segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

SONETO: SETE SONETOS SIMÉTRICOS II - PAULO HENRIQUES BRITTO - COM GABARITO

 Soneto: SETE SONETOS SIMÉTRICOS II

             Paulo Henriques Britto

Tão limitado, estar aqui e agora,
dentro de si, sem poder ir embora,

dentro de um espaço mínimo que mal
se consegue explorar, esse minúsculo
império sem território, Macau

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcRgti-FxAdbhra7oqn85wYjPTvdAULCHy9DWCyGTlRM-fHjliTkPYPKMNoo5Kv9WGw4lENG91acnK9Dv-5EhqxVqMukxQkwFgpo_25gpPa9HXQ8uyrYWFvWvqZNEMqQIBveq7RyMQEdUdgRvaxQAtm4A8-LzdAyMSwaqYGBXnmRfLxcF3w8BE7SRJv4s/s320/Macau-Las-Vegas-of-Asia.jpg



sempre à mercê do latejar de um músculo.
Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar
por falta de opção (a outra é o asco).
Que além das suas bordas há um mar

infenso a toda nau exploratória,
imune mesmo ao mais ousado Vasco.
Porque nenhum descobridor na história

(e algum tentou?) jamais se desprendeu
do cais úmido e ínfimo do eu.

https://www.escritas.com.br.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "SETE SONETOS SIMÉTRICOS II" de Paulo Henriques Britto?

      O tema central do soneto é a limitação da experiência humana, focando na impossibilidade de transcender o espaço físico e psicológico individual. O "eu" é apresentado como um espaço limitado, um "minúsculo império sem território", do qual não se pode escapar.

02 – Que metáforas o autor utiliza para descrever a condição humana no soneto?

      O autor utiliza diversas metáforas para descrever a condição humana, como a comparação do "eu" com um "espaço mínimo" difícil de explorar, um "império sem território", e a cidade de Macau, que apesar de ser um lugar físico, é usada para representar a sensação de confinamento. Além disso, a metáfora do mar "infenso a toda nau exploratória" representa a vastidão do desconhecido e a impossibilidade de escapar da ilha metafórica que é o "eu".

03 – Qual é o tom geral do soneto?

      O tom geral do soneto é de melancolia e frustração. O autor expressa a angústia de estar preso dentro de si mesmo, sem poder explorar o mundo exterior ou transcender suas próprias limitações. A repetição da palavra "dentro" no início do soneto enfatiza essa sensação de confinamento.

04 – O que significa a expressão "Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar / por falta de opção (a outra é o asco)"?

      Essa expressão reflete a dicotomia entre o amor e o ódio, e como, na condição humana apresentada no soneto, o amor ao "eu" limitado surge não como uma escolha livre, mas como uma imposição. Amar a si mesmo torna-se a única opção viável, já que a alternativa, o "asco", é ainda mais repulsiva.

05 – Qual é a importância da referência a Vasco da Gama no soneto?

      A referência a Vasco da Gama, famoso explorador português, serve para contrastar a ousadia dos grandes navegantes com a impossibilidade de o "eu" explorar a si mesmo. Mesmo os maiores exploradores, sugere o poeta, não conseguiram escapar do "cais úmido e ínfimo do eu". Essa comparação reforça a ideia de que a maior de todas as explorações, a do "eu", é também a mais difícil e, talvez, a mais frustrante.

 

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