Texto: Num
encontro pela liberdade de opinião
Vimos aqui hoje para defender a
liberdade de opinião assegurada pela Constituição dos Estados Unidos e também
em defesa da liberdade de ensino.
Por isso mesmo, queremos chamar a
atenção dos trabalhadores intelectuais para o grande perigo que ameaça essa
liberdade.
Como é possível uma coisa dessas? Por
que o perigo é mais ameaçador que em anos passados? A centralização da produção
acarretou uma concentração do capital produtivo nas mãos de um número
relativamente pequeno de cidadãos do país. Esse pequeno grupo exerce um domínio
esmagador sobre as instituições dedicadas à educação de nossa juventude, bem
como sobre os grandes jornais dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, goza de
enorme influência sobre o governo. Por si só, isso já é suficiente para
constituir uma séria ameaça à liberdade intelectual da nação.
Mas ainda há o fato de que esse
processo de concentração econômica deu origem a um problema anteriormente
desconhecido – o desemprego de parte dos que estão aptos a trabalhar.
O governo federal está empenhado em
resolver esse problema, mediante o controle sistemático dos processos
econômicos – isto é, por uma limitação da chamada livre interação das forças
econômicas fundamentais da oferta e da procura. Mas as circunstâncias são mais
fortes que o homem.
A minoria econômica dominante, até hoje
autônoma e desobrigada de prestar contas a quem quer que seja, colocou-se em
oposição a essa limitação de sua liberdade de agir, exigida para o bem de todo
o povo. Para se defender, essa minoria está recorrendo a todos os métodos
legais conhecidos a seu dispor. Não deve nos surpreender, pois, que ela esteja
usando sua influência preponderante nas escolas e na imprensa para impedir que
a juventude seja esclarecida sobre esse problema, tão vital para o
desenvolvimento da vida neste país.
Não preciso insistir no argumento de
que a liberdade de ensino e de opinião, nos livros ou na imprensa, é a base do
desenvolvimento estável e natural de qualquer povo. Possamos todos nós,
portanto, somar as nossas forças. Vamos mantermos intelectualmente em
guarda, para que um dia não se diga da elite intelectual deste país:
timidamente e sem nenhuma resistência, eles abriram mão da herança que lhes
fora transmitida por seus antepassados – uma herança de que não foram
merecedores.
Albert Einstein, Escritos da maturidade.
Conferência
pronunciada em 1936.
Entendendo o texto:
01 – Albert Einstein, além
de ser o notabilíssimo físico, preocupava-se também, como fica evidente no
texto, com a:
(A) ameaça que representa a
intervenção do poder estatal, seja para o sistema econômico, seja para o
sistema de ensino.
(B) concentração
do poder econômico, quando este passa a ter influência sobre o debate e a livre
circulação de ideias.
(C) situação de alto índice
de desemprego, que desequilibra não apenas as regras do mercado como também o
sistema educacional.
(D) centralização da
produção, quando ela passa a subordinar- se a circunstâncias que fomentam
debates pela imprensa.
(E) influência do poder
econômico sobre o governo, quando este deseja fazer valer as leis do livre
comércio.
02 – Para se defender, essa
minoria está recorrendo a todos os métodos legais conhecidos a seu dispor. (3º parágrafo) Contextualizada a frase acima Einstein está:
(A) alertando para a
fragilidade de um sistema econômico à mercê de debates e críticas permanentes.
(B) admitindo que a
concentração do poder econômico põe em risco os
parâmetros constitucionais.
(C) reconhecendo o
poder institucional de que se vale a minoria econômica dominante para impor
seus interesses.
(D) recusando a legitimidade
dos métodos legais de que as minorias se valem para se oporem às leis do
mercado.
(E) considerando o direito
que têm as minorias de se defenderem dos abusos do poder econômico.
03 – Considere as seguintes
afirmações:
I. A frase do texto que
resume o fato problematizado por Einstein é: O governo federal está empenhado
em resolver esse problema, mediante o controle sistemático dos processos
econômicos (...).
II. Na frase as
circunstâncias são mais fortes que o homem, o termo sublinhado refere-se ao
movimento de reação em que se estão empenhando os intelectuais.
III. No contexto do último
parágrafo, a afirmação de que eles abriram mão da herança denota a quebra de
uma tradição histórica de defesa dos ideais de liberdade.
Em relação ao texto, está
correto o que se afirma em:
(A) I, II e III.
(B) I e II, somente.
(C) II e III, somente.
(D) I, somente.
(E) III, somente.
04 – A expressão limitação
de sua liberdade de agir, no terceiro parágrafo, refere-se aos limites em que
se deve circunscrever:
(A) a intervenção do poder
estatal sobre a economia.
(B) a ação da imprensa e da
elite intelectual.
(C) o sistema jurídico em
processo de institucionalização.
(D) o
funcionamento básico das leis do mercado.
(E) a reação dos
trabalhadores intelectuais.
05 – Representa-se um
encadeamento progressivo de fatos na sequência:
(A) centralização
da produção - concentração do capital - influência preponderante nas escolas e
na imprensa.
(B) centralização da
produção - domínio esmagador - concentração do capital.
(C) defesa da liberdade de
ensino - interação das forças econômicas - influência preponderante nas
escolas.
(D) grande perigo que ameaça
a liberdade – controle sistemático das forças econômicas - processo de
concentração econômica.
(E) defesa da liberdade de
ensino - desemprego de parte dos que estão aptos a trabalhar – desenvolvimento
da vida no país.
06 – A centralização da
produção acarretou uma concentração do capital produtivo nas mãos de um número
relativamente pequeno de cidadãos do país.
As expressões sublinhadas podem ser
substituídas, respectivamente, sem prejuízo para a correção e o sentido da
frase acima, por:
(A) estribou-se numa – comparavelmente
(B) incluiu-se em uma – um tanto quanto
(C) implicou-se numa – mais ou menos
(D) deveu-se a uma – moderadamente
(E) originou uma – em certa medida.
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