quinta-feira, 27 de setembro de 2018

TEXTO: COMO ME TORNEI SANTISTA - ARRIGO BARNABÉ - COM GABARITO

Texto: COMO ME TORNEI SANTISTA
              
        Londrina, 1956-57 Arrigo Barnabé

        EU TINHA, TALVEZ, uns cinco anos. Meu irmão mais velho, Marcos, já tinha um time: era corintiano na esteira do campeonato do quarto centenário, quando o Corinthians foi campeão.
        Meu pai era Palmeiras, mas o que ele gostava mesmo era de futebol. Havia jogado quase profissionalmente e era craque. O pobre coitado só teve filho perna de pau. Mas, curiosamente, incentivava a criançada a torcer por outro time. Devia ser porque, gostando tanto do esporte, queria torcer (na carona dos filhos) para outros clubes...
        E chegou um momento em que tivemos uma conversa de homem para homem. Já estava mais do que na hora de eu escolher um time. A casa já tinha um corintiano, e eu adorava o distintivo do Corinthians, em que se destacavam a âncora, o timão (na verdade, uma boia) e a cor vermelha. Achava lindo!
        Então meu pai me apresentou um brinquedo que consistia em um pequeno disco de plástico transparente. Havia ali dentro uma bolinha prateada solta. No disco, dois jogadores desenhados em posição de chute e, na ponta da chuteira de cada um, uma depressão para a bola se encaixar. O objetivo era encaixar a bola na chuteira.
        Um dos jogadores era negro, usava um uniforme vermelho e verde. Adorei. O outro era um jogador branco, mas de uma cor branca enjoada, com uniforme todo branco, muito sem graça.
        É claro que eu ia torcer para o time do jogador negro de uniforme vermelho e verde. Mas uma fração de segundos antes de decidir, perguntei a meu pai qual era o nome dos times.
        — Este aqui é Portuguesa, e o outro, Santos.
        Gostei muito do nome também, Portuguesa. Achei legal. Existem nomes que atraem a simpatia das crianças, não sei por quê.
        Mas o nome Santos era poderoso. Eu já conhecia a ideia de santo. Meu pai e meu avô materno já me haviam explicado. "Um santo é uma pessoa que só faz o bem, que é tão boa que vive junto a Jesus e Deus lá no céu..." Eu havia ficado muito impressionado que houvesse pessoas assim, achava alguma coisa além do bonito, além da mera beleza: era maior, um santo, era uma coisa extra.
        Daí, perguntei ao meu pai:
        — Mas por que o time se chama Santos? É por que tem muito santo lá?
        Meu pai, achando graça, disse:
        — É, sim, só tem santo no time...
        Então, fiz uma renúncia, um sacrifício. Sacrifiquei meu gosto, que era a Portuguesa, para torcer por um time que eu achava sem graça, sem colorido, com um distintivo feio, mas que, no fim das contas, era um time de santos". E Deus, lá em cima, vendo meu sacrifício e desprendimento, me abençoou, fazendo com que o time que escolhi se tornasse o maior de todos os tempos.
        Eu sei que foi antes do Pelé virar o "Pelé". Lembro-me de nomes desse período, nomes, esses sim, de que eu gostava, como Urubatão e Pagão. Lembro-me de Vasconcelos, Tite, Del Vecchio, Pepe, Manga.
        Algum tempo depois, ouvi pela primeira vez “Assum Preto", com Luiz Gonzaga. Meu pai havia comprado o disco e o trouxe para casa, à tarde, voltando do trabalho. (Naquele dia, o Santos havia perdido para o Taubaté por 3 a 2.)
        Quando colocaram o disco na rádio-vitrola e começou o “Assum Preto", aquela coisa de furar os olhos do pássaro, com a voz pungente do Gonzaga, comecei a chorar. Então meu pai perguntou se eu estava chorando por causa da música ou pelo fracasso do Santos diante do Taubaté.
        Envergonhado pelo choro provocado por uma canção, menti. Disse que estava chorando pela derrota do Santos. E dessa mentira nunca mais me esqueci.
     Barnabé, Arrigo. Folha de São Paulo, 17 jul. 2011. Ilustríssima, p. 7.
Entendendo o texto:
01 – Com base em seus conhecimentos, assinale a alternativa que melhor classifica o texto lido, de acordo com o gênero a que ele pertence.
(A) Autobiografia.
(B) Biografia.
(C) Relato pessoal.
(D) Diário.

02 – No texto lido, Arrigo Barnabé conta fatos vividos na infância. Assinale alternativa que melhor explica o tema/assunto desse texto.
(A) Fatos vividos na infância.
(B) Motivos da escolha do time de futebol.
(C) Mentiras contadas pelo pai.
(D) Preferência da família por diferentes times.

03 – No texto, há várias informações sobre o pai de Arrigo, com quem o menino teve uma conversa “de homem para homem”.
a) Qual foi o assunto da conversa?
      O assunto da conversa foi a escolha de um time de futebol do qual o filho seria torcedor.

b) Por que, para Arrigo, aquela foi uma “conversa de homem para homem”?
      Provavelmente, porque, para pai e filho, a decisão a ser tomada – por qual time tomar – fosse um assunto importante, muito sério, que deveria ser tratado assim.

04 – No final do texto, Arrigo afirma que mentiu para o pai. Por que ele mentiu?
      Ele mentiu porque teve vergonha de revelar ao pai que, na verdade, ele chorava comovido ao ouvir a música “Assum preto”, de Luiz Gonzaga.

05 – Releia: “Uma cor branca enjoada”. · O termo “enjoada” é um adjetivo que:
(A) demonstra um uniforme sem cor.
(B) reafirma a cor do jogador.
(C) exalta a beleza do time.
(D) afirma o poder do time.

06 – Releia: “Eu sei que foi antes do Pelé virar o "Pelé"”. · Explique o significado desse trecho.
      Nesse trecho, faz-se referência ao Pelé antes de ele se tão famoso, antes de se tronar um ídolo, uma referência no mundo do futebol.

07 – No relato há várias informações sobre o pai de arrigo. Releia:
        “[...] o que ele gostava mesmo era de futebol.”
        Copie do texto, uma informação que justifique a afirmação do autor.
      “Havia jogado quase profissionalmente”; “Era craque”; “Incentivava a criançada a torcer por outro time”; “Gostando tanto do esporte, queria torcer para outros clubes.”

08 – Arrigo acabou escolhendo um time que ele “achava sem graça, sem colorido, com um distintivo feio”.
a)   Quais eram os outros times da preferência do menino? Por qual motivo?
·        O Corinthians, porque ele gostava muito do distintivo.
·        A Portuguesa, porque tinha um uniforme vermelho e verde.

b)   Que atitude do pai fez com que o filho se decidisse pelo time pelo qual não tinha simpatia?
O pai confirmou a hipótese que a criança tinha sobre a explicação do nome do time, mesmo sendo incorreta.

c)   Na sua opinião, o pai agiu certo? Por quê?
Resposta pessoal do aluno.

09 – No final do relato, Arrigo afirma que mentiu para o pai. Por que o menino mentiu?
      Porque teve vergonha de revelar que chorava por causa de uma música.

10 – Releia a última frase do relato: “E dessa mentira nunca mais me esqueci.”
      Na sua opinião, por que Arrigo nunca se esqueceu da mentira que contou?
      Resposta pessoal do aluno.

10 comentários:

  1. Encontre no texto e escreva no caderno informações sobre a vida pessoal do compositor referente a a:
    a) principais destaques de seu trabalho
    B) principais produções
    Por favor responda???

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    1. Cara voce esta copiando isso um aluno usando isso para copiar isso e para os professores usarem em atividades para os alunos

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  2. Sobre o autor desse relato i identifique nome nascimento dade é profissso

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  3. Nome: Arrigo Barnabe
    Nascimento: 14/9/1951 - 67 anos
    Profissao: Compositor, cantor,pianista, ator.

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  4. Muito obrigado me ajudou muito

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