sábado, 26 de novembro de 2022

MITO- GUATEMALA, HONDURA E MÉXICO: OS MAIS - CRIAÇÃO DO MUNDO - ZULEIKA DE ALMEIDA PRADO - COM GABARITO

 MITO -  GUATEMALA, HONDURAS E MÉXICO: OS MAIAS

         Os maias têm uma maneira marcante de relatar a criação do mundo. Isso é contado no livro sagrado desse povo que se chama Popol Vuh, o livro dos Príncipes.

         Está escrito no Popol Vuh que, no início de tudo, havia um grande silêncio, um enorme vazio onde podiam ser encontrados sete deuses. O deus maior era  Hurakán, o coração do céu que vive no meio às águas inferiores e superiores, nos mares e nos céus. Ao seu redor havia seis deuses: Tzacol, o criador; Bitol, o formador; Tepeu, o soberano; Gucumatz, a serpente de penas verdes; Alon, a deusa-mãe; e Cajolon, deus-pai.

          Após a formação do primeiro mundo, os deuses começaram, a povoá-lo com animais de todos os tipos, com montanhas, árvores e outros seres viventes. Criavam e olhavam. Paravam, pensavam, observavam, e criavam novamente. Entretanto, não ficavam satisfeitos. Nenhum daqueles seres era capaz de agradecer aos seus criadores o fato de existir e estar vivo. Os deuses estão resolveram destruir aquele mundo e criar outro.

          O segundo mundo trazia como novidade os seres humanos. Eles eram feitos de uma mistura de barro com água. Sabiam falar, mas não demonstravam alegria ou tristeza, não sentiam emoção nenhuma. Também não pensavam. Além do mais, viviam muito pouco, pois, quando se molhavam, desfaziam-se como lama. Os deuses olharam novamente e, mais uma vez não gostaram. Começaram tudo de novo.

           Eles se reuniram, debateram e decidiram povoar o Terceiro Mundo com homens de madeira, mais resistentes à água. Porém, estes ainda não entendiam o que se passava ao redor. Não sabiam amar nem cantar, tampouco tinham memória. Andavam sem direção, como zumbis. O pior de tudo é que eram incapazes de agradecer a seus criadores pelo milagre de sua existência. Os deuses estavam intrigados e contrariados, mas não desistiam tão facilmente de seus planos. E mais uma vez começaram tudo de novo.

          Mas, antes que isso acontecesse, um semideus vaidoso e arrogante falou que também queria criar um mundo. Esse semideus, chamado Vucub-Caquix, adorava metais e pedras preciosas. Com tantas joias e brilhos, julgava-se superior a todos e dizia aos quatro ventos. “Agora eu sou o senhor dos homens. Eu sou o sol, a lua, sou o que brilha.” E assim, envaidecido, não enxergou o sol, a lua e as estrelas que já existiam. Foi então que dois jovens deuses planejaram mata-lo, pois temiam que Vucub-Caquix se tornasse o Todo-Poderoso.

         Ocorreu uma guerra sem precedentes entre deuses e semideuses. Após batalhas sangrentas, os semideuses foram derrotados e deportados para o céu, onde passaram a brilhar como estrelas. Os verdadeiros deuses reassumiram o controle e passaram a criar o Quarto Mundo.

          Hurakán, o deus maior, assumiu a responsabilidade pela criação. Fez o homem e a mulher a partir do milho. Dessa vez deu certo. Surgiram seres humanos capazes de sentir, pensar e agradecer o dom da vida a seus criadores. O deus Hurakán, agora, estava feliz. A criação estava completa!

                                   PRADO, Zuleika de Almeida. Mitos da criação.São Paulo. Callis, 2005. p. 16 e 17.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.33-6.

 Interagindo com o texto

 01. O texto que você leu constitui um mito da civilização maia. Como vimos anteriormente, o mito é um gênero narrativo muito antigo, originado do imaginário popular para explicar fatos da realidade e aspectos da condição humana de maneira fantástica, fantasiosa.

a)   Que acontecimento o mito que você leu procura explicar?

Esse mito narra e explica a criação do mundo e dos seres humanos sob a ótica do povo maia.

b)   Esse acontecimento começa a ser narrado já no primeiro parágrafo do texto? Justifique sua resposta.

