quinta-feira, 20 de novembro de 2025

NOTÍCIA: HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA - FRAGMENTO - GILSON DE AMORIM - COM GABARITO

 Notícia: História da Fotografia – Fragmento

            Gilson de Amorin

        A fotografia é resultado de um longo processo de experiências que tem origem na Antiguidade, com o conhecimento da câmera escura, e acaba se materializando em 1826 com sua invenção por Nicéphore Nièpce. Primeiro os cientistas descobriram o mecanismo de reflexão de imagens com o uso da câmera escura, depois as técnicas de imprimir e fixar a imagem em um papel com o uso de produtos químicos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMBMBmCtMIcOk9l0bPhTROPRTmwTBPRc6uUXw-yFKmEwv0yjaaZ8O5sLsEA6suBKMTe1w3Z8eFs_4ZjXRcXkap3KGWXMVSTyqyK0Bb38T5lZcKaEEgRB7r_XOcJjv3nIMXJxJrC3uJY9O6XaskyAI33DsbLtLBR2w8yhMd8Url3jN68xbkCzDEi6Ksc5o/s320/FOTO.jpeg


        A origem exata da câmara escura é desconhecida, mas há referências sobre seu uso entre os gregos, chineses, árabes, assírios e babilônios muitos anos antes da invenção da fotografia. [...]

        A técnica de produzir imagens da realidade com uso de uma câmera escura já era conhecida desde a antiguidade. Era preciso encontrar uma forma de capturar e fixar a imagem refletida pela câmera escura. É nesse contexto de busca que se destaca o trabalho de pesquisa de Nicéphore Nièpce. Ele conseguiu fixar a imagem em uma placa sensibilizada a partir de produtos químicos, sendo atribuído a ele a produção da primeira fotografia.

        A partir da invenção da fotografia, a técnica fotográfica é difundida pelo mundo. Aos poucos o invento vai se popularizando. [...]  

        Uma outra pessoa que assume importante papel para a História da fotografia é Antoine Hercules Romuald Florence. Ele é um dos pioneiros da fotografia no Brasil e contribuiu muito para o desenvolvimento da técnica fotográfica no mundo. Em 1833, Florence, usando uma câmera escura com uma chapa de vidro, usou um papel sensibilizado para a impressão de uma fotografia por contato. Embora totalmente isolado e sem conhecimento das pesquisas que estavam sendo realizadas na Europa, [...] Florence obteve o resultado fotográfico, que chamou pela primeira vez de ''Photografie''. O nome fotografia foi usado pela primeira vez por Florence, adotado cinco anos depois pelos pesquisadores europeus. Pela descoberta, Florence é considerado um dos pioneiros na Fotografia, embora sem reconhecimento da comunidade científica mundial da sua época. Em 1976, a pedido do fotógrafo e Historiador Boris Kossoy, químicos dos Estados Unidos repetiram as experiências realizadas por Florence descritas em seu manuscrito e provaram a história que ainda é pouca conhecida no Brasil. Hoje Florence é citado nas bibliografias internacionais como uns dos pais da fotografia, reconhecimento que demorou mais de um século para acontecer. 

Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_unioeste_hist_pdp_gilson_de_amorin.pdf. Acesso em: 6 maio 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 9º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 182.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a invenção considerada o marco inicial da fotografia e em que ano ela se materializou?

      A invenção da fotografia se materializou em 1826 por Nicéphore Nièpce. Este evento é considerado o resultado final de um longo processo de experiências que começou com o conhecimento da câmera escura na Antiguidade.

02 – Qual foi o papel da câmera escura no desenvolvimento da fotografia e quando seu uso já era conhecido?

      A câmera escura foi fundamental por permitir o mecanismo de reflexão de imagens. O conhecimento e o uso dessa técnica já existiam na Antiguidade, com referências entre os gregos, chineses, árabes, assírios e babilônios, muito antes da invenção da fotografia.

03 – De que forma Nicéphore Nièpce conseguiu produzir a primeira fotografia?

      Nicéphore Nièpce conseguiu fixar a imagem refletida pela câmera escura em uma placa sensibilizada a partir de produtos químicos. Essa conquista é o que lhe atribui a produção da primeira fotografia.

04 – Qual foi a principal dificuldade que a câmera escura apresentava e que a pesquisa subsequente buscou resolver?

      A principal dificuldade era que, embora a câmera escura produzisse imagens da realidade, era preciso encontrar uma forma de capturar e fixar de maneira permanente a imagem refletida.

05 – Quem é Antoine Hercules Romuald Florence e qual seu papel na História da Fotografia no Brasil e no mundo?

      Antoine Hercules Romuald Florence é um dos pioneiros da fotografia no Brasil e contribuiu para o desenvolvimento da técnica fotográfica no mundo. Isoladamente, em 1833, ele conseguiu resultados fotográficos (impressão por contato) e usou pela primeira vez o termo "Photografie" (fotografia).

06 – Por que o trabalho de Florence demorou a ser reconhecido pela comunidade científica mundial da sua época?

      Florence trabalhava totalmente isolado e sem conhecimento das pesquisas que estavam sendo realizadas na Europa. Por conta disso, ele não teve o reconhecimento da comunidade científica mundial em sua época, sendo considerado um pioneiro com reconhecimento tardio.

07 – Como o trabalho de Antoine Hercules Romuald Florence foi, finalmente, comprovado e reconhecido?

      O trabalho de Florence foi comprovado em 1976, quando químicos dos Estados Unidos, a pedido do fotógrafo e historiador Boris Kossoy, repetiram as experiências descritas no manuscrito de Florence e provaram sua história. Hoje, ele é citado em bibliografias internacionais como um dos pais da fotografia.

