sábado, 3 de novembro de 2018

POEMA: ISPINHO E FULÔ - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

Poema: Ispinho e fulô
          Patativa do Assaré


É nascê, vivê e morre
Nossa herança natura
Todos tem que obedecê
Sem tê a quem se quexá
Foi o autô da Natureza
Com o seu pudê e grandeza
Quem traçou nosso caminho
Cada quá na sua estrada
Tem nesta vida penada
Pôca fulô e muito ispinho.

Até a propa criança
Tão nova e tão atraente
Conduzindo a mesma herança
Sai do seu berço querida.
Se passa aquele anjo lindo
Hora e mais hora se rindo
E algumas horas chorando,
É que aquela criatura
Já tem na inocença pura
Ispinho lhe cutucando.

Fora da infancia
No seu uso de razão
Vê muntas fulô caída
Machucada pelo chão,
Pois vê neste mundo ingrato
Injustiça, assassinato
E uns aos outros presseguindo
E assim nós vamo penando
Vendo os ispinho omentando
E as fulô diminuindo.

[...]
           Patativa do Assaré. Ispinho e fulô. São Paulo: Hedra, 2005. p. 25-26.
Entendendo o poema:
01 – Que ideia a respeito da vida está presente na primeira estrofe do poema?
      A primeira estrofe apresenta o ciclo da vida como fato que deve ser aceito, com seus momentos de dor mais numerosos que os de alegria: “Cada quá na sua estrada / Tem nesta vida penada / Pôca fulô e muito ispinho.”

02 – Para comprovar essa ideia, o poema vai descrevendo os vários estágios da vida. Quais são apresentados na segunda e terceira estrofes?
      A segunda e terceira estrofes apresentam, respectivamente, a infância e a adolescência.

03 – A variedade linguística utilizada pelo poeta é caracterizada pelo registro, na escrita, de formas típicas da linguagem oral.
a)   Como são registrados no dicionário os substantivos que compõem o título?
Os substantivos ispinho e fulô correspondem, no dicionário, a espinho e flor.

b)   Outras palavras recebem grafia diferente da que é prescrita pela norma-padrão. Encontre no texto exemplos de: supressão do r final, supressão do l final e supressão do i dos encontros vocálicos.
Supressão do r final: nascê, vive, morre, obedecê, tê, quexá, autô, pudê.
Supressão do l final: naturá, quá.
Supressão do i dos encontros vocálicos: quexá, propa, inocença, infança, muntas.

04 – A poesia matuta reflete o pensamento e a linguagem do homem do campo. Observe os versos abaixo:
        “Vendo os ispinho omentando
         E as fulô diminuindo.”
a)   Além das peculiaridades ortográficas, qual é a peculiaridade sintática que se pode observar nesse fragmento?
A concordância nominal não é a prescrita pela norma-padrão: nem todos os nomes concordam com o substantivo ao qual se referem.

b)   De acordo com a norma-padrão, a concordância nominal se dá em gênero (masculino / feminino) e em número (singular / plural). Nos exemplos analisados, qual desse itens recebe tratamento diferente daquele proposto pela norma-padrão?
A concordância em número.


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