Não, no primeiro parágrafo, a autora que recontou o mito faz uma contextualização do acontecimento que será narrado: a forma como os maias relatavam a criação do mundo, registrada no livro sagrado desse povo. A narrativa propriamente dita começa no segundo parágrafo do texto.

 02. Como se trata de um texto narrativo, o mito contém elementos da narrativa. Analise alguns desses elementos respondendo às questões que seguem.

a)   Quando e onde acontecem os fatos narrados no mito?

Os fatos acontecem em um passado muito distante, “no início de tudo”, mas não é determinado. O local também é impreciso “um enorme vazio”, onde viviam os deuses.

b)   Qual é o foco narrativo desse mito? Copie um trecho do texto para justificar sua resposta.

O mito é narrado em 3ª pessoa. “O deus maior era Hurakán [...]”

c)   Os mitos têm como personagens seres sobrenaturais, deuses, semideuses e heróis. Quais são os personagens desse mito?

Os deuses Hurakán, Tzacol, Bitol, Tepeu, Gucumatz, Alon e Cajolon, mais dois jovens deuses, cujos nomes não são citados, e o semideus Vucub-Caquix.

03. Além da narração, o mito também faz uso da descrição, sobretudo, para caracterizar lugares e personagens, seres sobrenaturais, como deuses e semideuses.

Associe cada personagem a sua identificação.

A.  Hurakán                 (  B  ) Deus criador.

B.  Tzacol                    (  E  ) Deus serpente de penas verdes.

C.  Bitol                        (  G  ) Deus-pai.

D.  Tepeu                     (  F  ) Deusa-mãe.

E.  Gucumatz               (  C  ) Deus formador.

F.   Alon.                       (  A  ) Deus maior.

G.  Cajolon.                  (  D  ) Deus soberano.

04. Caracterize os demais personagens desse mito, segundo o texto.

O semideus Vucub-Caquix, que é vaidoso e arrogante, e os dois jovens deuses que matam Vacub-Caquix.

05. O enredo é um dos elementos da narrativa, o qual é composto de situação inicial, conflito, clímax e desfecho. Identifique, nesse mito, quais são as partes que compõem a estrutura do enredo.

    a)   Situação inicial: Os deuses começaram a povoar o Primeiro Mundo. Após sua formação, não satisfeitos, criaram mais dois mundos.

   b)   Conflito: Os deuses já haviam criado três mundos, mas ainda não estavam satisfeitos. Vucub-Caquix também quis criar um mundo. Temendo que Vucub-Caquix se tornasse o Todo-poderoso, dois jovens deuses planejaram matá-lo.

c)   Clímax: A guerra entre deuses e semideuses.

d)   Desfecho: Hurakán, o deus maior, assumiu a responsabilidade pela criação do Quarto Mundo, fazendo o homem e a mulher a partir do milho.

         06. O surgimento do Universo, a origem dos deuses e o confronto entre eles são temas recorrentes nos mitos de todas as culturas. Os temas que falam da origem do mundo são chamados de mitos da criação.

a)   No mito maia que você leu, não foi criado um, mas quatro diferentes mundos. Que motivo levou os deuses a fazer isso? Explique.

Os deuses queriam seres capazes de reverenciá-los e, até chegar a um mundo que desse certo, criaram três. Apenas no quarto é que conseguiram o resultado esperado.

b)   Explique o que, segundo o mito, descontentava os deuses em cada tentativa da criação do mundo.

Na primeira tentativa, nenhum dos seres era capaz de agradecer o dom de existir e de estar vivo. Na segunda tentativa, os seres humanos apareceram pela primeira vez, porém viviam pouco, pois eram feitos de barro e, quando se molhavam, desfaziam-se como lama, além disso, apesar de falar, não demonstravam alegria nem tristeza, não falavam e não pensavam. Na terceira tentativa, os homens eram feitos de madeira e, apesar de serem mais resistentes à água, eles andavam sem direção, como zumbis, e também não tinham a capacidade de agradecer aos criadores o milagre da existência. Na quarta tentativa, a criação ficou conforme queriam: o ser humano foi capaz de sentir, pensar e agradecer o dom da vida a seus criadores. Quem criou o ser humano, dessa vez, foi apenas Hurakán, que fez o homem e a mulher a partir do milho.

        c)   Na cultura maia, o milho tem grande importância é um alimento fundamental na alimentação desse povo. Sabendo que a mitologia reflete a cultura de cada povo, de que forma a importância do milho para os maias fica evidenciada nesse mito da criação?