 

CONTO: LIVRO - EU TE LENDO - FRAGMENTO - LYGIA BOJUNGA NUNES - COM GABARITO

 Conto: LIVRO – eu te lendo – Fragmento

            Lygia Bojunga Nunes

        [...]

        Eu tinha sete anos quando ganhei de presente um livro do Monteiro Lobato chamado Reinações de Narizinho. Um livro grosso assim. Só de olhar pra ele eu me senti exausta. Dei um dos muito obrigada mais sem convicção da minha vida, sumi com o livro num canto do armário, e voltei pras minhas histórias em quadrinho.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb2AkXgTgfe7JNfr8ge9F5wx-AyOUuD5cUKp8CrXXym3Q7fTQpU3JfAwNyMyHa0K_elrAlfVdV_nKToyPOr55sVx_Y_0CGhoUeZLU-EpTW4Qfpw2JiG8Dk4tp-8oe_Oa0xIlH3t7rVLqRTpZUeMh9awa5shVWEIcqDpX0LlfoqB_A3iEUkW8mlmD6s08Q/s320/nARIZINHO.jpg


        Eu estava superfresquinha de recém ter aprendido a ler, e andava às voltas com história em quadrinho. Era um pessoal legal, eu gostava deles, mas, sei lá! era uma gente tão diferente da gente. Eles moravam nuns lugares que eu nunca tinha ouvido falar; eles tinham cada nome tão estranho (às vezes até acabando com h!), como é? como é mesmo que se diz esse Flash? Flachi? Flachi Gordon? E se eu contava, por exemplo, eu hoje li que o Mandrake perdeu a cartola, tinha sempre alguém por perto aprendendo inglês pra querer mostrar que sabia mais que eu: não é assim que se diz, sua boba, é Mandreike.

        [...]

        E aí o meu tio, que tinha me dado Reinações de Narizinho (e que era um tio que eu adorava), chegou lá em casa e quis saber, então? gostou do livro? Eu fiz uma cara meio vaga.

        Passados uns tempos ele me cobrou outra vez, como é? já leu? Não tinha outro jeito: tirei o livro do armário, tirei a poeira do livro, tirei a coragem não sei de onde, e comecei a ler: "Numa casinha branca, lá no sítio do Picapau Amarelo..." E quando cheguei no fim do livro eu comecei tudo de novo, numa casinha branca lá no sítio do Picapau Amarelo, e fui indo toda a vida outra vez, voltando atrás num capítulo, revisitando outro, lendo de trás pra frente, e aquela gente toda do sítio do Picapau Amarelo começou a virar a minha gente.

        Muito especialmente uma boneca de pano chamada Emília, que fazia e dizia tudo que vinha na cabeça dela. A Emília me deslumbrava! nossa, como é que ela teve coragem de dizer isso? ah, eu vou fazer isso também!

        Mas longe de imaginar que eu estava vivendo o meu primeiro caso de amor.

        [...]

        Esse acordar da imaginação começou a mudar tudo. De repente, já não me bastava cantar junto a música que tocava no rádio só repetindo as palavras e mais nada. Eu me lembro de uma música que eu cantava sempre, e que falava numa tal Maria abrindo a janela numa manhã de sol e laralalá não sei o quê, mas que, agora, eu cantava querendo imaginar a janela: era verde? tinha veneziana? E a Maria como é que era? ela era gorda, ela era magra, ela tinha uma franja assim feito eu?

        Na hora de pular amarelinha, a pedra que eu ia jogar já ficava no ar; a minha imaginação imaginando: e se em vez de jogar a pedra assim, eu jogo ela assim?

        Mas o que a minha imaginação queria mesmo era voltar pr’aquele mundo encantado que o Lobato tinha criado, e ficar imaginando o tamanho e a cor da pedrinha que a Emília tinha engolido (e que não era pedrinha coisa nenhuma, era uma pílula falante); e ficar imaginando que jeito eu ia dar pra me encontrar com a Dona Aranha costureira, que tinha feito o vestido de casamento da Narizinho, e pedir pra, na hora do meu casamento, ela fazer o meu vestido também.

        [...]

BOJUNGA, Lygia. Livro – eu te lendo. Disponível em: www.ibbycompostela2010.org/descarregas/cp/Cp_IBBY2010_3-po.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018.

Fonte: Da escola para o mundo. Roberta Hernandes; Ricardo Gonçalves Barreto. Ensino Fundamental – Anos finais. Projetos integradores 8º e 9º anos. Ed. Ática. São Paulo, 1ª edição, 2018. p. 16.

Entendendo o conto:

01 – Qual foi a reação inicial da narradora ao ganhar o livro "Reinações de Narizinho" e por que ela teve essa reação?

      A reação inicial da narradora, aos sete anos, foi de falta de convicção e exaustão só de olhar para o livro, que era "grosso assim". Ela o considerou tão desanimador que o escondeu "num canto do armário" e preferiu continuar lendo suas histórias em quadrinho.

02 – O que a narradora achava diferente ou problemático nas histórias em quadrinhos que ela lia, mesmo gostando delas?

      Ela gostava dos personagens, mas sentia que eram "tão diferentes da gente". Eles moravam em lugares que ela nunca tinha ouvido falar e tinham nomes estranhos (muitas vezes terminando com H), como Flash Gordon (que ela tentava pronunciar como Flachi). Além disso, havia a interferência de outras pessoas que corrigiam a pronúncia dos nomes em inglês, como Mandrake (Mandreike).

03 – O que motivou a narradora a finalmente começar a ler o livro de Monteiro Lobato e como a leitura a impactou?

