domingo, 18 de dezembro de 2022

CONTO: PEDRO MALASARTES E O PÁSSARO LAPÃO - PARTE 2 - GLAUTER BARROS - COM GABARITO

 CONTO: PEDRO MALASARTES E O PÁSSARO LAPÃO

               Glauter Barros

PARTE 2

           Finalmente, o valentão surgiu. Foi chegando, chegando, chegando... e vendo o caipira agachado ali no meio da estrada, perguntou:

          - Ó Pedro Malasartes! O que é que tu tá fazendo aí, home de Deus?

          - Ih, seu coroné, o sinhó num vai nem acredita no que me aconteceu. Estava passeando por estas bandas, quando de repente avistei um pássaro lapão!

           O coronel, curioso como ele só, quis logo saber:

            - Pássaro lapão? Que diacho é isso, Pedro Malasartes?

            - Ué, o sinhô nunca ouviu falar do pássaro lapão? É uma ave muito rara, seu coroné! Ele tem o canto mais bonito do mundo; muito mais bonito que o canto daquele tal do uirapuru. As suas penas têm as cores do arco-íris e são tão suaves quanto a brisa da manhã. Mas são poucas as pessoas que conseguem pegar um pássaro lapão. Ele é muito arisco! Esse aqui estava distraído e eu ó... consegui prendê ele aqui embaixo do meu chapéu. Ele vale uma fortuna, seu coroné, uma fortuna! Vou ganhar muito dinheiro com ele.

           Pedro Malasartes ia falando e inventando cada vez mais maravilhas sobre o pássaro lapão. E o coronel só ia enchendo os olhos de cifras imaginando o quanto poderia ganhar com aquela raridade.

          Após ouvir todas as “explicações” de Malasartes sobre o animal, o coronel sugeriu, mas daquele modo mandão que todo mundo ali da região já conhecia:

         - Malasartes, vamos fazer um combinado: vamos nós dois ganhar muito dinheiro com essa preciosidade. Nós vamos exibir esse pássaro lapão na feira. As pessoas que quiserem ver vão ter de pagar ingresso. E é aí que a gente vai faturar uma boa soma. Tome aqui esse dinheiro e vá agorinha mesmo lá no armazém comprar uma gaiola para esse pássaro, enquanto isso eu fico tomando conta do bichinho.

          Pedro Malasartes, percebendo que seus planos estavam dando certo, respondeu ao coronel:

          - Ah, num sei não! Eu não tô acreditando que o sinhô vai cuidar desse pássaro como ele merece. Além do mais, esse dinheirinho aí é pouco demais. Um pássaro raro como esse carece de uma gaiola muito bonita, imponente, folheada a ouro.

           - Mas, Pedro, que gaiola imponente que nada! Isso é só um pássaro.

           - Já falei pru sinhô que esse pássaro lapão é muito sensível, não pode ficar preso em qualquer lugar, senão ele para de cantar, as penas murcham e caem. Aí ele acaba morrendo de tristeza.

           Depois de muita argumentação de um lado e de outro, o coronel, já bem nervoso e contrariado, aceitou o que Malasartes pediu:

            - Tá bão, tá bão, Pedro! Então leve todo esse dinheiro que eu tenho aqui e vá lá comprar essa tal gaiola imponente. Não se preocupe que eu vou saber cuidar muito bem desse pássaro cheio de salamaleques... Vá logo!

            Mais do que depressa, Pedro Malasartes desapareceu com o dinheiro, correu em direção à casa do velho Piaçava, que, sabendo do ocorrido, pôde comprar meia dúzia de novas cabras. A quantia que o coronel entregou ao Malasartes era mais do que suficiente para cobrir esse prejuízo. E o espertalhão ainda ficou com um bom “troco”!

         Enquanto isso, lá naquela estradinha, o coronel aguardava a chegada da encomenda. Esperando, esperando, esperando... e sonhando de olhos abertos com os lucros que iria ter. Com o tempo passando, a paciência já esgotada, suando em bicas por causa do forte sol do meio-dia em sua moleira, ele decidiu:

         - Quer saber de uma coisa? Eu vou é ganhar dinheiro sozinho. Deixa o Pedro pra lá! Eu mesmo levo essa raridade lá pra feira!