A importância do milho fica evidenciada pelo fato de o ser humano ter dado certo apenas quando for feito a partir desse cereal. Ao dizer que o milho é a matéria de que são formados os seres humanos entende-se a importância desse cereal para esse povo.

 

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

CONTO FANTÁSTICO: O DIA EM QUE OS JACARÉS INVADIRAM NOVA YORK - COM GABARITO

 CONTO FANTÁSTICO: O dia em que os jacarés invadiram Nova York

        Deu no jornal: experiências genéticas produziram minúsculos jacarés que foram vendidos aos milhares em Nova York como brinquedo. Mas eram ferozes como seus ancestrais e os pais, receosos de que os filhos fossem mordidos, despejaram os jacarezinhos nos vasos sanitários e puxaram a descarga. Foi um erro fatal: centenas de jacarés sobreviveram e fizeram dos esgotos da cidade seu habitat. E lá, durante anos, se reproduziram. E cada geração - sabe-se lá os insondáveis mistérios da genética - aumentava de tamanho, acabando por produzir espécies muito maiores que os crocodilos do Nilo.     

        Quando as autoridades deram pela coisa era tarde. Pelas saídas do metrô, pelas galerias de esgotos, pelo rio Hudson, milhões de jacarés gigantescos ganharam as ruas num ataque de surpresa e comeram a maior parte da população. Mais espantoso ainda: os jacarés assimilavam a personalidade daqueles que devoravam. De modo que a estrutura da cidade não se alterou muito, só que em vez de seres humanos eram jacarés que dominavam a cidade: serviços públicos, transporte, comunicação, tudo. A estátua da Liberdade foi substituída por um jacaré com um archote. Nem todos os habitantes foram comidos. Os jacarés que haviam comido os cientistas especializados em genética começaram a fazer experiências com suas cobaias humanas. Até que conseguiram reproduzir em laboratório homenzinhos com 20 centímetros de altura, que foram vendidos como brinquedos para os filhotes de jacarés. Mas os minúsculos seres não haviam perdido a ferocidade de seus ancestrais e começaram a hostilizar seus donos com lanças improvisadas. 

          Os jacarés, com receio de que seus filhos se machucassem, pegaram os homenzinhos e os despejaram nos vasos sanitários. E puxaram a descarga. Foi um erro fatal para os jacarés. 


JAGUARIBE, Sérgio de Magalhães Gomes. Contos jovens. São Paulo, Brasiliense, (1975)

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.115-6.

Entendendo o texto

         01. A qual gênero pertence esse texto?

O texto é um conto fantástico, gênero que cria um universo de acontecimentos fantasiosos que têm como elemento principal a oposição entre o real e o fantástico.

02. Descreva, agora, como as características que você apontou na questão anterior aparecem no texto.

         Experiências genéticas teriam produzido minúsculos jacarés que       acabaram parando nos esgotos de Nova York, onde se reproduziram e, a cada geração, mudavam de tamanho, acabando por produzir espécies muito maiores do que os crocodilos do Nilo.

   03. O texto tem a finalidade de

     a) narrar.
b) descrever.
c) argumentar.
d) informar.

  04. Qual o fato que desencadeou a história?

     a) Os jacarés terem ficado ferozes como seus ancestrais.
b) A venda de jacarés minúsculos em Nova York.
c) A produção de brinquedos semelhantes aos jacarés.
d) Os despejos dos jacarés em vasos sanitários.


    05. No trecho “De modo que a estrutura da cidade não se alterou muito, só que em vez dos seres humanos eram os jacarés que dominavam a cidade: serviços públicos, transporte, comunicações, tudo”. Em textos que utilizem uma linguagem mais formal, o “só que” poderia ser corretamente substituído por
         a) “e”.
         b) “por isso”
         c) “portanto”.
         d) “entretanto”.


