Fábula: Jabuti
sabido com macaco metido
Ana Maria Machado
Jabuti pode parecer bicho meio bobo,
assim – pesadão, devagar – mas não é nada disso!
Índio
bem que sabe. Tanto sabe que conta um montão de histórias da esperteza de
jabuti.
E
tanto conta que até muita gente, que nem é índio, aprendeu a contar
também. Até casos inventados. Histórias feito está aqui.
Diz
que era uma vez um jabuti muito esperto que morava lá no meio da mata, na beira
do rio.
Na
mata tinha bichos maiores (...), mais fortes (...), mais abraçadores (...),
mais fedorentos (...).
Mas não
tinha bicho mais esperto que o jabuti.
Uma
coisa que acontece muito com quem não é esperto, imagine só... É
justamente ficar “se achando” o mais esperto do mundo!
E era
isso que acontecia lá na mata. (...)
Daí
que resolveram fazer um concurso. Concurso bem concorrido, de ver
quem era “o mais sabido”. E escolheram o homem para ser juiz. Mais
exatamente um curumim, filhote de homem.
Curumim
chegou e viu os bichos todos reunidos. Foi logo começando e perguntando:
-- Qual
a esperteza de vocês?
Cada
um foi contando vantagem. (...) A raposa se gabava de que, uma vez, se fingiu
de bicho-folhagem.
Só
o jabuti não dizia nada. Quando curumim perguntou a ele, foi desconversando:
-- Não
sei nada disso, não! ... Eu sou é muito bobo. Qualquer um me engana.
Curumim
logo viu que aquilo era mesmo disfarce danado de esperto, para ninguém prestar
atenção nele. Ai, mudou de conversa e disse assim:
-
Só pode ser fruta! As melhores frutas da floresta! Quem ganhar escolhe quantas
quiser.
(...)
Todos ficaram de acordo. Ai, curumim perguntou:
-- “O que
é, o que é, que fica acima do céu?
A
onça, que era mais forte, fez questão de responder antes de todo mundo. E
gritou:
-- Ovo!
Ninguém
entendeu. Mas é que ela achava que toda pergunta que começa com “o – que – é –
o – que – é?” tem a mesma resposta: ovo. (...).
Se
não fosse resposta da onça, todo mundo tinha caído na gargalhada.
Mas,
dela, o pessoal tinha um medo danado! Por isso, fizeram de conta que não tinham
ouvido nada. Só curumim falou:
--
(>>>) Está errado!
Cada
bicho foi dando uma resposta (...). Ninguém acertava. Até que o macaco disse:
-- É
Deus!
E o
jabuti disse:
-- É o
acento agudo do é.
Ficou
a maior discussão, uma achando que podia ser qualquer uma das duas respostas.
Outros garantindo que só um tinha razão.
E curumim
falou, pedindo atenção:
--
Vamos desempatar na escolha do prêmio. Quantas frutas você quer, macaco?
Quantas você quer, jabuti?
O macaco,
muito guloso, logo propôs:
--
Agora não quero nenhuma, que estou de barriga cheia. Vou guardar para amanhã de
manhã. E ai vou querer todas as frutas que eu conseguir comer em jejum.
O jabuti
nem se apressou e foi com calma que falou:
--
Quero uma.
Todos se
espantaram:
-- Uma?
Ele
confirmou:
--
Isso mesmo! Juntem todas as frutas que tiverem e contém todas. Uma é
minha. Podem ficar com as outras.
No
dia seguinte, bem cedo, lá estava os bichos reunidos, na frente de uma pilha de
frutas enorme. Tinha (...) tudo quanto é fruta boa que der para se imaginar. O
macaco, que não comia desde a véspera, foi logo avisando:
-- Eu
começo!
E
começou mesmo, rindo, achando que depois que acabasse com todas as frutas que
conseguisse comer, em jejum, não ia sobrar nada para o jabuti. Mas quando ia
descascar a segunda banana para botar na pança, ouviu logo o jabuti com sua voz
mansa:
-- Pode
ir parando ...acabou sua vez!
-- Como
acabou? Ainda estou começando ...
--
Nada disso, você podia comer tudo o que conseguisse, em jejum. Só que agora não
está mais em jejum, porque já comeu uma banana. Acabou.
Foi
uma gargalhada geral, todos rindo do guloso. O macaco foi embora, de cara feia,
furioso.
Curumim
anunciou:
--
Agora é a vez do jabuti. Vamos contar as frutas, para ele tirar a dele.
E começou
a contar:
-- Uma,
duas, três ...
--
Pode ir parando – interrompeu o jabuti. – Deixa eu pegar a minha, essa ai que
você chamou de uma.
E pegou.
Depois disse:
-- Vamos,
conte!
Quando
curumim recomeçou e disse de novo:
-- Uma...
O jabuti
interrompeu outra vez:
--
Uma? Então é minha...
E
assim foi até o fim. Curumim não conseguia contar, porque toda vez que ele
dizia uma, o jabuti pegava a fruta para ele e dizia:
-- É
minha. Só quero uma.
“De uma
em uma.” Ficou com toda a pilha!
Fruta
de sobra, para ele dividir com os amigos e com toda a família.
Moral: A falta de atenção e a derrota
da pessoa.
Ana
Maria Machado
Entendendo a fábula:
01 – Para você, o que é ser esperto?
Resposta pessoal do aluno.
02 – Por que o curumim foi escolhido para ser o juiz?
Porque era filho de homem.
03 – O que fez o macaco perder o prêmio?
Porque a partir da segunda banana, já não seria mais jejum.
04 – De que maneira o jabuti agiu para ganhar todo o
prêmio?
Toda vez que curumim falava uma, era a fruta do jabuti.
05 – Quais bichos aparecem na história?
O jabuti, a raposa, a onça e o macaco.
06 – O que significa a palavra curumim? Consulte o
dicionário.
Menino, rapaz índio.
07 – Nessa história, que bicho era mais temido?
A onça.
08 – Complete a tabela com
características de cada personagem de acordo com a história.
Personagem
|
Característica
|
Onça
|
Era a mais forte.
|
Macaco
|
Era o mais guloso. (Metido)
|
Jabuti
|
Era o mais esperto. (Sabido)
|
Curumim
|
Era homem.
|
09 – Você gostou dessa história? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal do aluno.
achei muito legal a historia
ResponderExcluirTamb
Excluirgostei muito da histori fique alegre
Excluireu li esse conto ele e demais ótimo trabalho
ResponderExcluirAchei legal não eu adorei hoje a prô passau uma lição dessa história ��
ResponderExcluirestá FOI EMPREGADO NO LUGAR DE ESTA
ResponderExcluirGRATA
legal
ResponderExcluirGostei MT minha filha amou a história, bem engraçada e lgl! Parabéns!!
ResponderExcluir