Conto: Nome, coleira e liberdade
Eu sempre me orgulhei da
condição de vira-lata.
Sempre fui um cachorro de
focinho para cima.
Fujo de pedrada, que eu não
sou besta.
Fujo de automóvel, que não
sou criança.
Trato gente na diplomacia:
de longe!
Não me deixo tapear. Comigo
não tem “não-me-ladres”.
Se precisar, eu ladro e
mordo!
E coleira, aceitar eu não
aceito, de jeito nenhum!
Quando vejo certos colegas
mostrando com orgulho aquela rodela imbecil no pescoço, como se não fosse
coleira, mas colar, chego a ter vergonha de ser cão.
Palavra de honra!
A coleira é o dono!
A coleira é escravidão!
Coleira é o adeus à
liberdade!
Dirão
vocês: a coleira pode livrar o cachorro da carrocinha.
Posso falar com franqueza?
Cachorro que não sabe fugir
da carrocinha pelas próprias patas, que não é capaz de autografar a canela de
um caçador com os seus próprios dentes, não tem direito de ser cão.
E é por isso que eu sempre
fui contra o nome que os homens me impingem. Porque é símbolo, também, de
escravidão.
LESSA, Orígenes.
Podem me chamar de Bacana.
Rio de janeiro:
Tecnoprint, 1977, p. 25
Entendendo o conto:
01 – No texto, o cão é:
(A)
Covarde
(B)
Tolo
(C)
Livre
(D)
Envergonhado.
02 – Qual é o significado de
coleira para o vira-lata?
Coleira é o dono,
é escravidão, é o adeus a liberdade.
03 – “A coleira pode livrar
o cachorro da carrocinha.” O que o vira-lata pensa sobre isso?
“Cachorro que não sabe fugir da
carrocinha pelas próprias patas, que não é capaz de autografar a canela de um
caçador com os seus próprios dentes, não tem direito de ser cão.”
04 – “Eu sempre me orgulhei
da condição de vira-lata.”, por que o cachorro diz isso?
Ele sempre se orgulhou por ser um animal
livre.
05 – Como o vira-lata, trata
as pessoas?
Trata as pessoas com diplomacia, de longe.
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