      Ela foi motivada pela cobrança insistente do seu tio (que ela adorava) que havia dado o livro. O impacto foi profundo: após terminar a leitura da primeira vez, ela começou tudo de novo, lendo e relendo trechos, o que fez com que "aquela gente toda do sítio do Picapau Amarelo começou a virar a minha gente."

04 – Qual personagem do Sítio do Picapau Amarelo deslumbrou a narradora e qual característica dessa personagem a inspirou?

      A personagem que a deslumbrou foi a boneca de pano Emília. A característica que a inspirou foi o fato de Emília fazer e dizer tudo que vinha na cabeça dela. A narradora se perguntava: "nossa, como é que ela teve coragem de dizer isso? ah, eu vou fazer isso também!".

05 – De que forma a leitura do livro de Monteiro Lobato "acordou" a imaginação da narradora e mudou sua percepção de outras atividades?

      O "acordar da imaginação" começou a mudar tudo. Em vez de apenas repetir palavras ao cantar músicas no rádio, ela passava a imaginar os detalhes da cena (ex: se a janela era verde, se Maria era gorda ou magra). Além disso, na hora de pular amarelinha, ela ficava imaginando possibilidades diferentes para o movimento da pedra, transportando a imaginação para o cotidiano.

 

CRÔNICA: PARA ONDE VÃO OS VAGA-LUMES? - FRAGMENTO - DOMINGOS PELLEGRINI - COM GABARITO

 Crônica: Para onde vão os vaga-lumes? – Fragmento

             Domingos Pellegrini

 – Vô, para onde vão os vaga-lumes?

– Boa pergunta, hein?

– Então responde, vô: eles ficam aí piscando quando anoitece, depois desaparecem. Vão para onde?

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg85PGxYw9ebYsV0VSPkVGyQ3wsOvtjuftJYHs6PhclVZhS5O0x-zbueRh_KOrE4YPpS_re2yoU7rUj68p_9q6qg1tFwxHNgHS5nvTribv4ReGqSJpE7vZ72-yusuhBq_Lisk5R9CjnXfVBwK-2Hl7hAP-QF9hh4cx2hb0syrj100M3-7vLM1exsXAeEnE/s320/VAGALUME.jpg

– E como é que vou saber? Se eles falassem, eu pegava um e perguntava, mas...

– É que você sabe tanta coisa, né, vô... Pensei que soubesse pra onde vão os vaga-lumes e por que bem-te-vi canta triste.

– Bem-te-vi canta triste, você acha? Se é verdade, também não sei por quê.

– Então você também não deve saber por que minhoca não tem cabelo, né?

– Isso dá pra presumir, né: como vive debaixo da terra, cabelo pra quê?

– Então você tá bem desprotegido, né? Por falar nisso, vô, por que mulher não fica careca?

– Pela mesma razão que homem não tem seios. Satisfeito?

– Mais ou menos... Mas acho que, se você não sabe pra onde vão os pirililampos, pelo menos deve saber por que cai estrela cadente. É por cansaço?

 

PELLEGRINI, Domingos. Para onde vão os vaga-lumes? In: Crônica brasileira contemporânea. São Paulo: Salamandra, 2005, p. 206-207. Fragmento.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 9º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 19-20.

Entendendo a crônica:

 01 – Qual é a pergunta central e inicial feita pelo neto ao avô, que dá o título ao fragmento da crônica?

      A pergunta central é: "Vô, para onde vão os vaga-lumes?"

 02 – Por que o neto esperava que o avô soubesse a resposta para onde vão os vaga-lumes e por que o bem-te-vi canta triste?

      O neto esperava isso porque, em suas palavras, o avô "sabe tanta coisa".

03 – Qual a única pergunta que o avô consegue responder com uma presunção lógica, e qual a explicação dada por ele?

      A pergunta é: "por que minhoca não tem cabelo". A explicação do avô é que, como a minhoca vive debaixo da terra, não há necessidade de ter cabelo.

04 – Que tipo de comparação o avô utiliza para responder à pergunta do neto sobre o motivo de as mulheres não ficarem carecas?

      O avô usa uma comparação biológica direta: "Pela mesma razão que homem não tem seios".

05 – Qual é a última curiosidade levantada pelo neto no final do fragmento, e qual hipótese ele sugere para o fenômeno?

      A última curiosidade é "por que cai estrela cadente". A hipótese que ele sugere é se a estrela cai "por cansaço".

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

NOTÍCIA: ANTIGA ÁREA DE RESERVA TEM CONTAMINAÇÃO - FRAGMENTO - PHILLIPPE WATANABE - COM GABARITO

 Notícia: Antiga área de reserva tem contaminação – Fragmento

            Phillippe Watanabe

        Pesquisadores encontraram, em uma região que fazia parte da Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados), peixes contaminados por mercúrio. […]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7YpUdoPj0D4CTm8XwmT4aWFMaHcSSiAf_Hg4s8mseRnUAKsCzj5RtlMENIsqYytWv72HL3Yv8pbZxFqSoag3YLwq0cfSTKArbUtLn1cRyniLBzlvTQBVabeG9NrxJ25xa1dDLYyClhcLIgdvZhU4jJcIoojcHBzFaDdnjPh4JOu9_rP01WcBkZK5Iy6w/s1600/FLORESTA.jpg


        Os dados [...] fruto de pesquisa do WWF-Brasil e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) – apontam que, no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e na Flona (Floresta Nacional) do Amapá, que não fazia parte da Renca, em 81% dos espécimes investigados há contaminação por mercúrio.

        A substância é um metal pesado utilizado no processo de extração do ouro. Paulo Cesar Basta, médico da Fiocruz, diz que não há níveis seguros de exposição à substância. [...]

