Poesia: SONETO
DE CARNAVAL
Vinícius de Moraes
Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.
Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.
Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.
E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim
De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo.
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.
Oxford, carnaval de 1939. Vinícius de Moraes. Livro de sonetos.
São Paulo: Companhia
das Letras, 1991.
Entendendo o soneto:
01 – Caracterize o amor descrito pelo eu lírico nesse
poema.
Trata-se de um
amor feito de lembranças, que causam tormento e angustia, mas que o eu lírico
não pode nem quer tirar do pensamento.
02 – Explique a razão do título “Soneto de carnaval”.
O poema é um
soneto, porque tem dois quartetos e dois tercetos. Foi criado no Carnaval de
1939 quando o autor se encontrava em Oxford, segundo a informação abaixo do
poema.
03 – Interprete estes versos:
“Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.”
Um ciúme do próprio ciumento.”
O eu lírico sente
ciúme dele próprio, ou melhor, dele quando viveu momentos de intensa felicidade
junto à amada.
04 – Considerando que o
artigo, o pronome, o adjetivo e o numeral concordam com o substantivo ao qual
se referem, que palavras estão concordando com o substantivo amor, no verso a seguir?
Classifique-as morfologicamente.
“Distante o meu amor, se me afigura”.
Distante:
adjetivo; O: artigo; Meu e me: pronomes.
05 – Com que palavra está
concordando o adjetivo breves,
na terceira estrofe?
Com o substantivo anos.
06 – Considerando que o
verbo concorda em número e pessoa com o seu sujeito, explique a flexão do verbo
saber neste verso:
“Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo.”
Nos dois casos, o
verbo saber concorda em número e pessoa com o seu sujeito simples (ela e eu).
Nenhum comentário:
Postar um comentário