Certa vez, logo cedo pela manhã, um
macaco que andava pela estrada, resolveu que queria ganhar uma viola para lhe acompanhar
na vida. O problema era que ele não tinha nada. Então, resolveu se sentar à
beira do caminho e esperar algum milagre acontecer. Quando ele se sentou
estirou seu grande rabo atravessando o caminho.
Foi quando veio um homem numa carroça
de boi. O homem disse:
--- Macaco! Tire seu rabo da estrada
que eu quero passar!
--- Que nada! Pode passar por cima! Meu
rabo é muito forte!
--- Macaco! O pneu da carroça vai
quebrar seu rabo e o senhor vai querer outro.
--- Não se incomode! Pode passar assim
mesmo! Já disse que meu rabo é muito forte!
Então, como o homem da carroça tinha
pressa resolveu passar por cima do rabo do macaco. Foi daí que o rabo do macaco
se quebrou e o danado, mesmo com muito grito de dor, falou para o homem:
--- Eu quero meu rabo!
--- Eu lhe disse que seu rabo ia
quebrar, mas você teimou comigo. Agora deu no que deu!
--- Só sei que quero meu rabo! Ou você
me dar um rabo ou me dar uma viola!
--- Eu não tenho viola nenhuma! A única
coisa que eu tenho é um facão.
--- Então, ou me dá o rabo, ou me dá o
facão!
Foi daí que o homem deu o facão para o
macaco e seguiu seu caminho.
O macaco, de posse do facão foi andando
pela estrada, quando encontrou no caminho uma mulher cortando lenha com os
dentes.
--- Minha senhora! Cortando lenha com
os dentes? Tome esse facão!
--- Não posso aceitar, seu macaco! Eu
já quebrei todos os meus facões para fazer fogueira! Depois, se eu quebrar o
seu facão o senhor vai querer outro.
--- Que nada! Meu facão é forte!
Com a insistência do macaco, a mulher
aceitou o facão. Ela cortou tanta lenha que o facão se quebrou.
O macaco, que tinha ido dar uma volta,
quando voltou foi logo perguntando:
--- Cadê meu facão?
--- Se quebrou!
--- Se quebrou não! Você quem quebrou!
Eu quero meu facão!
---
Mas o senhor disse que seu facão era forte e que ele não se quebraria!
--- Não importa! Eu quero meu facão! Ou
meu facão ou uma viola!
Mas a mulher não tinha viola. O que ela
tinha era somente um cesto velho.
O macaco aceitou o tal cesto no lugar
do facão e foi embora. A mulher, coitada, voltou a cortar lenha com os dentes.
Lá pela tarde, quando chegou na cidade,
encontrou uma mulher que estava vendendo os pães na saia da roupa.
--- Minha senhora! Vendendo pão na
roupa? Que falta de higiene! Tome este cesto!
--- Quero não, seu macaco! Eu vendo
muito pão! Se eu colocar meus pães no seu cesto, ele pode se esbagaçar todo...
Vou perder meus pães e o senhor vai ficar sem seu cesto!
--- Que nada! Meu cesto é muito forte!
Pode vender seus pães sem medo! O macaco insistiu tanto, que a mulher aceitou o
cesto. O macaco tinha ido conhecer a cidade e quando encontrou a mulher
novamente, só a viu com um pão na mão.
--- Ué! Cadê meu cesto?
--- Seu cesto estava muito velho! Se
esbagaçou assim que coloquei meus pães nele. Só consegui segurar este pão.
--- Não quero saber! Ou você me dar o
cesto ou então me dar esse pão! Eu quero mesmo é uma viola, mas já estou vendo
que você não tem condição de me dar uma... Então o pão vai servir.
A pobre mulher deu o pão para o macaco
e foi embora.
O macaco sentiu muita vontade de comer
o pão, mas se ele o comesse voltaria a não ter nada. Então, como já tinha
anoitecido ele entrou numa casa e se espantou ao encontrar duas moças tomando
café com cinzas.
--- Mas o que vejo? Tomando café com
cinzas? Comam este pão!
--- Seu macaco! O senhor só tem um pão.
Como esse pão vai dar para nós três? É melhor o senhor comer sozinho! Nós já
estamos acostumadas a comer cinzas.
--- Que nada! Nem estou com fome! Podem
comer! Está delicioso! Comam! Comam! O macaco deixou o pão em cima da mesa e
deu uma saidinha.
As moças, que há tempos não viam pão
resolveram dividir o pão ao meio e comeram todinho. Quando o macaco chegou
perguntou:
--- Cadê meu pão?
--- Você mandou a gente comer!
--- Mas vocês poderiam, pelo menos, ter
deixado um pedacinho pra mim! Eu quero meu pão!
--- Mas a gente não tem pão, seu
macaco! A gente não tem nada! Só temos a nós mesmas!
--- Então, eu quero uma moça de vocês
pra mim no lugar do pão!
As moças, sem opção, tiraram par ou
ímpar para saber quem iria com o macaco. De posse de uma das moças, lá se foi
ele de braços dados. Lá pelas 10 da noite, entrou num baile e viu vários casais
dançando. Também tinha dois homens dançando juntos. O macaco foi em direção
deles e falou:
--- Meus senhores! Dançando homem com
homem? Longe de mim o preconceito, mas acho que vocês deveriam dançar com essa
moça! Experimente dançar com essa moça linda como esta!
