Reportagem: Saúde mental dos adolescentes precisa de atenção no isolamento: como cuidar – Fragmento
O confinamento social tem se mostrado
um dos meios de impedir a propagação do novo coronavírus. Porém, ficar em casa
impôs uma nova forma de viver e se relacionar, e o prolongamento e a incerteza
do fim do isolamento podem gerar ansiedade, angústia, tristeza e estresse. Tais
danos psicológicos devem ser monitorados e controlados, sobretudo em
adolescentes, que tiveram de se afastar compulsoriamente de sua rede
socioafetiva: amigos, colegas de escola, pessoa amada e familiares. [...]
"O ser humano é social. O contato
é estruturante na vida psíquica e, principalmente, do adolescente, que se expõe
a experiências sociais com mais intensidade, seja em relação à família ou
amigos. Uma mudança drástica pode ser fator de risco à saúde mental do jovem",
afirma Elson Asevedo, psiquiatra e pesquisador do Departamento de Psiquiatria
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). [...]
Alterações de comportamento intensas em
demasia podem ser uma indicação de desenvolvimento de pensamentos de risco, sendo
o suicídio o desfecho mais trágico. Um estudo publicado no Brazilian Journal of
Psychiatry constatou que, de 2006 a 2015, a taxa de casos de adolescentes que
tiraram a vida aumentou 13%, em seis cidades brasileiras analisadas pelos
pesquisadores. [...]
Relações afetivas
[...]
"A rotina traz segurança. Os
vínculos com a escola, o trabalho, a família e a internet estão sendo
ressignificados. São naturais a ansiedade e o estranhamento, mas também uma
oportunidade de se reaproximar e redescobrir as relações", explica Larissa
Polejack, professora do Instituto de Psicologia da UnB (Universidade de
Brasília). [...]
1 – Converse sobre a doença
Os pais devem conversar abertamente com
os filhos, traduzindo de forma clara e simples a atual crise mundial. Para o
adolescente, pode parecer injusto, já que não foi uma escolha, e sim uma
imposição pela situação epidemiológica. Ele precisa compreender que o
confinamento não significa castigo ou medida corretiva, mas uma demonstração de
cuidado
[...]
2 – Mantenha a rotina
A manutenção de hábitos sociais e
emocionais saudáveis é importante para o bem-estar mental dos adolescentes, pois
traz tranquilidade neste momento de incertezas e facilitará o retorno às
atividades rotineiras ao final do isolamento social.
Estabelecer o que fazer e os horários
de cada tarefa ajuda a ter foco e a dar sentido aos afazeres. [...]
3 – Boa convivência entre pais
e filhos
Por causa do isolamento social, os
adolescentes estão vivendo uma convivência intensa e prolongada com os pais. A
imposição de uma nova forma de relacionamento pode intensificar os conflitos
que antes já existiam.
Uma saída é engajar o adolescente na
rotina da casa. De maneira construtiva, a formação de uma equipe dividindo
tarefas, com o objetivo de cuidar um do outro, pode ser uma ferramenta para
melhorar a relação. [...]
4 – Compartilhe o dia a dia
com amigos
[...] O canal de comunicação e
socialização deve ser mantido, por meio das redes sociais. Mas com limite e
supervisão. O uso prolongado e próximo da hora de dormir causa insônia,
estresse, entre outras alterações mentais e corporais.
[...]
5 – Monitore o comportamento
Alterações bruscas de comportamento e
de sociabilidade são sinais de alerta. Excesso de irritabilidade, aumento da
agressividade, intensificação do isolamento e mudanças dos padrões de sono e
alimentar podem indicar instabilidade emocional e até depressão.
[...]
6 – O papel de cada um na
prevenção
O adolescente tem de ficar atento às
suas emoções, sentimentos e oscilações comportamentais. Caso perceba o
surgimento de pensamentos negativos, deve procurar ajuda da família e até de
profissionais. O importante é entender que ele não está passando pelas dificuldades
sozinho.
Do ponto de vista familiar, a
atribuição dos pais é a de ajudar os filhos a manter a rotina escolar, os
hábitos alimentares e de sono saudáveis, a prática de atividade física e de
lazer e o contato com os amigos. [...]
Já
a escola é um canal de monitoramento não somente acadêmico, mas também
psicológico ao se colocar como uma rede afetiva e solidária aberta a
discussões. [...]
RAITH, Alexandre. Saúde
mental dos adolescentes precisa de atenção no isolamento: como cuidar. UOL, 7
maio 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/05/07/como-cuidar-da-saude-mental-do-adolescente-na-pandemia.htm.
Acesso em: 30 jul. 2020.
Fonte: Linguagens em
Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas
Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 247-248.
Entendendo a reportagem:
01
– Por que o confinamento social é necessário durante a pandemia de COVID-19?
O confinamento
social é necessário para impedir a propagação do novo coronavírus. No entanto,
essa medida impôs uma nova forma de viver e se relacionar, gerando desafios
psicológicos, especialmente para os adolescentes.
02
– Quais são os possíveis impactos do isolamento social na saúde mental dos
adolescentes?
O isolamento
social pode causar ansiedade, angústia, tristeza e estresse, pois afasta os
adolescentes de sua rede socioafetiva, incluindo amigos, colegas de escola e
familiares.
03
– Por que o contato social é importante para a saúde mental dos adolescentes?
O contato social
é estruturante na vida psíquica, especialmente para os adolescentes, que se
envolvem em experiências sociais com mais intensidade. A falta desse contato
pode ser um fator de risco para a saúde mental dos jovens.
04
– Qual é a consequência mais trágica das alterações comportamentais intensas em
adolescentes durante o isolamento?
O desenvolvimento
de pensamentos de risco, com o suicídio sendo a consequência mais trágica. A
taxa de suicídios entre adolescentes aumentou 13% em seis cidades brasileiras
entre 2006 e 2015.
05
– Como a rotina pode beneficiar a saúde mental dos adolescentes durante o
isolamento?
A manutenção de
uma rotina traz segurança e tranquilidade, ajudando os adolescentes a se
adaptarem ao isolamento e facilitando o retorno às atividades normais ao fim do
confinamento.
06
– Qual é a importância da boa convivência entre pais e filhos durante o
isolamento social?
A convivência
intensa e prolongada pode intensificar conflitos, mas também é uma oportunidade
de melhorar as relações, por meio do engajamento dos adolescentes nas tarefas
domésticas de forma construtiva.
07
– Como os adolescentes podem manter suas relações sociais durante o isolamento?
Os adolescentes
podem manter o contato com amigos por meio das redes sociais, mas é importante
estabelecer limites e supervisão, especialmente em relação ao tempo de uso
próximo da hora de dormir.
08
– Quais sinais de alerta indicam que um adolescente pode estar sofrendo
emocionalmente durante o isolamento?
Sinais como
alterações bruscas de comportamento, irritabilidade excessiva, aumento da
agressividade, intensificação do isolamento e mudanças nos padrões de sono e
alimentação podem indicar instabilidade emocional ou depressão.
09
– Qual é o papel do adolescente na prevenção de problemas de saúde mental
durante o isolamento?
O adolescente
deve ficar atento às suas emoções e comportamentos, buscando ajuda da família
ou de profissionais se perceber pensamentos negativos, entendendo que não está
passando pelas dificuldades sozinho.
10
– Como a escola pode ajudar na saúde mental dos adolescentes durante o
isolamento?
A escola pode
atuar como um canal de monitoramento psicológico e afetivo, mantendo-se aberta
para discussões e oferecendo suporte aos estudantes, além do acompanhamento
acadêmico.
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