Poema: AOS POETAS CLÁSSICOS
Patativa do Assaré
[...]
Depois que os dois livro eu
li, Cheio
de rima e sentindo
Fiquei me sentindo
bem, Quero
iscrevê meu volume,
E ôtras coisinha
aprendi Pra
não ficá parecido
Sem tê lição de
ninguém. Com
a fulô sem perfume;
Na minha pobre linguage,
A poesia sem rima,
A minha lira
servage Bastante
me disanima
Canto o que minha arma
sente E alegria não me
dá;
E o meu coração incerra,
Não
tem sabô a leitura,
As coisas de minha
terra Parece
uma noite iscura
E a vida de minha
gente.
Sem istrela e sem luá. [...]
Poeta niversitaro,
Poeta de cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia
Não vá recebe carinho,
Nem lugio e nem istima,
Mas garanto sê fié
E não istruí papé
Com poesia sem rima.
Patativa
do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva,
Talvez este meu
livrinho 1909 –
2002).
Entendendo o poema:
01 – O eu
lírico imagina que a linguagem empregada em seus poemas não corresponde
exatamente às expectativas de leitores cultos, que por isso não apreciariam seu
livro. Por que ele acha que seus versos não agradariam a esses leitores?
O eu lírico acredita que os leitores cultos desprezarão seus versos porque
neles não se encontram referências à mitologia nem mesmo um rico vocabulário.
02
– Nos versos da canção, o eu lírico declara desejar escrever um livro que
seja agradável à leitura. Por que se pode afirmar que no poema essa leitura prazerosa
está associada a uma linguagem não utilitária?
Uma vez que julga recursos como a rima essenciais para elaborar versos cuja
leitura seja agradável, o eu lírico sugere que somente uma linguagem especial
pode ser atraente.
03
– A linguagem sem recursos especiais é desprezada pelo eu lírico. A que o
eu lírico compara essa linguagem que “não tem sabô”?
O eu lírico compara a linguagem sem atrativos a uma flor (mulher) sem perfume e
a uma noite escura, sem estrela nem luar.
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