--- Realmente a moça é muito linda, seu
macaco! Mas o senhor só tem uma e nós somos dois.
--- Tenho certeza que vocês vão
encontrar um jeito para resolver esse problema. Ela além de linda é muito
forte. Vai aguentar dançar com os dois. O macaco nem quis argumentar muito. Foi
deixando a moça com os cavalheiros e deu um jeito de sair de mansinho.
Os homens não conseguiam entrar em
acordo de quem dançaria com a moça primeiro. Cada um pegou em um braço da moça
e começou a brigar por ela. Na disputa, de puxa pra lá e puxa pra cá, a moça
quebrou os braços. Nessa hora o macaco voltou ao salão e disse:
--- O que vocês fizeram com minha moça?
--- Você disse que sua moça era forte!
--- Disse sim! Mas não lhes dei o
direito de quebra-la toda! Agora, lhes darei três opções: Ou vocês me dão uma
nova moça, ou eu vou até a delegacia, ou vocês me dão uma viola.
Os homens, com medo de serem presos
compraram a viola de um dos tocadores do baile e entregaram ao macaco. As
pessoas do baile ajudaram a moça e levaram-na ao hospital.
O macaco, enfim, conseguiu o que ele
queria e foi embora cantarolando pelo caminho de volta para casa:
--- Do meu rabo ganhei um facão! Do
facão ganhei um cesto! Do cesto ganhei um pão! Do pão ganhei uma moça! E da
moça ganhei uma viola... Tinguilin tim tim o macaquinha já vai embora...
Tinguilin tim tim o macaquinho já vai embora.
E lá se foi o macaco feliz com sua
viola! “Esta história entrou por uma porta e saiu por outra. Quem quiser que
conte outra!”.
Conto
da Cultura Popular Nordestina - Adaptação:
Prof. MSc. Edilma Silva Santos.
01 – Por que o título do conto é O
Macaco e a Viola”?
Porque o sonho do macaco era ganhar uma
viola, para ser a tua companheira.
02 – Para poder ganhar uma viola. O
que o macaco decidiu fazer?
Sentou-se à beira do caminho e esperou
uma milagre acontecer.
03 – Quando o
macaco sentou-se à beira do caminho o rabo comprido atravessou, o que aconteceu
com seu rabo?
Como o macaco achava que seu rabo era
muito forte, não quis tirar do caminho e uma carroça passou por cima e
quebrou-o.
04 – O macaco
aproveitou o momento, que o rabo quebrou e cobrou do carroceiro, você me dá
outro rabo ou uma viola. Qual foi a resposta do carroceiro?
“Eu não tenho viola nenhuma! A única
coisa que tenho é um facão.”
05 – O macaco
continuou sua viagem, encontrou uma senhora cortando lenha com os dentes, e
ofereceu o facão a ela, que terminou quebrando. O que a senhora deu como
pagamento?
Como a senhora não tinha uma viola, deu
um cesto velho.
06 – Chegando a
cidade, o macaco viu uma mulher vendendo pães na roupa. E ofereceu o cesta
velho. O que aconteceu com o cesto e qual foi a cobrança do macaco?
Como o cesto era velho, se desmanchou,
caindo os pães, sobrando apenas um pão, o que ela deu como pagamento pelo
cesto.
07 – Ao encontrar
duas moças tomando café com cinzas, ficou com dó, e deu o pão para as moças.
Mas, como ele também estava com fome e as moças não deixaram nem um pedaço pra
ele, o que ele quis receber delas?
Como as moças não tinham nada, uma foi
com ele, como forma de pagamento.
08 - O macaco ofereceu a moça a dois homens que
dançavam juntos num baile. Qual foi a resposta deles? Justifique com trecho do
conto.
“Realmente a moça é muito linda, seu
macaco! Mas o senhor só tem uma e nós somos dois.”
09 – O que
aconteceu com a moça, na disputa dos homens para saber com quem ela iria
dançar?
Cada um pegou em um braço da moça e
começou a puxar até quebrar o braços.
10 – Qual foi as
opções que o macaco deu aos dois homens, por terem quebrado os braços da moça?
Ele deu três opções:
·
Vocês
me dão outra moça.
·
Eu
vou até a delegacia.
·
Vocês
me dão uma viola.
11 – Diante das
opções, qual foi a decisão tomada por eles?
Para evitarem de ser preso, eles
compraram a viola de um dos tocadores do baile e entregaram ao macaco.
12 – Como o macaco
tinha conseguido o que queria, ganhar a viola, o que ele cantarolava voltando
para casa? Justifique.
“Do meu rabo ganhei um facão! Do facão
ganhei um cesto! Do cesto ganhei um pão! Do pão ganhei uma moça! E da moça
ganhei uma viola... Tinguilin tim tim o macaquinha já vai embora... Tinguilin
tim tim o macaquinho já vai embora.”
13 – Qual a moral
da história?
“Esta história entrou por uma porta e
saiu por outra. Quem quiser que conte outra!”.
A moral da história é que com um pouco de inteligência e esperteza se consegue o que quiser. Na questão 12 a justificativa é que o macaco canta a sequência dos fatos acontecidos.
ResponderExcluirObrigada pela postagem!
Prof. Edilma.