segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

CONTO: PLANETAS HABITADOS - ANDRÉ CARNEIRO - COM GABARITO

 Conto: Planetas habitados

           André Carneiro

        — Olhe como são bonitas, milhares de estrelas...

        — E quase todas devem ser rodeadas de planetas como o nosso, habitados, provavelmente...

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXtXoYv3R9lvnC5dz6aZt6lX2dIUb5-4KRX4-_qbLr7g2S8qaiEMz27S_wkEnYB0bO8PX7ySyYktGHZm43dyBFnmTM052srO8vUqbdz55zTkRJMCkg76po3sovDDeYdCS7ocUhkglqKbmg-STsbv5wOzmQov6E9kkzzKmiKSfw-MBW_LJ3zCZ_TEN3lIg/s1600/ESTRELAS.jpg


        — Custa-me acreditar...

        — Os cientistas dizem que há milhões, talvez trilhões de planetas, só nas galáxias mais próximas. A vida existiria como aqui.

        — Devo ter pouca imaginação. Acho difícil visualizar planetas habitados, com seres iguais a nós, vivendo como nós.

        — Por que “iguais e vivendo como nós”? É pretensão injustificável deduzir que só animais semelhantes tenham desenvolvidos inteligência. E os objetos de forma arredondada, vistos em nossa órbita? Muita gente os vê a olho nu.

        — Não seriam pessoas sugestionáveis ou com defeitos na vista? Li num artigo: essas aparições são fenômenos naturais pouco estudados, ou máquinas voadoras feitas aqui mesmo, em experiências secretas.

        — Talvez, em parte. Mas já há uma boa documentação e não vejo motivo de espanto em supor que outros planetas do nosso sistema sejam habitados.

        — Mas os seres que comandam ou pilotam essas naves espaciais, por que não pousam e entram em contato?

        — Não passa de orgulho gratuito pensar que habitantes de outros planetas estejam interessados em dialogar conosco. Esses engenhos talvez sejam minúsculos, comandados a distância. Estarão apenas nos estudando com seus aparelhos? E é bem possível que eles sejam tão diferentes de nós que não haja uma possibilidade de entendimento imediato.

        — Falariam línguas impossíveis de se aprender? Quem sabe emitam ruídos, ou comuniquem-se por gestos...

        — Nossos cientistas acabariam descobrindo a chave. Ou eles, mais inteligentes, nos ajudariam a compreendê-la.

        — Aquela estrela brilhante não é um planeta?

        — É. Ali há condições para a vida. Talvez primitiva e diversa da nossa, pois sua temperatura é extraordinariamente alta.

        — Escrevem muitas histórias sobre aquele planeta. Costumam inventar seus habitantes como sendo monstros destruidores, interessados em conquistar a galáxia...

        — Histórias e hipóteses... Quem sabe eles têm mesmo duas antenas na cabeça, um olho atrás, outro na frente, quatro braços e seis patas.

        — Seria engraçado se fosse assim.

        — Por quê?

        — Pior se tivessem dois braços, um par de olhos em cima do nariz...

        — Seu conceito de beleza é muito exclusivista.

        — Gente normal como nós poderia se entender com monstros pavorosos?

        — Fique tranquilo. É provável que eles só existam nas histórias. E descobriram que lá a atmosfera é oxigênio puro. De mais a mais, o terceiro planeta possui só um terço de matéria sólida. O resto é uma substância líquida onde a vida é improvável.

        — Esta conversa me abala os nervos. Imaginar monstros pernaltas, com dois olhos na frente. Toque aqui a antena.

        — Adeus. Não pense mais no assunto. E saia com cuidado para não incomodar as crianças. Seis patas fazem muito barulho...

Fonte: André Carneiro. Planetas Habitados. CARNEIRO, André et. Al. Histórias de ficção científica. São Paulo: Ática, 2005. p. 27-30. (Adaptado).

Fonte: Coleção Rotas. Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Anos finais. 8º ano/Sandra Moura Severino (org.) – Brasília: Caderno de atividades – Editora Edebê Brasil, 2020. p. 45-46.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a crença inicial de um dos personagens em relação à vida em outros planetas, e o que o outro personagem usa para argumentar contra essa crença?

      Um dos personagens expressa dificuldade em acreditar e visualizar planetas habitados por seres "iguais a nós, vivendo como nós". O outro personagem argumenta que essa é uma "pretensão injustificável" e que não se deve deduzir que apenas animais semelhantes aos humanos tenham desenvolvido inteligência.

02 – Que fenômeno incomum é mencionado no conto como possível evidência de vida extraterrestre, e quais são as explicações alternativas dadas por um dos personagens?

      O fenômeno mencionado são objetos de forma arredondada, vistos em nossa órbita. As explicações alternativas citadas por um dos personagens incluem: Pessoas sugestionáveis ou com defeitos na vista. Fenômenos naturais pouco estudados. Máquinas voadoras feitas na Terra (em experiências secretas).

03 – Por que, na visão de um dos personagens, os seres que pilotam as naves espaciais (OVNIs) não pousam e entram em contato com os humanos?

      O personagem sugere que é um "orgulho gratuito" pensar que habitantes de outros planetas estariam interessados em dialogar conosco. Ele levanta a hipótese de que: Os engenhos sejam minúsculos e comandados a distância, apenas nos estudando. Os seres sejam tão diferentes dos humanos que não haja possibilidade de entendimento imediato.

04 – Como os personagens descrevem a possível aparência e forma de comunicação dos habitantes de outros planetas?

      As aparências são descritas de forma especulativa e até irônica, mencionando "duas antenas na cabeça, um olho atrás, outro na frente, quatro braços e seis patas". A comunicação é sugerida como sendo feita por "línguas impossíveis de se aprender", "ruídos" ou "gestos".

05 – Qual é o conceito de beleza questionado no diálogo e qual a analogia final usada para ilustrar essa exclusividade?

      O conceito de beleza exclusivista de um dos personagens é questionado. O personagem que critica essa exclusividade inverte a situação, sugerindo que seria "pior" se os seres tivessem "dois braços, um par de olhos em cima do nariz" – ou seja, fossem semelhantes aos humanos, o que seria considerado "normal" por um dos interlocutores, mas não necessariamente por todos.

06 – Que informação científica é dada no conto sobre o terceiro planeta (que é o objeto da conversa, provavelmente Marte ou Vênus em uma especulação antiga) que tornaria a vida improvável lá?

      A informação é que a atmosfera desse terceiro planeta é oxigênio puro, mas que o planeta "possui só um terço de matéria sólida", e o resto é uma substância líquida onde a vida é improvável.

07 – Qual é a revelação surpreendente (e cômica) do conto que muda o contexto de toda a conversa, sugerindo a identidade oculta do narrador ou de um dos interlocutores?

      A revelação ocorre na última fala, quando um personagem se despede e pede ao outro para sair com cuidado para não incomodar as crianças, pois "Seis patas fazem muito barulho...". Isso implica que o personagem que está saindo (ou o narrador) tem seis patas, confirmando a aparência "monstruosa" que eles estavam discutindo e indicando que ele é o próprio ser extraterrestre.

 

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