quinta-feira, 26 de abril de 2018

POEMA: AOS POETAS CLÁSSICOS - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

Poema: AOS POETAS CLÁSSICOS
              Patativa do Assaré

[...]

Depois que os dois livro eu li,             Cheio de rima e sentindo
Fiquei me sentindo bem,                    Quero iscrevê meu volume,
E ôtras coisinha aprendi                     Pra não ficá parecido
Sem tê lição de ninguém.                   Com a fulô sem perfume;
Na minha pobre linguage,                  A poesia sem rima,
A minha lira servage                          Bastante me disanima
Canto o que minha arma sente          E alegria não me dá;
E o meu coração incerra,                   Não tem sabô a leitura,
As coisas de minha terra                    Parece uma noite iscura
E a vida de minha gente.                   Sem istrela e sem luá. [...]
Poeta niversitaro,
Poeta de cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia
Não vá recebe carinho,
Nem lugio e nem istima,
Mas garanto sê fié
E não istruí papé
Com poesia sem rima.

                       Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva,
                                                                     Talvez este meu livrinho 1909 – 2002).                                             
Entendendo o poema:
01 – O eu lírico imagina que a linguagem empregada em seus poemas não corresponde exatamente às expectativas de leitores cultos, que por isso não apreciariam seu livro. Por que ele acha que seus versos não agradariam a esses leitores?
     O eu lírico acredita que os leitores cultos desprezarão seus versos porque neles não se encontram referências à mitologia nem mesmo um rico vocabulário.

02 – Nos versos da canção, o eu lírico declara desejar escrever um livro que seja agradável à leitura. Por que se pode afirmar que no poema essa leitura prazerosa está associada a uma linguagem não utilitária?
     Uma vez que julga recursos como a rima essenciais para elaborar versos cuja leitura seja agradável, o eu lírico sugere que somente uma linguagem especial pode ser atraente.

03 – A linguagem sem recursos especiais é desprezada pelo eu lírico. A que o eu lírico compara essa linguagem que “não tem sabô”?
     O eu lírico compara a linguagem sem atrativos a uma flor (mulher) sem perfume e a uma noite escura, sem estrela nem luar.



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