        Segundo Marcelo Oliveira, do WWF-Brasil, oito espécies foram investigadas [...]. Cinco espécies tinham mais de 50% dos indivíduos com níveis de mercúrio superiores a 0,5 mg/kg – limite de tolerabilidade da OMS (Organização Mundial da Saúde) para consumo humano. [...]

        "São espécies consumidas pela população da região e obtivemos esses números alarmantes. É um problema de saúde pública”, diz Oliveira. "Se começar a juntar os pontos, você vê que o cenário é bastante preocupante."

        Paulo Basta afirma que “o mercúrio é um metal pesado com fácil difusão no corpo e que altera o metabolismo celular. O sistema nervoso central, principalmente, é vulnerável à substância".

        Oliveira e Basta, na segunda etapa do projeto, estudam a saúde das populações dos arredores. [...] Oliveira diz que, durante a nova etapa, já foram encontrados indígenas com sintomas de contaminação. [...].

Phillippe Watanabe. Reserva extinta por Temer tem áreas contaminadas por mercúrio. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 ago. 2017. p. B9.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 349.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi o achado principal dos pesquisadores em uma região que fazia parte da Renca e em áreas próximas, como o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque?

      A descoberta principal foi a de peixes contaminados por mercúrio na região que fazia parte da Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados), bem como em 81% dos espécimes investigados no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e na Flona do Amapá.

02 – Qual é a substância que está contaminando os peixes e qual é a atividade humana responsável pela sua utilização e liberação no ambiente?

      A substância contaminante é o mercúrio, que é um metal pesado. A atividade humana responsável pela sua utilização é o processo de extração do ouro.

03 – De acordo com Marcelo Oliveira (WWF-Brasil), qual é o limiar de tolerabilidade da OMS para o consumo humano de mercúrio em peixes, e por que a situação é considerada um "problema de saúde pública"?

      O limite de tolerabilidade da OMS (Organização Mundial da Saúde) para consumo humano é de 0,5 mg/kg. A situação é considerada um problema de saúde pública porque cinco das oito espécies investigadas, consumidas pela população da região, tinham mais de 50% dos indivíduos com níveis de mercúrio superiores a esse limite.

04 – Segundo o médico Paulo Cesar Basta, qual é o efeito geral do mercúrio no corpo humano e qual é o sistema mais vulnerável a essa substância?

      O mercúrio é um metal pesado com fácil difusão no corpo, que altera o metabolismo celular. O sistema mais vulnerável à substância é o sistema nervoso central.

05 – Quem está envolvido na pesquisa sobre a contaminação, e qual é o foco da segunda etapa do projeto?

      A pesquisa inicial envolveu o WWF-Brasil e o ICMBio. A segunda etapa do projeto, na qual estão envolvidos Marcelo Oliveira e Paulo Basta, está focada em estudar a saúde das populações dos arredores, já tendo sido encontrados indígenas com sintomas de contaminação.

 

NOTÍCIA: RIO CUBATÃO É CONTAMINADO POR PETRÓLEO APÓS VAZAMENTO NA TRANSPETRO - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Notícia: Rio Cubatão é contaminado por petróleo após vazamento na Transpetro – Fragmento

        Rio Cubatão foi atingido por um vazamento de petróleo na noite desta terça-feira (22). O material, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cestesb), é proveniente do Terminal Terrestre de Cubatão da Transpetro, localizado às margens do manancial. Ainda não é possível quantificar a área da contaminação, nem os prejuízos. Por segurança, a captação de água foi parcialmente suspensa e o abastecimento na região pode ser afetado. 

        [...]

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-j64Xy2SIKA-G_ZtW-ebOBhSWm_8tPq50mkynMQUzMmMAfQtwRVq-PIs_tf6LVWBnAG3BXTEjTUTpgeJpqqpaml-kYC0oXehoXEAHYfdD14ZK5Mzlp57zhRQxvV1EM7e4bHR3Xd1mK5AP-SQz3P2wv69WKdLhkPkxvKTr0CE2cHqaE-RP774S1ORjzlM/s320/OLEO.jpg


        A Companhia Ambiental disse que ainda não é possível identificar os reais danos ambientais, nem estimar o volume vazado de petróleo, que vazou de uma caixa de válvula de transferência do produto, causando o transbordo para uma galeria de drenagem. Os técnicos acompanham a continuidade das ações de rescaldo e a colocação de barreiras ao longo do rio, bem como a realização da limpeza e remoção do material na área externa à empresa.

        [...]

        Possível falta d’água

        [...] O manancial fornece água à Estação de Tratamento de Água (ETA) Cubatão e, por conta do ocorrido, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) precisou reduzir de 4,2 mil litros para 3 mil litros, preventivamente, a produção no sistema.

A medida foi tomada para preservar a qualidade da água distribuída à população e a integridade dos equipamentos da estação, que é responsável por quase 50% da água tratada produzida na região. [...]

        [...].

RIO Cubatão é contaminado por petróleo após vazamento na Transpetro. A Tribuna, 23 mar. 2016. Disponível em: www.ultragazsantos.com.br/rio-cubatao-e-contaminado-por-petroleo-apos-vazamento-na-transpetro. Acesso em: 2 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 368.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi a causa da contaminação do Rio Cubatão mencionada na notícia?

      A contaminação do Rio Cubatão foi causada por um vazamento de petróleo proveniente do Terminal Terrestre de Cubatão da Transpetro.

02 – O que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou sobre a quantificação da área contaminada e o volume de petróleo vazado?

      A Cetesb informou que ainda não é possível quantificar a área da contaminação, os prejuízos, nem estimar o volume de petróleo vazado.

03 – Por que a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) suspendeu parcialmente a captação de água e reduziu a produção na Estação de Tratamento de Água (ETA) Cubatão?

