Conto: Se a terra não existisse, a
gente pisava onde?
Tênis é de lona e borracha. Cueca é de
pano e elástico. Caderno é de arame e folha de papel. Televisão é de plástico
com uma antena em cima e uma tela na frente.
Casa é feita de telhado, parede, piso,
porta e janela. Vaca é de couro, chifre e quatro tetas pingando leite. Cachorro
é um ônibus peludo cheio de pulgas. Ser humano é feito de carne, osso, coração
e ideias na cabeça.
E o mundo em que vivemos?
O mundo é um monte de terra cercada de
água por todos os lados.
A água é o mar, o rio, o lago, a chuva,
a poça, a lágrima e o cuspe.
A terra é a terra mesmo.
Tem gente que pensa que terra só serve
para cavar buraco no chão, para ser hotel de minhoca, para enfiar poste de luz
ou então para sujar o pé de lama em dia de chuva, mas não é nada disso.
Se não fosse a terra, a gente pisava
onde?
Se não fosse a terra, a gente construía
nossa casa onde?
E as cidades? E as estradas? E os
campinhos de futebol?
Sem a terra a gente não ia jogar bola
nunca mais!
(...).
Pensando bem, a terra é a coisa mais
importante do mundo em que vivemos. Ela é o solo, o chão, a gleba, o piso, o
porto, o lugar onde a gente fica em pé e constrói a vida.
Para falar a verdade, a terra é uma
espécie de mãe. A mãe de todos nós.
De onde vêm as árvores para dar sombra
e segurança? Da terra.
De onde vêm as frutas para a gente
chupar? Da terra.
De onde vem a nascente do rio? E a
flor? E o passarinho? E a onça? E a tartaruga? E a borboleta? E o macaco? E o
besourinho? E todos os bichos do mundo inteiro menos os peixes e as
estrelas-do-mar?
Sem a terra, não ia ter nem milho,
laranja, caqui, jabuticaba, banana, pera, uva, cacau, pitanga, mexerica, romã,
maçã, abacate, melancia, abacaxi, nem amendoim nem nada.
O mundo ia ser só um monte de coisa
nenhuma cercado de água para todos os lados.
Mas a terra tem seus truques. Ela não
gosta de ser maltratada, não senhor!
Quando fazem queimadas ou destroem o
mato ou enchem o chão de lixo e porcaria a terra fica triste vira deserto,
corpo árido, seco, estéril, que não dá mais nada.
Ela, que era generosa, formosa, úmida,
florida, risonha, fofa, macia, fértil, cheia de sombra, cheia de perfume, cheia
de riachinhos, borboletas, besourinhos, bichinhos e bichões, de repente fica
tão dura e rachada que só consegue inventar pó, areia e desolação.
Se a terra fosse um deserto ia ter
chão, mas como a gente ia ficar?
Ricardo Azevedo. In: Revista Nova Escola, ano 17, n° 149. São Paulo,
Abril, janeiro/fevereiro/2002.
Fonte:
Português – De olho no futuro – 3° ano – Cassia Garcia de Souza / Lúcia Perez
Mazzio – Quinteto Editorial. p. 112-16.
Entendendo o conto:
É ressaltar a importância da terra.
02 – Na sua opinião, as
pessoas têm se preocupado em cuidar da terra? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal
do aluno.
03 – Que outro título você
daria para esse texto?
Resposta pessoal
do aluno.
04 – Releia o seguinte
trecho: “Ela é o solo, o chão, a gleba, o piso, o porto, o lugar onde a gente fica em pé e constrói a
vida.”.
a)
A expressão destacada na frase pode ser
substituída pela palavra nós.
Reescreva o trecho fazendo essa substituição e realize as alterações
necessárias.
Ela é o solo, o chão, a gleba, o piso, o porto, o lugar onde nós
ficamos em pé e construímos a vida.
b)
Na sua opinião, a expressão a gente é mais usada na
linguagem formal ou informal?
É mais usada na linguagem informal.
c)
Para você, por que o autor desse texto
preferiu usar a gente no
lugar de nós?
Provavelmente, o autor quis deixar o texto com uma linguagem mais
simples e acessível para o leitor.
05 – Nesse texto o autor
utilizou muitos pontos de interrogação. Você saberia explicar por que ele
propõe tantos questionamentos?
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: Talvez para promover no leitor uma reflexão acerca dos
cuidados que se deve ter com a terra.
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