Poema: Flechas contra o muro
Cassiano Ricardo
Pra se poder viver
compra-se o mundo em que
se vive.
Como quem compra um objeto
secreto, mas visível.
Compram-se os seus problemas
sem solução.
Quem nasce no mundo, hoje,
compra, sem o querer,
uma pomba.
Com um alfinete feérico
na cabeça.
Uma pomba extremamente vizinha
de bomba.
Uma e outra têm asas.
Uma e outra são limpas.
Ambas são irmãs pelo som.
Um simples equívoco
de fonemas ou de telefonemas
entre os dois hemisférios
uma troca de b por p
e o mundo explodirá
em nossa mão
(p) bomba.
Cassiano Ricardo.
Entendendo o poema:
01
– Qual a principal metáfora utilizada por Cassiano Ricardo para representar a
vida moderna?
A principal
metáfora utilizada é a compra do mundo. A vida é comparada a um objeto
adquirido, com seus problemas e contradições já embutidos. Essa metáfora revela
uma visão crítica sobre a alienação e a passividade do indivíduo diante das imposições
da sociedade de consumo.
02
– Qual o significado da "pomba" e da "bomba" no poema?
A pomba e a bomba
representam as duas faces da realidade moderna. A pomba simboliza a paz, a
esperança e a inocência, enquanto a bomba representa a violência, a destruição
e o medo. A proximidade entre os dois elementos destaca a fragilidade da paz e
a constante ameaça da guerra.
03
– O que significa o "alfinete feérico" na cabeça da pomba?
O alfinete
feérico é um símbolo da fragilidade da paz. Ele representa um pequeno detalhe,
quase imperceptível, que pode desencadear uma grande catástrofe. Essa imagem
sublinha a ideia de que a guerra pode surgir a partir de pequenas desavenças ou
mal-entendidos.
04
– Qual a importância do jogo fonético entre "b" e "p" no
poema?
O jogo fonético
entre "b" e "p" é fundamental para a construção do sentido
do poema. A troca de uma letra por outra pode levar à confusão e à destruição.
Essa pequena alteração sonora simboliza a fragilidade da comunicação e a
facilidade com que os conflitos podem surgir a partir de mal-entendidos.
05
– Qual a mensagem principal do poema?
A mensagem
principal do poema é um alerta sobre os perigos da sociedade moderna. Cassiano
Ricardo critica a alienação, a violência e a fragilidade da paz. O poema nos
convida a refletir sobre nossas escolhas e a buscar uma forma de viver mais
consciente e humanitária.
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