      A medida de suspensão e redução da produção foi tomada por segurança, para preservar a qualidade da água distribuída à população e a integridade dos equipamentos da estação, devido à contaminação.

04 – Qual foi a redução na produção de água tratada na ETA Cubatão, tomada como medida preventiva?

      A Sabesp precisou reduzir a produção de água na ETA Cubatão de 4,2 mil litros para 3 mil litros, preventivamente.

05 – O que os técnicos estão fazendo para conter o vazamento e realizar a limpeza?

      Os técnicos estão acompanhando as ações de rescaldo, a colocação de barreiras ao longo do rio, e a realização da limpeza e remoção do material na área externa à empresa.

POEMA: AMOR BASTANTE - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO

 Poema: Amor bastante

             Paulo Leminski

quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPYNXcrNrUlcwGgLVE5Yx4h2vyGhajeVDKu3uEZvP267iG9wax21CvRfDm3evkPXxTOr8XJVbt9HbrYHX7E0CpPY8N2jHrpRidTAXpKNKatv2NxupY-SVpmNol_1QJ5rayjsg08576YiI7q4uSClN-IxLvMWHkYKYKx3no8gtIB2Cfyku2wuxChAdaYac/s320/AMOR.jpg


basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto.

LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 295.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 34.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o principal contraste temático estabelecido pelo poema "Amor bastante" entre a primeira e a segunda parte?

      O principal contraste reside na oposição entre a instantaneidade da paixão ou da visão inicial de amor (expressa em versos como "basta um instante / e você tem amor bastante") e o tempo prolongado e o esforço complexo que se exige para construir algo duradouro, como "um bom poema" ou, metaforicamente, uma vida a dois ("uma eternidade, eu e você, caminhando junto").

02 – Na primeira estrofe, o que a imagem de olhar "de dentro de um diamante" sugere sobre a percepção do eu lírico ao ver a pessoa amada?

      A metáfora sugere que o eu lírico teve uma visão de súbita clareza, brilho e perspectiva multifacetada. Olhar de dentro de um diamante implica que a visão da pessoa amada é valiosa, perfeita em sua complexidade ("mil faces num só instante") e revela uma verdade intensa e instantânea sobre o amor.

03 – A segunda parte do poema apresenta uma longa lista de atividades com contagem de tempo (ex: "cinco jogando bola," "seis carregando pedra," "dez trocando de assunto"). Que recurso estilístico é predominantemente usado nesse trecho e qual seu propósito?

      O poeta utiliza a figura de linguagem conhecida como enumeração (ou catálogo). O propósito é demonstrar, por meio de uma variedade de experiências cotidianas, sérias e banais, o longo e complexo processo da vida e a soma de vivências (o tempo total) que são necessárias para construir a "eternidade" que culmina no amor maduro e no "caminhar junto."

04 – No contexto da segunda parte, o que a expressão "um bom poema" simboliza em relação à jornada do eu lírico e da pessoa amada?

      "Um bom poema" é uma metáfora para algo que exige dedicação, tempo e uma vasta gama de vivências. Ele simboliza a própria construção de uma vida ou de uma relação amorosa duradoura. Assim como um poema de qualidade não é feito num instante, o amor verdadeiro é o resultado de uma longa soma de experiências, conflitos e aprendizados, culminando na eternidade do relacionamento.

05 – A justaposição de atividades como "estudando sânscrito" e "levando porrada" na lista de experiências contribui para um certo tom. Qual é esse tom e o que ele reflete sobre a visão da vida?

      O tom é reflexivo e, ao mesmo tempo, bem-humorado (ou levemente irônico). A justaposição de atividades intelectuais e espirituais ("estudando sânscrito") com experiências difíceis ("levando porrada") ou mundanas ("trocando de assunto") reflete a visão de que a vida — e, por extensão, o amor — é uma colcha de retalhos feita de momentos altos e baixos, de esforços sérios e de desvios, sendo tudo isso essencial para a totalidade da experiência humana.

 

 

CONTO: O KAZUKUTA - ONDJAKI - COM GABARITO

 Conto: O Kazukuta

         Ondjaki

        Nós estávamos sempre atentos à queda das nêsperas, das pitangas e das goiabas, e era mesmo por gritarmos ou por corrermos que o Kazukuta acordava assim no modo lento de vir nos espreitar, saía da casota dele a ver se alguma fruta ia sobrar para a fome dele.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6rO2lJvm7PSq7BbmvmNZWM324d35-ExcjSgzD2SYd8Tl2AkrXVRieqDlEGcHihFNUDEoMaWsxvPbRIh3FTNUlUpYJWqXfghZSxuBAfIAuwnhnQXqhCli-xKvvTt1eWFmybnzm5nmPqsKWC-3fbLABzd3ivaiZRfc3FmEtMTZ2tO2hItRAt-pqXR3Fnbw/s320/osdaminharua.jpg


        Normalmente ele comia as nêsperas meio cansadas ou de pele já escura que ninguém apanhava. Mexia-se sempre devagarinho, e bocejava, e era capaz de ir procurar um bocadinho de sol pra lhe acudir as feridas, ou então mesmo buscar regresso na casota dele. Às vezes, mesmo no meio das brincadeiras, meio distraído, e antes de me gritarem com força para eu não estar assim tipo estátua, eu pensava que, se calhar, o Kazukuta naquele olhar dele de ramelas e moscas, às vezes, ele podia estar a pensar. Mesmo se a vida dele era só estar ali na casota meio triste, sair e entrar, tomar banho de mangueira com água fraca, apanhar nêsperas podres e voltar a entrar na casota dele, talvez ele estivesse a pensar nas tristezas da vida dele.

