segunda-feira, 2 de julho de 2018

FÁBULA: O LEÃO, O BURRO E O RATO - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

Fábula: O leão, o burro e o rato
Millôr Fernandes

        Um leão, um burro e um rato voltavam, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
   -- Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.
        Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:
        -- Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
        O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostando-o no chão, morto.
        Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
        -- Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora – divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
        Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato chamou:
        -- Compadre leão, está pronta a partilha!
        O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
        -- Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
        E o rato respondeu:
        -- Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu – é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha – é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha – e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito!
        -- Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! – exclamou o leão, realmente admirado. – Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?
        -- Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.
        MORAL: só um burro tenta ficar com a parte do leão.

Entendendo a fábula:

01 – A narrativa procura passar a ideia de que:
a) a justiça é cega.
b) os fortes não são sábios.
c) a sabedoria é própria das criaturas menores.
d) só um burro tenta ficar com a parte do leão.

02 – A alternativa que melhor completa a frase abaixo é:
“Até ontem, Manú queria conhecer os _______ das coisas existentes no universo. De hoje em diante, acrescente outra pergunta: ________ não?”
a) porquês – por que
b) porquês – por quê
c) por ques – porque
d) por ques – por que

03 – Marque a alternativa em que os sinais de pontuação estão adequados:
a) a língua tão rica, e tão plácida, que é conserva-se basicamente a mesma.
b) já havia TV, então, mas apenas nas cidades grandes.
c) é ótimo, se falar linguagem coloquial, mas não precisa abusar.
d) a grande revolução, ainda não foi essa, ela chegou com um transistor.

04 – Complete com acento ou assento(s).
a) a palavra rádio tem acento.
b) fui à praia e voltei com o assento molhado.
c) onde está o assento para os fiéis?
d) vândalos destruíram os assentos do ônibus.

05 – Pontue adequadamente as frases.
a)   Esqueci nada rapaz.
Rapaz,

b)   A gente liga o gravador, a professora começa a cantarolar, a fita vai gravando, e a aula fica legal.
Gravador, cantarolar, gravando,

c)   Juliana já comprou a calculadora dele, uma mochila, um estojo e canetas também.
Dele, mochila.

06 – Como em toda paródia, há um elemento humorístico na fábula de Millôr Fernandes. Para você o que provoca o humor nessa fábula?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Entregar toda a caça ao leão e ficar apenas com uma parte muito pequena poderia indicar certa estupidez do rato. No entanto, essa atitude demonstra, na verdade, qual característica?
      A esperteza, a astúcia.

08 – Na moral desta fábula, estão associados dois sentidos que a palavra burro por ter. Explique que sentidos são esses e por que estão associados.
      Burro: o animal; Burro: o ser desprovido de inteligência.

09 – Se você fosse o burro, como faria a partilha da caça entre os três animais? Explique.

      Resposta pessoal do aluno.


2 comentários:

  1. Quero uma crônica argumentativa dando a opinião da atitude de leão em relação o burro

    ResponderExcluir
  2. Onde ocorre a história desses 3 animais?

    ResponderExcluir