Texto: Ainda
mais antigo
O antigo cemitério egípcio de Helwan, a
20 quilômetros do Cairo, sempre foi considerado uma área pouco promissora para
escavações arqueológicas. Descoberto em 1942, e com mais de 10.000 sepulturas,
era destinado aos plebeus de Memphis, a capital do antigo império egípcio. Na
semana passada, um grupo de arqueólogos australianos descobriu em Helwan um
pequeno tesouro. Eles acharam três das mais antigas tumbas já escavadas no
país, com cerca de 5000 anos. Além de corpos mumificados e de peças de cerâmica
com oferendas, havia lápides de pedra repletas de desenhos e hieróglifos, um
achado surpreendente em se tratando de tumbas tão antigas e de pessoas comuns.
Até agora, os arqueólogos só tinham encontrado decorações semelhantes em
cemitérios onde estavam as tumbas monumentais de reis e nobres, como os de
Abidos e Saqqara.
A descoberta é uma prova de que, já no
início da civilização egípcia, o uso da escrita pode ter sido mais popular do
que se imaginava, e não se restringia apenas à nobreza. “Com esses hieróglifos
e os objetos encontrados, será possível entendermos não só como era o cotidiano
de Memphis, mas também como foi a evolução da escrita no princípio do império”,
explica a coordenadora da escavação. Christiana Kohler. A descoberta reforça a
tese de que os egípcios criaram um sistema de escrita independente de outras
formas que já existiam.
Até pouco tampo atrás, os hieróglifos
eram considerados uma adaptação da escrita desenvolvida na Mesopotâmia. Numa
das lápides, os pesquisadores encontraram uma imagem comparável às mais belas
representações de arte antiga egípcia conhecidas. Ela retrata uma mulher
sentada, cercada de desenhos e sinais que indicam seu nome, sua posição social
e os víveres que levava para além-túmulo. É uma obra rara porque os egípcios
não costumavam adornar tumbas de mulheres plebeias, mesmo sendo ricas.
A maioria dos sepultamentos da
necrópole de Helwan ocorreu entre a primeira e a terceira dinastias – de 3000 a
2500 antes de Cristo. Nessa época, o país se unificou e passou a ser governado
por um rei, que no entanto não recebia ainda o título de faraó. Sistemas de
irrigação permitiam a produção agrícola em larga escala, e o governo central
cobrava impostos das vilas e aldeias. “Quando pensamos em civilização egípcia,
frequentemente nos lembramos da tumba suntuosa de Tutancâmon, dos templos de
Luxor, um egípcio que floresceu 2000 anos depois de as sepulturas de Helwan
serem construídas”, diz o arqueólogo australiano David Pritchard, membro da
equipe que realizou a descoberta. Na verdade, a ideia que temos do Egito antigo
começou a ser construída já nos primórdios da civilização à beira do Nilo, como
provam os túmulos de Helwan.
Veja,
Abril, São Paulo, ano 35, n. 5, p. 70, 6 fev. 2002.
Entendendo o texto:
01 – Que diferenças
essenciais existem entre a explicação
mitológica e a científica? Comente.
A explicação mitológica é mágica, depende
da crença e da religiosidade de cada um.
A explicação científica pretende
demonstrar através de métodos, determinada tese.
02 – Levante alguns dados no
texto de divulgação cientifica – localidade, data e nome dos pesquisadores – e
depois responda: os dados informados podem ser confirmados? Qual é a
importância de se informar esses dados?
Sim. Informar
tais dados confere caráter de verdade ao que foi relatado.
03 – Qual é a função da foto
em um texto de divulgação científica?
Tem a mesma
função dos dados: conferir caráter de verdade.
04 – Agora, observe quais
foram os objetivos de cada parágrafo. O objetivo do primeiro parágrafo foi
descrito abaixo. Leia-o e continue no seu caderno.
1° parágrafo: Relatar o que aconteceu,
fornecer os dados para localizar o leitor.
2° parágrafo:
explicar qual é a importância da descoberta arqueológica.
3° parágrafo:
comparar os estudos de até então com as novas descobertas.
4° parágrafo:
contar brevemente a história do Egito.
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