        Acho que o Kazukuta era um cão triste porque é assim que me lembro dele. Nós mesmo não lhe ligávamos nenhuma. Ninguém brincava com ele, nem já os mais velhos lhe faziam só uma festinha de vez em quando. Mesmo nós só queríamos que ele saísse do caminho e não nos viesse lamber com a baba dele bem grossa de pingar devagarinho e as feridas quase a nunca sararem. Acho que o Kazukuta nunca apanhou nenhuma vacina, se calhar ele tinha alergia ou medo, não sei, devia perguntar no tio Joaquim. Também o Kazukuta não passeava na rua e cada vez andava só a dormir mais.

        Sim, o Kazukuta era um cão triste.

        Um dia era de tarde, e vi o tio Joaquim dar banho ao Kazukuta. Um banho longo. Fiquei espantado: o tio Joaquim que ficava até tarde a ler na sala, o tio Joaquim que nos puxava as orelhas, o tio Joaquim silencioso, como é que ele podia ficar meia hora a dar banho ao Kazukuta?

        Lembro o Kazukuta a adorar aquele banho, deve ser porque era um banho sincero, deve ser porque o tio punha devagarinho frases em kimbundu ao Kazukuta, e ele depois ia adormecer. Kazukuta..., lembro bem os teus olhos doces brilharem tipo um mar de sonho só porque o tio Joaquim – o tio Joaquim silencioso – veio te dar banho de mangueira e te falou palavras tranquilas num kimbundu assim com cheiros da infância dele.

        E demorou. Nós já estávamos quase a parar a nossa brincadeira. Porque afinal a água caía nos pelos do Kazukuta, e os pelos ficavam assim coladinhos ao corpo, e virados para baixo como se já fossem muito pesados, e a água foi, não tinha mais, e mesmo sem fechar a torneira o tio Joaquim, com a mangueira ainda a pingar as últimas gotas dela, e no regresso do Kazukuta à casota, depois daquele abano tipo chuvisco de nós rirmos, o Tio Joaquim deu a notícia que tinha demorado aquele tempo todo para falar:

        -- Meninos, a tia Maria morreu.

        Até tive medo, não daquela notícia assim muito séria, mas do que alguém perguntou:

        -- Mas podemos continuar a brincar só mais um bocadinho?

        O tio largou a mangueira, veio nos fazer festinhas.

        -- Sim, podem.

        Parece mesmo vi um sorriso pequenino na boca dele. O tio Joaquim era muito calado e sorria devagarinho como se nunca soubesse nada das horas e das pressas dos outros adultos. Às vezes ele aparecia no quintal sem fazer ruído e espreitava a nossa brincadeira sem corrigir nada. Olhava de longe como se fosse uma criança quieta com inveja de vir brincar conosco também.

        O tio Joaquim era muito calado e sorria devagarinho como se nunca soubesse nada das horas e das pressas dos outros adultos. O tio Joaquim gostava muito de dar banho ao Kazukuta. Um dia kazukuta estava muito velho e morreu mesmo.

ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007. p. 27-29.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 35-36.

Entendendo o conto:

01 – Como o narrador infantil descreve a rotina e o estado geral do cão Kazukuta no início do conto?

      O narrador descreve Kazukuta como um cão triste, que se movia lentamente e passava a maior parte do tempo na sua casota. Sua rotina resumia-se a sair para espreitar a queda das frutas (comendo as "cansadas ou de pele já escura" que sobravam), procurar sol para suas feridas (que "quase a nunca saravam"), tomar banho de mangueira com água fraca e voltar para a casota. Ele era um cão negligenciado, a quem "ninguém brincava" e que não recebia afeto.

02 – O que o narrador, mesmo em meio às brincadeiras, chega a imaginar sobre o cão, desafiando a percepção de que Kazukuta era apenas um animal?

      O narrador imagina que, "naquele olhar dele de ramelas e moscas," o Kazukuta podia estar a pensar. Ele reflete que, mesmo que a vida do cão fosse só a rotina triste de sair e entrar na casota, "talvez ele estivesse a pensar nas tristezas da vida dele." Essa reflexão humaniza o cão, atribuindo-lhe uma consciência e uma dor existencial.

03 – Qual é a ação do Tio Joaquim que espanta o narrador, e o que essa ação revela sobre a relação do Tio com Kazukuta?

      O que espanta o narrador é o fato de o Tio Joaquim — um homem silencioso, leitor e que costumava puxar as orelhas das crianças — ter ficado meia hora a dar um banho longo e sincero no Kazukuta. Essa ação revela uma sensibilidade e um afeto ocultos do Tio, que se manifestavam não em palavras para os humanos, mas em carinho e cuidado para com o cão negligenciado.

04 – Durante o banho, que elemento cultural e afetivo o Tio Joaquim utiliza para se comunicar com Kazukuta, e qual é o efeito disso no cão?

      O Tio Joaquim falava "devagarinho frases em kimbundu" para o Kazukuta, com palavras tranquilas "com cheiros da infância dele." Esse uso da língua ancestral confere um caráter íntimo e profundo ao afeto. O efeito é notável: o Kazukuta demonstra que "adorava aquele banho," com seus "olhos doces brilharem tipo um mar de sonho."

05 – O banho demorado e a notícia que o Tio Joaquim revela ao final estão interligados. Qual é a função desse tempo de banho em relação à notícia?

      O banho longo serve como um preâmbulo ou um ritual de preparação para a notícia séria da morte da "tia Maria." O Tio Joaquim estava usando o tempo e o ato carinhoso de dar banho ao cão como uma forma de lidar com a própria dor e o luto, adiando o momento de dar a notícia às crianças, o que é explicitado na frase "tinha demorado aquele tempo todo para falar."

