quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

TEXTO: O ALMOÇO - ADAPTADO DE: LYGIA BOJUNGA NUNES (A BOLSA AMARELA) - COM GABARITO

 Texto: O Almoço

      Trouxeram a travessa de bacalhoada e botaram bem na minha frente. A bacalhoada soltava mais fumaça que qualquer chaminé, e a fumaceira passava rentinho do meu nariz.

        Encheram o meu prato. Tomei coragem e falei:

        - Tia Brunilda, a senhora vai me desculpar, mas se tem comida que eu não topo é bacalhau.

      - Bobagem da Raquel, ela gosta sim – o meu pai falou.

      Olhei pra minha mãe e ela fez cara de quem diz: “não cria caso, sim, Raquel?” Vi que ia dar alteração. Então mandei recado pro estômago aguentar firme, e comecei a mastigar devagar. Foi aí que o Alberto se abaixou pra apanhar o guardanapo e gritou:

           - Ih pessoal, vocês já viram o tamanho da bolsa da Raquel? O que é que você carrega aí dentro, hem, Raquel?

           - Nada. Não carrego nada, viu? – respondi já meio afobada. Aí o Alberto falou:

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – Mas disse aquilo cantando. Com a música de “Vou passear na floresta, enquanto seu lobo não vem”.

           Meu coração disparou. Tudo que o Alberto dizia que ia fazer, fazia mesmo.

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – Se levantou da mesa e veio vindo pra perto de mim. Estendia as mãos assim que nem garra de monstrinho, e fazia cada careta horrível.

            O pessoal desatou a rir: Principalmente a tia Brunilda. Ria de chorar. Me levantei, e botei a bolsa atrás de mim. Aí o Alberto começou a me fazer cócega pra ver se eu saía da frente da bolsa. Pra quê! Fiquei na maior chateação:

           - Tia Brunilda, diz pro Alberto parar com isso, sim?

           Ela ria.

           - Vou espiar essa bolsa, pra ver o que é que ela tem. – E toca a fazer cócega.

           Fui pra perto da tia Brunilda:

          - A senhora acha engraçado tudo o que o Alberto faz, não é? Ele pode fazer maior besteira do mundo que a senhora acha graça.

          Minha irmã fechou a cara:

          - Não fala assim com a tia Brunilda.

          - Ela não tá ligando a mínima o que o Alberto faz comigo, por que é que eu vou ligar pra ela?

          - Raquel?

          - Porque vocês tão sempre ligando, é?

          - Não precisa dizer mais nada, Raquel.

          - Vou espiar essa bolsa...

          - Porque vocês tão sempre paparicando ela, é?

          - Raquel, eu disse chega.

          - ...pra ver o que é que ela tem.

          - Porque ela é rica, é?

          - Eu disse chega!

          - Vou espiar essa bolsa...

          - Porque ela tá sempre dando presente, é?

          - Chega!!!

                                                    Adaptado de: Lygia Bojunga Nunes. A bolsa amarela. Rio de Janeiro: Agir, 1979.

Fonte: Livro: Português – 5ª série – Palavra Aberta- Isabel Cabral – Atual Editora – p. 66-68.

Entendendo o texto

      1.   Várias personagens participam do almoço na casa da tia Brunilda.

a)   Quais são as personagens dessa história?

Raquel, Alberto, tia Brunilda, os pais e a irmã de Raquel.

 b)   Quem é a personagem mais importante da história?

Raquel.

2.   O narrador também é personagem?

             Sim. Raquel narra a história.

           3.   Raquel não gostava de bacalhoada.

   a)   Ela conseguiu deixar de comer dessa comida? Por quê?

Não. Sua mãe a repreendeu, dando a entender que haveria problemas sérios se ela não comesse.

 b)   O que você acha de alguém ser obrigado pelos mais velhos a comer o que não gosta?

Resposta pessoal.

4.   Alberto cismou em pegar a bolsa de Raquel para ver o que tinha dentro.

    a)   Como Raquel se sentiu?

Ficou desesperada, seu coração disparou.

 b)   Como você se sentiria se alguém quisesse pegar algo seu, à força, para expor a todo o mundo?

Resposta pessoal.

 c)   Das ações da personagem Alberto, podemos concluir algumas de suas características. Que características são essas?

Desrespeitoso, cruel, provocativo, invasivo.

5.   “O pessoal desatou a rir. Principalmente a tia Brunilda. Ria de chorar.”

   a)   O que você acha da atitude que os adultos tiveram diante do que acontecia com Raquel?

Resposta pessoal.

 b)   Na sua opinião, por que ninguém fez nada para proteger a menina?

Resposta pessoal.

 6.   Sem nenhum apoio, Raquel começa a falar “coisas indesejáveis” para sua família.

    a)   O que ela disse que é “indesejável”? Escreva com suas próprias palavras.

Ela acusou a família de “paparicar” a tia Brunilda porque era rica e dava presentes.

b)   Como a família reagiu ao que Raquel disse?

Impediram-na de continuar a falar.

7.   O “clima” do almoço na casa da tia Brunilda estava calmo ou tenso?

             Tenso.

            8.   O texto termina com alguém gritando “-Chega!!!” para Raquel.

            O que você acha que aconteceu depois disso? Escreva um ou dois parágrafos, finalizando a história.

            Resposta pessoal.

 

 

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