Soneto: SETE SONETOS SIMÉTRICOS II
Paulo Henriques Britto
Tão limitado, estar aqui e
agora,
dentro de si, sem poder ir embora,
dentro de um espaço mínimo que mal
se consegue explorar, esse minúsculo
império sem território, Macau

sempre à mercê do latejar de um músculo.
Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar
por falta de opção (a outra é o asco).
Que além das suas bordas há um mar
infenso a toda nau exploratória,
imune mesmo ao mais ousado Vasco.
Porque nenhum descobridor na história
(e algum tentou?) jamais se desprendeu
do cais úmido e ínfimo do eu.
Entendendo o soneto:
01
– Qual é o tema central do soneto "SETE SONETOS SIMÉTRICOS II" de
Paulo Henriques Britto?
O tema central do
soneto é a limitação da experiência humana, focando na impossibilidade de
transcender o espaço físico e psicológico individual. O "eu" é
apresentado como um espaço limitado, um "minúsculo império sem
território", do qual não se pode escapar.
02
– Que metáforas o autor utiliza para descrever a condição humana no soneto?
O autor utiliza
diversas metáforas para descrever a condição humana, como a comparação do
"eu" com um "espaço mínimo" difícil de explorar, um
"império sem território", e a cidade de Macau, que apesar de ser um
lugar físico, é usada para representar a sensação de confinamento. Além disso,
a metáfora do mar "infenso a toda nau exploratória" representa a
vastidão do desconhecido e a impossibilidade de escapar da ilha metafórica que
é o "eu".
03
– Qual é o tom geral do soneto?
O tom geral do
soneto é de melancolia e frustração. O autor expressa a angústia de estar preso
dentro de si mesmo, sem poder explorar o mundo exterior ou transcender suas
próprias limitações. A repetição da palavra "dentro" no início do
soneto enfatiza essa sensação de confinamento.
04
– O que significa a expressão "Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar / por
falta de opção (a outra é o asco)"?
Essa expressão reflete a
dicotomia entre o amor e o ódio, e como, na condição humana apresentada no
soneto, o amor ao "eu" limitado surge não como uma escolha livre, mas
como uma imposição. Amar a si mesmo torna-se a única opção viável, já que a alternativa,
o "asco", é ainda mais repulsiva.
05
– Qual é a importância da referência a Vasco da Gama no soneto?
A referência a
Vasco da Gama, famoso explorador português, serve para contrastar a ousadia dos
grandes navegantes com a impossibilidade de o "eu" explorar a si
mesmo. Mesmo os maiores exploradores, sugere o poeta, não conseguiram escapar
do "cais úmido e ínfimo do eu". Essa comparação reforça a ideia de
que a maior de todas as explorações, a do "eu", é também a mais
difícil e, talvez, a mais frustrante.
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