06 – Qual é a reação imediata das crianças à notícia da morte da tia Maria, e o que essa reação sugere sobre a percepção infantil da morte e do luto?

      A reação das crianças é uma pergunta inocente e centrada em si mesmas: "Mas podemos continuar a brincar só mais um bocadinho?" Essa reação sugere que a morte, para elas, é um evento sério, mas distante e abstrato, que não interrompe de imediato a prioridade do seu universo, que é a brincadeira e a alegria do momento presente.

07 – Como o narrador descreve o Tio Joaquim após o momento da notícia e até o final do excerto? O que essa descrição finaliza sobre o seu caráter?

      O narrador o descreve como um homem muito calado que sorria devagarinho, sem "pressas dos outros adultos." Ele é visto espreitando a brincadeira das crianças "sem corrigir nada," quase como uma "criança quieta com inveja de vir brincar." Essa descrição reforça o caráter do Tio como uma figura contemplativa, silenciosa e com uma ternura velada, que compreende a vida e o tempo de maneira diferente dos outros adultos

NOTÍCIA: O LADO OBSCURO DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO - FRAGMENTO - MUGGAH, R.; FOLLY, M. - COM GABARITO

 Notícia: O lado obscuro do modelo de desenvolvimento brasileiro – Fragmento

        [...]       

        Uma das principais causas da migração forçada no Brasil são as barragens, especialmente aquelas destinadas à construção de usinas hidrelétricas (UHEs). O Instituto Igarapé analisou os custos socioeconômicos de cerca de 80 barragens construídas no Brasil desde os anos 2000. Após avaliar os dados, o Instituto estima que entre 150 e 240 mil brasileiros foram forçados a deixar suas casas em função da instalação dessas barragens. E é possível que cerca de 75 mil outras pessoas sejam forçadas a abandonar seus lares por conta de 11 novas usinas e centrais hidrelétricas que podem ser construídas nos próximos anos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMpvQaC4levocyJf7xUgUuDMSeDDDq-d-1HNsjr0Zv4jdbCCmd-a2TGKc8RKc8xjVegxoQVef9rdo8kDjfuVSdp8t3aoL5EUgNH40KGztg3sHg_WFZj7RhBSdv0T7GgnqVOuLTVB9aG0SpSM-mzQhEcs-pEZprM17P3GFwxek0MqclXUlxpjRuJpLBaXg/s320/IMIGRA%C3%87%C3%83O.jpg
 É indiscutível que usinas hidrelétricas desempenham um papel central no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. Desde meados da década de 1970, mais de 60% da oferta interna de energia é sustentada pela energia hidráulica. Embora, por um lado, o investimento estatal na construção de grandes centrais hidrelétricas tenha reduzido drasticamente a dependência externa de energia, por outro, teve custos econômicos, sociais ambientais muito elevados.

        Tome-se, como exemplo, o caso de Itá, uma das maiores hidrelétricas brasileiras. Estabelecida no ano 2000 no rio Uruguai, a usina gera 1.450 Megawatts (MW) de energia por ano. O reservatório de 140 Km2 teve impacto sobre 11 municípios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Estima-se que a usina provocou o deslocamento de 11 a 17 mil pessoas. A mobilização e os protestos contrários à construção da UHE Itá levaram, inclusive, à consolidação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), que atua em defesa de pessoas afetadas por esses empreendimentos.

        [...]

        Ainda que o deslocamento de populações ocasionado pela instalação de hidrelétricas não seja um fenômeno recente, o Brasil não possui nenhum órgão encarregado de prover proteção, compensação e reparação a essas pessoas. No Executivo, o deslocamento forçado resultante de projetos de infraestrutura tem sido monitorado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) e por órgãos equivalentes no âmbito estadual, no marco das condicionantes ambientais necessárias à emissão de licenças. Embora desempenhem trabalho importante, esses órgãos carecem de recursos, de pessoal e de formação técnica específica para responder aos desafios da migração forçada. Além disso, não possuem normativas ou protocolos próprios para conduzir análises de risco ou para propor e garantir medidas compensatórias, serviços básicos e reparação adequada às pessoas deslocadas.

        [...]

        A marca de uma sociedade avançada está na forma como trata suas populações mais vulneráveis. Embora o Brasil tenha se tornado um país urbanizado, são normalmente as populações rurais e comunidades indígenas – que dependem da terra para sobreviver – as que acabam forçadas a se deslocar em nome de um pretenso progresso sobre o qual não foram consultadas.

MUGGAh, R,; FOLLY, M. O lado obscuro do modelo de desenvolvimento brasileiro. Nexo, 16 set. 2017. Disponível em: www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/O-lado-obscuro-do-modelo-de-desenvolvimento-brasileiro. Acesso em: 2 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 414-415.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é uma das principais causas da migração forçada no Brasil, conforme o texto?

      Uma das principais causas da migração forçada são as barragens, especialmente aquelas destinadas à construção de usinas hidrelétricas (UHEs).

02 – De acordo com a estimativa do Instituto Igarapé, quantos brasileiros foram forçados a deixar suas casas devido à instalação de cerca de 80 barragens desde os anos 2000?

      O Instituto estima que entre 150 mil e 240 mil brasileiros foram forçados a deixar suas casas.

03 – Qual a importância da energia hidráulica no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro, desde meados da década de 1970?

      Desde meados da década de 1970, mais de 60% da oferta interna de energia no Brasil é sustentada pela energia hidráulica.

04 – Cite o caso de uma das maiores hidrelétricas brasileiras e qual o movimento social se consolidou em protesto à sua construção.

      O caso citado é o da UHE Itá, estabelecida no Rio Uruguai. A mobilização contrária levou à consolidação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens).

