Poema: Primeiro
Motivo da Rosa
Cecília Meireles
Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula,
que penso ver, efêmera,
toda a Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil.
Meus olhos te ofereço:
espelho para a face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.
Então, de seda e nácar,
toda de orvalho trêmula,
serás eterna. E efêmero
o rosto meu, nas lágrimas
do teu orvalho... E frágil.
Cecília Meireles.
Antologia Poética. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira,
2001. Obra poética. cit. p. 232.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o poema,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Efêmero: de pouca duração, passageiro, transitório.
·
Nácar: substância branca, com reflexos irisados, que se encontra no
interior das conchas.
02 – Compare a estrutura
formal do poema – métrica, seleção vocabular, construção sintática, sonoridades
– à dos poemas modernistas da primeira geração. Em que elas se diferenciam?
O poema apresenta
versos regulares (metrificados) e preocupação vocabular e formal em geral,
características ausentes da poesia da geração de 22.
03 – De acordo com a 1ª
estrofe do poema de Cecília Meireles, que atributos tema rosa para simbolizar a
efemeridade das coisas?
A beleza e a
fragilidade.
04 – Identificado com a
condição da rosa, o eu lírico busca um meio para eternizar a flor. Qual é esse
meio?
A poesia.
05 – A identificação com a
condição da rosa revela uma profunda inquietude do eu lírico perante a força
avassaladora do tempo.
a)
Destaque da última estrofe do poema elementos
que comprovem, além da identificação, a transferência dos atributos da rosa
para o eu lírico.
Como a rosa, o eu lírico também se sente efêmero e frágil (“efêmero
/ o rosto meu”. “É frágil”).
b)
Se a rosa pode alcançar a imortalidade,
levante hipóteses: Por que meio o eu lírico também pode eternizar-se?
Pelo seu canto poético. Cada vez que lemos um poema, de Cecília
Meireles ou de qualquer outro poeta já falecido, é como se seu autor estivesse
vivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário