Conto: A VOZ DA CONSCIÊNCIA E
OUTRAS VOZES
Moacyr Scliar
Minha avó costumava dizer que a
consciência é esta vozinha que, dentro de nós, nos diz o que deve ser feito. E
depois acrescentava com um suspiro:
— O problema é que há muito barulho no
mundo. As pessoas agora têm dificuldade de ouvir a consciência.
— Minha avó era, portanto, uma pessoa
cética. O que ela não sabia é que o mundo evolui – e que existem maneiras
sempre novas de transmitir às pessoas a mensagem que elas precisam ouvir. A
história que segue é um exemplo...
Desde o primeiro dia de aula ficou
claro que o Edmundo estava a fim de criar confusão. Ele era novo na escola; o
pai, gerente de uma grande empresa, havia sido transferido a pouco para a
cidade. Seria de esperar, portanto, que Edmundo se aproximasse de nós, se
apresentasse, procurasse fazer amizades. Não foi isso que aconteceu. Foi
entrando, um rapaz alto, bonito, muito bem vestido, usando uns estranhos óculos
escuros. Não cumprimentou ninguém; escolheu um lugar, no fundo da sala,
sentou-se, sacou da mochila uma revista, abriu-a e ficou lendo. Nós o
olhávamos, em silêncio. Finalmente, Jorge, que entre nós fazia o papel de
relações públicas, aproximou-se dele:
—
Meu nome é Jorge. Já sabemos que você é novo aqui na escola, e na cidade. Você
não gostaria de conhecer o resto da turma?
Edmundo mirou-o um instante:
— Depois – disse, seco. – Agora estou
lendo.
Moacyr Scliar. A voz
da consciência e outras vozes. In: Ruth Rocha (org.)
Contos da escola.
Objetiva: Rio de Janeiro, 2003, pp. 41-42, vol. 2.
Entendendo o conto:
01 – Em “Desde o primeiro
dia de aula ficou claro que o
Edmundo estava a fim de criar confusão”, a palavra em destaque foi empregada
com o mesmo significado com que foi empregada em:
a)
Os meninos passaram a noite em claro.
b)
O tempo ficou claro de repente.
c)
O claro
do dia dá segurança às pessoas.
d)
O discurso não foi claro para mim.
e)
Mas é claro
que vou à festa!
02 – No texto, o autor
indica que a sequência de ações praticadas por Edmundo no primeiro dia de aula
foram:
a)
Entrar na sala de aula, não
cumprimentar as pessoas, sentar-se no fundo da sala, abrir uma revista e
começar a ler.
b)
Entrar na sala de aula, cumprimentar as
pessoas, sentar-se no fundo da sala, abrir uma revista e começar a ler.
c)
Criar confusão, usar óculos escuros
estranhos, olhar os colegas em silêncio, ler.
d)
Criar confusão, escolher um lugar na sala de
aula, abrir uma revista e começar a ler.
e)
Criar confusão, entrar na sala de aula, abrir
uma revista e começar a ler.
03 – No trecho “Foi
entrando, um rapaz alto, bonito, muito bem vestido, usando uns estranhos óculos
escuros”, as vírgulas foram empregadas para:
a)
Separar frases.
b)
Separar explicações.
c)
Intercalar termos.
d)
Isolar palavras.
e)
Introduzir enumeração.
04 – Observe os trechos a
seguir:
I – “O que ela não sabia é que o mundo evolui...”
II – “Não cumprimentou ninguém...”
Os verbos em destaque exprimem,
respectivamente, fato:
a)
I. Concluído; II. Inacabado no momento em que
é narrado.
b)
I. Inacabado no momento em que é
narrado; II. Concluído.
c)
I. Passado anterior a outro também passado;
II. Concluído.
d)
I. Incerto, duvidoso; II. Supostamente
concluído no passado.
e)
I. Supostamente concluído no passado; II. Incerto,
duvidoso.
05 – Em todas as
alternativas, a palavra em destaque exerce a mesma função sintática, exceto em:
a)
“O problema é que há muito barulho no mundo”.
b)
“O que ela não sabia é que o mundo evolui...”.
c)
“A história que segue é um exemplo...”.
d)
“... ficou claro que o Edmundo estava a fim de criar confusão”.
e)
“Já sabemos que você é novo aqui na escola...”.
06 – Em “Nós o olhávamos, em
silêncio”, a mesma regra que justifica a acentuação da palavra em destaque
justifica a acentuação de:
a)
Consciência.
b)
Avó.
c)
Cética.
d)
Óculos.
e)
Públicas.
OBRIGADA, DE CORAÇÃO, ARMAZÉM DE TEXTO. Adoro os texto de vocês, são bem selecionados de acordo com a faixa etária.
ResponderExcluirContinue nos ajudando. Beijos.