturas, ameaçadoras.

        Todos os meninos da rua só faltaram morrer de tristeza, o Jarinho ficou de cama e não me lembro mais de voltar a vê-lo imitar seus passarinhos. Minha mãe, que era uma sábia, tentou explicar para os meninos da rua que era bom a gente prestar bastante atenção nas coisas boas, enquanto elas duram.

        Muitos e muitos anos depois – agora, recentemente – reencontrei o Jarinho. Era um senhor gordinho com os cabelos – muito poucos – completamente brancos e os olhos pequenos mais sumidos do que nunca. [...] Perguntei-lhe se ele se lembrava, com a mesma intensidade que eu, dos velhos tempos da rua de nossa infância. E falei do melro no seu ombro e ele me disse: "Não me esqueço nunca. Ainda hoje, tantos anos depois, acordo no meio da noite e, dentro do meu quarto, escuto o meu melro cantando direitinho como se estivesse ali”. Que bom! Jarinho acredita que existe fantasma de passarinho.

Ziraldo. Os meninos morenos – Com versos de Humberto Akabal. São Paulo: Melhoramentos, 2004. p. 45-8.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 132-133.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Derrubador: aquele que derruba as árvores antes de pôr fogo na mata.

·        Dizimado: diminuído, desfalcado, destruído.

·        Fog: nevoeiro espesso característico da cidade de Londres, Inglaterra.

·        Melro: pássaro de plumagem negra, bico amarelo e canto melodioso.

·        Sabiá: pássaro de um colorido simples, cinzento, às vezes avermelhado.

·        Umbral: limiar, entrada.

02 – Qual é uma das recordações mais felizes da infância do narrador?

      A recordação mais feliz é a sinfonia dos melros nas palmeiras próximas à escola, que cantavam pela manhã enquanto ele e seus amigos chegavam para a aula.

03 – O que o melro representava para Jarinho?

      O melro era um companheiro inseparável de Jarinho, que o levava para brincar com os amigos, mas o deixava em um galho ou janela durante brincadeiras que envolviam correr.

04 – Por que a professora pedia para Jarinho não levar o melro para a escola?

      A professora pedia para Jarinho não levar o melro porque ele poderia tumultuar as aulas.

05 – Como as queimadas e ventanias de agosto afetavam o caminho dos meninos para a escola?

      As queimadas e ventanias causavam uma névoa densa que dificultava a visão e deixava cinzas nas roupas dos meninos, sujando especialmente os uniformes brancos.

06 – O que aconteceu com o melro de Jarinho durante a grande ventania?

      O melro desapareceu durante uma grande ventania. Jarinho o havia deixado em um galho de árvore, e a forte tempestade o levou.

07 – Qual foi a reação de Jarinho ao desaparecimento de seu melro?

      Jarinho ficou muito triste, chegou a ficar de cama e, depois disso, não imitou mais os passarinhos como fazia antes.

08 – O que a mãe do narrador tentou ensinar aos meninos sobre o desaparecimento do melro?

      A mãe do narrador tentou ensinar que é importante prestar atenção nas coisas boas enquanto elas duram, pois podem não estar sempre presentes.

09 – Como o narrador descreve o reencontro com Jarinho anos depois?

      O narrador descreve Jarinho como um senhor gordinho, de cabelos brancos e poucos, com olhos pequenos e fundos.

10 – O que Jarinho disse ao narrador sobre o melro quando se reencontraram?

      Jarinho contou que, mesmo após tantos anos, ainda acorda no meio da noite e ouve o melro cantando, como se estivesse no seu quarto.

11 – O que o narrador pensa sobre a crença de Jarinho em "fantasmas de passarinhos"?

      O narrador acha bom que Jarinho acredite em "fantasmas de passarinhos", revelando que ele ainda mantém uma forte ligação com a lembrança de seu melro.