05 – O Brasil possui um órgão encarregado de prover proteção, compensação e reparação às pessoas deslocadas pela instalação de hidrelétricas?

      Não. O Brasil não possui nenhum órgão específico encarregado de prover proteção, compensação e reparação a essas pessoas.

06 – Qual órgão federal é mencionado como responsável por monitorar o deslocamento forçado resultante de projetos de infraestrutura, no âmbito das condicionantes ambientais?

      O monitoramento tem sido feito pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) e por órgãos estaduais equivalentes.

07 – Que grupos populacionais são frequentemente as mais vulneráveis a serem forçadas a se deslocar em nome do desenvolvimento?

      São normalmente as populações rurais e comunidades indígenas, que dependem da terra para sobreviver.

 

CONTO: O PARAÍSO SÃO OS OUTROS - FRAGMENTO - VALTER HUGO MÃE - COM GABARITO

 Conto: O PARAÍSO SÃO OS OUTROS – Fragmento

           Valter Hugo Mãe

        [...]

        Eu adoraria ver jacarés, ursos brancos ou cobras de dez metros. Uma vizinha da nossa rua tem uma vaidosa galinha d'Angola. Eu gosto de animais e mais ainda dos esquisitos e invulgares, até dos que parecem feios por serem indispostos. Os bichos só são feios se não entendermos seus padrões de beleza. Um pouco como as pessoas. Ser feio é complexo e pode ser apenas um problema de quem observa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHWdTukLACHo4Yw4nz8VJuy-r_Y6tgsuJ_s8uf3V-WTvEKhUwBYu9iOesPk4_78Ddi5RrsrIPYJhC03Pw9_ZhbkA22Q2Ga2iwytny62AKxM7NExBz7Wl4-ohln6cr3ZXd_6J2ydqx76MOWoEVxqYu8UVjb81KEberbdKqohad9apmk5DLgRZchdYQ3wzI/s320/BELEZA.jpg


        Eu uso óculos desde os cinco anos de idade. Estou sempre por detrás de uma janela de vidro. Não faz mal, é porque eu inteira sou a minha casa. Sou como o caracol, mas muito mais alta e veloz. A minha mãe também acha assim, que o corpo é casa. Habitamos com maior ou menor juízo.

        O jacaré é um bicho indisposto, eu sei. Gosto muito dele, mas não devo chegar perto. Nunca vi, já disse. Tenho pena. Talvez seja pior para o jacaré, por não o amar. Eu gosto dele mas não sei se constrói. Estou a ser sincera. Ainda tenho que ler sobre isso. Talvez os bichos ferozes construam coisas às quais não sabemos dar valor. É importante pensarmos no valor que cada coisa ou lugar tem para cada bicho. Só assim vamos compreender a razão de cada coisa ser como é. Depois de entendermos melhor, a beleza comparece.

        [...].

MÃE, Valter H. O paraíso são os outros. Porto: Porto Editora, 2014. p. 13.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 7º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 52.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a principal ideia que o narrador desenvolve sobre a beleza, tanto em relação aos animais quanto às pessoas?

      O narrador estabelece que a beleza é subjetiva e complexa, sendo primariamente um problema de perspectiva. Ele afirma que os bichos (e, implicitamente, as pessoas) "só são feios se não entendermos seus padrões de beleza." Portanto, o que é percebido como feio ou "indisposto" pode ser apenas uma falha de compreensão ou um "problema de quem observa."

02 – Qual metáfora o narrador e sua mãe utilizam para descrever o corpo, e o que ela implica sobre a forma como o indivíduo se relaciona com o mundo?

      A metáfora utilizada é que o corpo é uma casa. O narrador se compara a um caracol, que carrega sua casa. Essa imagem implica que o indivíduo é um ser que habita a si mesmo, e a relação com o mundo se dá sempre a partir desse espaço interno ("eu inteira sou a minha casa"). A mãe acrescenta que se habita essa casa "com maior ou menor juízo," sugerindo a importância da consciência e da sabedoria na gestão do próprio ser.

03 – O narrador menciona que usa óculos desde cedo e que está "sempre por detrás de uma janela de vidro." Como esse detalhe pode ser interpretado simbolicamente, além de seu sentido literal?

      Simbolicamente, os óculos e a "janela de vidro" reforçam a ideia de mediação e observação. O narrador vê o mundo através de um filtro. Isso pode sugerir tanto uma necessidade de correção da visão para enxergar o mundo com clareza, quanto uma distância reflexiva ou uma barreira protetora entre o "eu-casa" e o exterior, enfatizando sua postura contemplativa.

04 – Na reflexão sobre o jacaré, o narrador expressa uma dúvida: "Eu gosto dele mas não sei se constrói." O que essa dúvida sugere sobre o critério de valor que o narrador aplica, e como ele tenta resolver essa questão?

      A dúvida sobre o jacaré "construir" sugere que o critério de valor do narrador está ligado à utilidade ou à capacidade criativa de um ser. Ele tenta resolver essa questão elevando o critério: propõe que, talvez, os bichos ferozes construam coisas às quais os humanos não sabem dar valor. A resolução, portanto, é a necessidade de compreensão e empatia, valorizando o que "cada coisa ou lugar tem para cada bicho" antes de julgar seu valor.

05 – Qual é a condição final que o narrador estabelece para que a beleza de algo ou alguém possa ser revelada?

      A condição final é a compreensão. O narrador afirma: "Depois de entendermos melhor, a beleza comparece." Isso significa que a beleza não é uma qualidade inerente e imediata do objeto, mas sim o resultado de um processo de reflexão, entendimento e valorização da razão de ser de cada coisa.