    06.  O verbo “dar” em "Deu no jornal" revela sentido de
        a) ofertar.
        b) produzir.
        c) acontecer.
        d) fugir.


  07. Sobre o texto, é correto afirmar que
       a) todos os jacarés foram mortos pelos humanos.
       b) ao serem jogados nos vasos sanitários, os filhotes dos jacarés eram semelhantes aos seus ancestrais.
      c) os jacarés atacaram repentinamente a população humana.
      d) os humanos fizeram dos jacarés cobaias para suas experiências.

08. Segundo o texto, os pais despejaram os jacarezinhos nos vasos sanitários porque
      a) não conseguiram vendê-los e os jacarezinhos foram fabricados aos milhares.
      b) ficaram receosos de que seus filhos fossem mordidos.
     c) imaginaram que os jacarezinhos assimilariam das personalidades que devoravam.
     d) temeram que os jacarezinhos hostilizariam seus donos com lanças.

09. O narrador não participa dos fatos. Em que ele afirma que se baseou para narrar os episódios?
      Numa suposta notícia de jornal. 

10. Por que os jacarés substituíram a estátua da Liberdade por um jacaré com um archote?  

     Por ser um símbolo.

 

CRÔNICA: (TRECHO RETIRADO DO LIVRO: O XANGÔ DE BAKER STREET) - JÔ SOARES - COM GABARITO

 CRÔNICA: (TRECHO RETIRADO DO LIVRO O XANGÔ DE BAKER STREET)

                     Jô Soares

          O detetive puxou do bolso a lupa e aproximou-se da calçada enegrecida pelas manchas de sangue. Quando baixou-se para ver melhor aquela área, sentiu a cabeça girar e a lente quase escapou-lhe das mãos. Teve de apoiar ao muro para não cair. Mello Pimenta, Saraiva e Watson correram para ajudá-lo:

        - O que houve, meu velho? - perguntou Watson, preocupado.

        - Nada, apenas uma pequena vertigem - respondeu Holmes, recuperando se. Depois, traduziu para Pimenta e Saraiva: - Fiquei tonto. Acho que ontem abusei das ervas que uma amiga me deu. Não sei se conhecem, são cigarros índios. Ótimos, por sinal, só que eu fumei demais.

       - Ah, vejo que o senhor Sherlock Holmes experimentou o nosso pango - disse o experiente Saraiva.

       - Pango? - perguntou Sherlock.

       Exatamente. É como os negros chamam a cannabis. Havia, inclusive, um lindo canteiro delas cultivado atrás da cozinha do palácio de Sua Majestade em São Cristóvão.

        Mello Pimenta, preocupado com o repentino mal-estar do detetive, pegou o pelo braço para afastá-lo dali.

        - Senhor Holmes, posso garantir-lhe que aqui não há nada que nos interesse. É melhor o senhor voltar para o hotel com o doutor Watson, enquanto sigo com o Saraiva até o Instituto Médico Legal, para acompanhar a autópsia.

       - De maneira alguma. O doutor Watson e eu fazemos questão de observar esta necropsia. Afinal, oito olhos enxergam melhor do que quatro.

         - Oito não, sete.

         - Como assim?

         - O Saraiva é cego de um olho - explicou Mello Pimenta, revelando este detalhe desconhecido da anatomia do professor.

         - Uma lembrança que eu trago das batalhas do Paraguai - explicou, constrangido, o doutor Saraiva.

         - Não sabia que o senhor era um herói de guerra - disse Holmes, comovidamente. - Foi numa luta corpo a corpo?

         - Não, uma infecção. Cocei o olho com a mão suja - explicou, sem pudor, o médico-legista.

         - Seja como for, gostaria de acompanhá-los. Essa tontura é passageira - garantiu o detetive.

        Saraiva, que entendia de ressacas como poucos, deu a receita:

        - Se me permite, senhor Holmes, o melhor remédio para esta sensação matutina é uma boa cachaça.

        - Cachaça? Que raios de estupor é este?

