Poema: O
“ADEUS” DE TERESA
Castro Alves
A vez
primeira que eu fitei Teresa,
Como as
plantas que arrasta a correnteza,
A valsa
nos levou nos giros seus...
E amamos
juntos... E depois na sala
“Adeus ei
disse-lhe a tremer co’a fala...
E ela,
corando, murmurou-me: “adeus!”
Uma
noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da
alcova saía um cavalheiro
Inda
beijando uma mulher sem véus...
Era eu...
Era a pálida Teresa!
“Adeus”
lhe disse conservando-a presa...
E ela
entre beijos murmurou-me: “adeus!”
Passaram
tempos... sec’los de delírio
Prazeres
divinais... gozos do Empíreo...
... Mas
um dia volvi aos lares meus
Partindo
eu disse – “Voltarei! ... descansa! ...”
Ela,
chorando mais que uma criança,
Ela em
soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando
voltei... era o palácio em festa! ...
E a voz
d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam
de amor o azul dos céus.
Entrei!
... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a
última vez que eu vi Teresa! ...
E ela
arquejando murmurou-me: “adeus!”
Castro
Alves. In: Lajolo, M. e Campedelli, S. Y. Op. cit.
Entendendo
o poema:
01 –
Percorrendo as estrofes do poema, pode-se perceber que há nele uma progressão
temporal. Procure detectá-la.
Há um primeiro encontro, numa festa; um segundo encontro, tempos depois (“Uma
noite...”); uma época em que o casal vive junto; e, finalmente, a separação.
02 – A
mulher enfocada nesse poema está perfeitamente enquadrada na visão romântica
tradicional? Caracterize-a.
Trata-se de uma mulher mais sensual, menos etérea, mais próxima.
03 – Há
uma ruptura evidente da terceira para a quarta estrofe. Basicamente, um verso
estabelece a separação definitiva. Aponte-o.
“Foi a
última vez que eu vi Teresa! ...”
04 – Faça
uma leitura pessoal da figura de Teresa. O que lhe parece essa mulher?
Resposta pessoal do aluno. Professor: aceite como respostas mulher infiel,
abandonada, seduzida, etc.
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