         Então, o coronel levantou rapidamente o chapéu, enfiou a mão naquela “coisa” e...

          Bem, o que se sabe é que naquele momento, naquela cidadezinha do sertão, todos ouviram o grito do coronel:

          - Pedro Malasartes...EU TE MATO!!!

          Todos, menos o Pedro Malasartes, que a essa altura já estava longe, muito longe, aproveitando muito bem o dinheiro do coronel.

Vocabulário

Carece: precisa de.

Cifra: quantia em dinheiro.

Moleira: no texto quer dizer cabeça.

Uirapuru: pássaro da Amazônia, de penas muito coloridas e de canto que impressiona por sua beleza.

 Glauter Barros. Pedro Malasartes e o pássaro lapão. In: Lenice Gomes, Fabiano Moraes (Org).

Histórias de quem conta histórias. São Paulo: Cortez, 2010.p.106-111.

Fonte: Encontros língua portuguesa, 4º ano:componente curricular língua portuguesa:ensino fundamental, anos iniciais/Isabella Pessoa de Melo Carpaneda, Angiolina Domanico Bragança – 1 ed. São Paulo: FTD, 2018, p.237-41..

Entendendo o texto

01. O conto Pedro Malasartes e o pássaro lapão é um conto popular de artimanha é ter um personagem astuto, que usa a esperteza para trapacear, e outro personagem que é enganado pelo primeiro.

Responda:

a)   Quem é o personagem que usa a esperteza para enganar?

               Pedro Malasartes.

         b)   Quem é o personagem enganado? E qual o motivo de enganação?

           O amigo de Pedro Malasartes, Piaçava. Porque o coronel da cidade havia roubado as cabras de Piaçava.

        c)   Qual foi o plano de Pedro Malasartes para a enganação?

            O plano de Pedro Malasartes foi: comer muito, tomar laxante para soltar o intestino, fazer cocô, cobrir com seu chapéu e inventar para o coronel que debaixo do chapéu havia um pássaro raro e valioso, que os faria ganhar muito dinheiro.

         d)   O plano de Pedro Malasartes deu certo? Por quê?

         Sim, pois Malasartes conseguiu dinheiro para que o amigo Piaçava comprasse outras cabras e, além disso, conseguiu pregar uma peça no coronel.

02. Releia o trecho: e copie abaixo a palavra que foi repetida.

   Trecho A     Enquanto isso, lá naquela estradinha, o coronel aguardava a chegada da encomenda. Esperando, esperando, esperando... e sonhando de olhos abertos com os lucros que iria ter.

a)   Copie abaixo a palavra que foi repetida.

Esperando, esperando, esperando...

b)   Qual a intenção dessa repetição?

A repetição tem o objetivo de evidenciar a longa espera do coronel pela volta de Malasartes com a gaiola.

·        Nesse trecho, as reticências (...) foram usadas para ressaltar  a ideia de que a espera foi longa.

               Agora releia outro trecho do conto e responda.

              Trecho B    Então, o coronel levantou rapidamente o chapéu, enfiou a mão naquela “coisa” e...

·        Nessa frase, as reticências foram usadas com a mesma finalidade que no trecho A? Justifique.

No trecho B, as reticências não foram usadas com a mesma intenção que no trecho A, pois foram empregadas com o objetivo de evidenciar uma interrupção na história para que o leitor imaginasse o final da cena, causando ainda mais humor ao desfecho do plano de Pedro Malasartes.

03. Copie do texto a parte em que Pedro Malasartes descreve o pássaro lapão.

É uma ave muito rara, seu coroné! Ele tem o canto mais bonito do mundo; muito mais bonito que o canto daquele tal do uirapuru. As suas penas têm as cores do arco-íris e são tão suaves quanto a brisa da manhã. Mas são poucas as pessoas que conseguem pegar um pássaro lapão. Ele é muito arisco.

 

04. Escreva com que intenção Malasartes descreveu o pássaro com tantos detalhes.

A intenção de Malasartes era dar mais veracidade à história que ele inventou, fazer o coronel acreditar que se tratava de uma ave muito valiosa e, assim, deixa-lo curioso e entusiasmado.

 

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