        - É uma aguardente feita com cana-de-açúcar. Uma bebida muito suave, deliciosa. Basta uma dose para o senhor se recuperar completamente. Aliás, vou acompanhá-lo. Também estou me sentindo um pouco fraco esta manhã.

        - Saraiva, não sei se é aconselhável dar cachaça ao senhor Holmes a esta hora - adiantou Mello Pimenta, com prudência.

        - Bobagem, meu caro Mello Pimenta. Tenho certeza de que este santo remédio deixará o nosso amigo inglês novo em folha - assegurou o médico.

        Os quatro se dirigiram a um botequim na esquina da rua Riachuelo. Saraiva, com invejável expertice etílica, encomendou duas doses da melhor aguardente da casa e entornou o seu copo num gole preciso. Quando o doutor Watson viu o líquido transparente que exalava um fortíssimo cheiro de álcool, indagou o que vinha a ser aquela bebida.

        - Nada de mais, Watson, apenas uma aguardente feita com cana-de-açúcar. O professor Saraiva assegura que possui excelentes resultados curativos - traduziu Sherlock para o amigo.

        - Não sei, Holmes, pelo cheiro, parece-me algo fortíssimo. Talvez seja conveniente não bebê-la pura - aconselhou.

         - Que faço, então? Ponho um pouco de água?

         - Acho que um sumo de fruta seria melhor. Laranja ou limão. São ótimos remédios. Já conhecemos, inclusive, suas comprovadas propriedades contra o escorbuto.

          Sherlock virou-se para o dono do botequim:

          - Meu amigo aqui está sugerindo que eu coloque um pouco de sumo de laranja ou limão na bebida. Por acaso o senhor tem alguma dessas frutas?

          - Tenho limões - respondeu, intrigado, o proprietário, sem tirar os olhos do chapéu e das sandálias nordestinas que o doutor ainda calçava.

          Watson completou:

          - Talvez também seja bom adicionar um pouco de gelo e açúcar, Holmes, para compensar a queima produzida pelo álcool.

          Sherlock Holmes transmitiu as exigências do doutor. O botiquineiro dirigiu se ao fim do balcão e ordenou que o seu empregado trouxesse o pedido. Watson cortou o limão em quatro e depositou dois pedaços no copo junto com o açúcar. Depois, pôs-se a amassar as fatias com uma colher, enquanto dizia:

           - Por via das dúvidas, é melhor colocar os gomos inteiros e espremer.

          Quando terminou aquela operação, acrescentou uns pedaços de gelo e entregou a curiosa poção ao detetive:

          - Pronto, Holmes, agora acho que você pode beber sem correr perigo.

          No fundo do bar, o empregado e o dono do botequim olhavam, fascinados. O jovem balconista perguntou:

          - Patrão, que língua eles estão falando?

          - Sei lá. Pra mim ou é latim ou é coisa do demo.

          - E que mixórdia é aquela que eles estão fazendo?

          - Não sei, uma invenção daquele caipira ali - disse, apontando para o chapéu de vaqueiro de Watson.

         - Qual deles, o grandão? - perguntou o rapaz, indicando Sherlock Holmes, todo de branco.

          - Não, o caipira grande está só bebendo. Quem preparou foi o menorzinho, o caipirinha - respondeu o proprietário, batizando assim, para sempre, a exótica mistura.

https://intranet.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/crs/File/provas_anteriores/CFO/prova_2006.pdf

Entendendo o texto

01.  Em relação ao uso dos cigarros índios, segundo se percebe no texto, é CORRETO afirmar que:

a)  seu uso era comum na época, não sendo vistos como algo ilegal.

b)  a polícia fazia “vista grossa” ao seu uso, mas já se iniciava uma proibição.

c) eram vistos não só como drogas, mas também como um cigarro diferente dos outros, exóticos.

d)  havia certa discriminação, pois eram, na maioria das vezes, consumidos por índios e negros.

02. - Cachaça? Que raios de estupor é este? A palavra “estupor” está sendo retomada ou explicada, metaforicamente, pela frase:

a) Basta uma dose para o senhor se recuperar completamente.

b)  - Nada de mais, Watson, apenas uma aguardente feita com cana-de-açúcar.

c)  É uma aguardente feita com cana-de-açúcar.

d) Se me permite, senhor Holmes, o melhor remédio para esta sensação matutina é uma boa cachaça.

