Artigo de opinião: Muros internalizados – Fragmento
Serpa, A.
Vinte anos se passaram desde a queda do
Muro de Berlim. A cidade comemora com uma programação rica em atividades.
Pode-se conferir, por exemplo, uma grande exposição de fotografias na Alexander
Platz ou ver de perto a restauração da East Side Gallery, um pedaço de muro
ainda existente que se transformou numa galeria de arte a céu aberto. [...] Em
Berlim, [...] tenho ouvido a afirmação recorrente de que o muro persiste
enquanto paisagem interiorizada pelos habitantes da cidade. [...] Onde buscar
esse muro internalizado?

[...]
Tudo isso faz pensar nas cidades
brasileiras, onde os muros tomam conta da paisagem, seja segregando favelas e
bairros populares, seja cercando os condomínios fechados dos bairros nobres.
Berlim nos ensina que o muro é forma-conteúdo, é produto e também processo,
reflete e condiciona o modo como uma sociedade lida com a diferença. O muro
também produz a diferença e radicaliza a ocultação do “outro”, transforma
diferença em segregação e desigualdade.
SERPA, A. Muros internalizados.
A Tarde, Salvador, 1o ago. 2009. Caderno Opinião, p. A 3.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 292.
Entendendo o artigo:
01 – Qual o principal evento
que o artigo menciona como ponto de partida para sua reflexão?
O principal
evento que o artigo menciona é a queda do Muro de Berlim, ocorrida vinte anos
antes da escrita do texto. A cidade celebra essa data com diversas atividades.
02 – Mesmo após a queda física
do Muro de Berlim, que tipo de "muro" a autora afirma que persiste na
cidade?
Mesmo após a
queda física, a autora afirma que o muro persiste como uma "paisagem
interiorizada pelos habitantes da cidade". Isso sugere que as divisões e
mentalidades criadas pelo muro continuam existindo na psique e nas relações
sociais das pessoas.
03 – Como a autora relaciona a
situação de Berlim com a realidade das cidades brasileiras?
A autora
relaciona a situação de Berlim com as cidades brasileiras ao observar que muros
físicos também "tomam conta da paisagem" no Brasil. Ela cita a
segregação de favelas e bairros populares, bem como os condomínios fechados nos
bairros nobres, como exemplos dessa muralha urbana.
04 – O que o artigo quer dizer
com a afirmação de que "o muro é forma-conteúdo"?
A afirmação de
que "o muro é forma-conteúdo" significa que o muro não é apenas uma
estrutura física (forma), mas também carrega um significado profundo e um
impacto social (conteúdo). Ele é tanto um produto das desigualdades quanto um
processo que reflete e condiciona a forma como uma sociedade lida com as
diferenças.
05 – De que maneira, segundo a
autora, o muro afeta a percepção do "outro" na sociedade?
Segundo a autora,
o muro afeta a percepção do "outro" ao "radicalizar a ocultação
do 'outro'" e transformar a diferença em segregação e desigualdade. Ao
erguer barreiras, sejam elas físicas ou mentais, o muro impede o contato e a
compreensão entre diferentes grupos sociais, reforçando estigmas e
distanciamentos.
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