quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

TEXTO: NA PRAIA E NO LUAR, TARTARUGA QUER O MAR - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

Texto: Na praia e no luar, tartaruga quer o mar
          
Ana Maria Machado

        Mas, nesse dia, de longe, ela e Pedro viram um ajuntamento de crianças falando alto e rindo, em volta de alguma coisa no chão. Quando chegaram perto, viram que era uma tartaruga enorme.
        Uma professora explicou:
        -- As crianças encontraram ela encalhada meio das pedras, com um pedaço de rede enrolado.
        -- Está muito machucada. Na certa, ficou presa na rede e se feriu tentando sair – comentou o irmão.
        -- Será que ela vai morrer, Pedro?
        -- Não sei. Vamos ver o que a gente pode fazer.
        -- As crianças tentaram pegar, mas é muito pesada – disse a professora.
        Todos queriam falar ao mesmo tempo. As crianças da creche contavam:
        -- Meu pai já pegou uma maior do que essa.
        -- E o meu já pegou uma porção.
        -- É uma delícia... Mamãe faz sopa, faz pastel, faz moqueca...
        -- Pois a minha mãe não deixa a gente comer, papai vende tudo para os restaurantes.
        Uma das crianças sugeriu:
        -- A gente podia levar e fazer para o almoço...
        -- Ou dar para o meu pai. Ele mata.
        A professora estava indecisa. Não queria inventar uma coisa complicada e trabalhosa. Mas dava pena perder um animal daqueles, com tanta carne... E, depois, tinha o casco. Tinha gente que comprava e pagava bem. Levaram para a cidade, para fazer pentes, caixinhas, enfeites...
        Mas Pedro disse:
        -- Nada disso. Vamos cavar um buraco na areia, ali bem perto da maré, para ficar uma piscininha cheia d’água. Aí a gente leva a tartaruga para lá e vamos ver. Mas ninguém vai matar nada nem deixar morrer.
        Foram todos juntos. Cavaram um buraco grande que foi se enchendo de água. Depois Pedro e a professora carregaram a tartaruga até lá. E começaram a dar banho nela, jogando água, limpando a areia, enquanto conversavam. Uma das crianças disse:
        -- Meu pai também não gosta que mate. Ele disse que a gente deve deixar as tartarugas vivas, que é para elas botarem ovo. Que a gente ganha mais dinheiro vendendo os ovos para os restaurantes do que a carne.
     Na praia no luar, tartaruga quer o mar. Ana Maria Machado.
                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.160-2.

 Entendendo o texto:

01 – Comente, dizendo o que pensa das frases abaixo:
a)   “-- É uma delícia... Mamãe faz sopa, faz pastel, faz moqueca...”
b)   “-- Pois a minha mãe não deixa a gente comer, papai vende tudo para os restaurantes.”
c)   “-- A gente podia levar e fazer para o almoço...”
d)   “-- Ou dar para o meu pai. Ele mata.”
e)   “E, depois, tinha o casco. Tinha gente que comprava e pagava bem. Levaram para a cidade, para fazer pentes, caixinhas, enfeites...”.
Resposta pessoal do aluno.

02 – Os pais dessas crianças estão protegendo o meio ambiente? Justifique sua resposta.
      Não. Porque todos quiseram levar a tartaruga para obter dinheiro ou transformá-la em alimento.

03 – A professora demonstrou conhecimento em relação ao desaparecimento da espécie? Por quê?
      Não. Porque também pensou em usar a tartaruga para proveito próprio.

04 – Por que Pedro quis cavar um buraco na areia, perto da maré? Isso ajudaria a salvar a tartaruga? Por quê?
      Sim. Porque na água, e com a maré cheia, a tartaruga teria condições de melhorar e voltar ao mar.

05 – Releia e comente o último parágrafo do texto. Matar as tartarugas ou vender seus ovos para os restaurantes não tem o mesmo efeito de destruição? Opine.
      Sim. Os ovos representam novas vidas. Vende-los para restaurantes seria o mesmo que matar as tartarugas.

06 – Você conhece outros animais que estão em extinção? Quais?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: a ararinha-azul, o urso panda, o bacalhau, etc.

07 – Você sabe se já houve animais que desapareceram naturalmente? Quais?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: os dinossauros.






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