quinta-feira, 29 de novembro de 2018

REPORTAGEM: BABAÇU LIVRE - ANDRÉ CAMPOS - COM GABARITO

REPORTAGEM: Babaçu livre
                      
                 André Campos

          A expansão da pecuária e de outros interesses econômicos na região dos babaçuais ameaça o trabalho das quebradeiras de coco, fundamental para a sobrevivência de diversos grupos extrativistas do meio-norte do país

        Do babaçu, tudo se aproveita. Essa é uma frase comum na chamada região dos babaçuais, localizada na faixa de transição para a floresta Amazônica. Com cerca de 18,5 milhões de hectares (algo equivalente a 75% do estado de São Paulo), sua área inclui terras de várias unidades da federação, principalmente do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. Locais onde, para milhares de famílias, babaçu é quase um sinônimo de sobrevivência. Da folha dessa palmeira, que pode chegar a 20 metros de altura e tem inflorescência em cachos, faz-se telhado para as casas, cestas e outros objetos artesanais; do caule, adubo e estrutura de construções; da casca do coco produz-se carvão para fazer o fogo, e, do seu mesocarpo, o mingau usado na nutrição infantil; da amêndoa obtêm-se óleo, empregado sobretudo na alimentação mas também como combustível e lubrificante, e na fabricação de sabão.
        “Que eu conheça, o babaçu tem 49 utilidades diferentes, mas acredito que sejam mais”, conta Emília Alves, de 53 anos, dos quais mais de 30 coletando o coco que cai da palmeira. Trata-se de uma atividade tradicionalmente feminina, muito cantada nas músicas das “quebradeiras de coco” (como elas mesmas se autodenominam) e indissociável do modo de vida de diversas comunidades da região, onde, diz-se, toda mulher foi, é ou será um dia quebradeira de coco. Há várias gerações, lá estão elas com um machado preso sob uma das pernas e um porrete de madeira na mão, arrebentando diariamente centenas de cocos para extrair as amêndoas. Apesar de não haver dados oficiais, calcula-se que, no Brasil, entre 300 mil e 400 mil extrativistas sobrevivam dessa atividade. Para se ter uma ideia, é um número semelhante ao total de índios aldeados que, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), vivem atualmente no Brasil.
        Atualmente, Emília é coordenadora executiva da Regional do Tocantins do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), presente em quatro estados brasileiros (Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins). A entidade tem como principal bandeira aquela que, historicamente, é a grande reivindicação das quebradeiras de coco: o direito de livre acesso aos babaçuais.
        Entre proprietários de terra da região, são comuns reclamações de que as quebradeiras de coco estariam cortando cercas com o objetivo de fazer um caminho mais curto até os babaçuais. Muitas vezes também estariam deixando a casca do coco espalhada pelo chão, provocando ferimentos nos casos dos animais. Além disso, a realização de “caieiras” – método artesanal para a fabricação do carvão a partir da queima casca do coco – dentro das propriedades é criticada sob a alegação de que traz risco de incêndios.
        A expansão da fronteira agrícola e, principalmente, da atividade pecuária tem gerado um aumento significativo do desmatamento e dos conflitos de interesse relacionados à utilização dos babaçuais. Diversas áreas estão sendo devastadas para dar lugar ao pasto, situação que provoca tensões inclusive em unidades de conservação oficialmente reconhecidas, como as reservas extrativistas do Ciriaco e Mata Grande, além do Parque Estadual do Mirador, todos no Maranhão. No início de 2005, uma ação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) daquele estado resultou na retirada de 9 mil cabeças de gado de dentro do parque.

   CAMPOS, André. Babaçu livre. Portal Repórter Brasil
Agência de Notícias / Reportagens, 3 abr. 2006.
Entendendo o texto:

01 – Como as quebradeiras de coco poderiam conviver com os proprietários de terra dos babaçuais?
      As resposta devem variar. É importante que os alunos contemplem os dois lados do conflito, conciliando a atividade que você sustento às quebradeiras e os interesses dos proprietários em criar gado e cultivar a lavoura.

02 – O babaçu é um recurso natural renovável. Por que a criação de pastos seria uma ameaça para o babaçu?
      A criação de pastos ameaça o babaçu porque provoca a derrubada de muitas árvores e impede sua reprodução.

03 – De que região é colhido o babaçu?
      De acordo com o texto, é do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins.

04 – De acordo com a Emília Alves, quantas utilidades tem o Babaçu?
      Possui mais de 49 utilidades diferentes.

05 – Por quem é catado os coco que cai das palmeiras?
      É uma atividade tradicionalmente feminina.

06 – Quem é a Coordenadora Executiva da Regional do Tocantins do Movimento Interestadual das Quebradeiras de coco Babaçu (MIQCB)?
      A Coordenadora é Emília Alves, de 53 anos.

07 – Qual é a reclamação dos fazendeiros da região?
      Que as quebradeiras de coco estariam cortando cercas com o objetivo de fazer um caminho mais curto até os babaçuais.
      Que estariam deixando a casca do coco espalhada pelo chão, provocando ferimentos nos casos dos animais.

08 – Qual é o título do texto e quem é o autor?
      O título é Babaçu Livre escrito pelo André Campos.

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