03.  - Não, uma infecção. Cocei o olho com a mão suja - explicou, sem pudor, o médico-legista. Saraiva explicou, sem pudor, porque:

a)  da forma com que Mello Pimenta se referiu ao amigo, parecia que ele, sem um olho, não era competente para o cargo que exercia.

b)  diante da interrogação de Holmes, esperava-se a confirmação do fato e não simples falta de higiene, que ele confirmou sem sentir vergonha.

c)  quando Holmes falou em “herói de guerra”, Saraiva se sentiu lisonjeado, mas demonstrou sua humildade e respeito.

d) ficou sem jeito de mentir, pois Mello Pimenta conhecia a história e poderia desmenti-lo, o que causaria constrangimento ao colega.

 

 

 

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

ARTIGO CIENTÍFICO: BIG-BANG: COMO TUDO COMEÇOU - COM GABARITO

 ARTIGO CIENTÍFICO: BIG-BANG: COMO TUDO COMEÇOU

            Você já deve ter olhado para o céu e perguntado: de onde vieram os planetas, o Sol, as estrelas? Ou olhado para a Terra e perguntado de onde vieram as rochas, os animais, as plantas e os seres humanos. Para os cientistas, tudo o que existe no Universo veio de uma bolha que, há cerca de 10 ou 20 bilhões de anos, surgiu em um tipo de “sopa” quentíssima e começou a crescer, dando origem a toda a matéria que conhecemos.

           Essa bolha era formada de partículas de luz (fótons) e outras partículas minúsculas, que se criavam e se destruíam o tempo todo. Os cientistas chamam essa teoria que tenta explicar a origem de todas as coisas de big-bang, expressão em inglês que quer dizer “Grande Explosão”. À medida que crescia, a bolha mudava: ela ficou, por exemplo, bem mais fria. Quando o Universo completou 500 mil anos de idade, a temperatura da bolha era de 10 mil graus Celsius! Com o tempo, as partículas também começaram a ficar diferentes umas das outras. Essas partículas minúsculas foram se juntando e formando átomos cada vez mais pesados.

            Os primeiros átomos a surgir foram os de hidrogênio, elemento mais simples que existe na natureza, e os de hélio. Esses elementos se misturaram, formaram nuvens, e uma parte delas gerou estrelas. Os elementos mais complexos que o hélio foram formados pelas estrelas. Outra parte dessa nuvem que produziu as estrelas formou um tipo de “disco”, girando em torno delas. Nesses discos, surgiram “pelotas” que cresceram até virarem planetas e seus satélites.

            [...] Inicialmente, os planetas eram muito quentes. A Terra, por exemplo, não tinha água líquida quando se formou. Foram necessários milhões de anos para que se resfriasse. Isso permitiu a formação de rios e oceanos, nos quais os cientistas acreditam que surgiram as primeiras formas de vida, e a partir das quais vieram os bichos, as plantas e o homem.

             Mas nem todos os cientistas concordam sobre detalhes do big-bang. [...]

              Há outras teorias para explicar a origem do Universo, mas por enquanto o big-bang é a teoria mais aceita. [...]

 SODRÉ JR, Laerte. Ciência Hoje das Crianças. Disponível em:http://chccienciahoje.oul.com.br/big-bang-como-tudo-comecou/

Acesso em: 11 maio 2018.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.56-7.

Entendendo o texto

O texto que você leu é um artigo de divulgação científica, cujo objetivo é apresentar ao leitor, de maneira mais acessível, uma teoria científica complexa, como é o caso da teoria do big-bang.

 01. Qual é a explicação científica dada para a origem dos planetas, do Sol e das estrelas?

Para os cientistas, tudo o que existe no Universo veio de uma bolha muito quente, que começou a crescer e depois a esfriar, dando origem a toda a matéria que conhecemos.

02. Para que público esse texto foi escrito? Explique.

Esse texto foi escrito especialmente para crianças, já que foi publicado em uma revista destinada a esse público, o que é percebido pela linguagem simplificada, de fácil entendimento.

03. Associe as características dos gêneros mito e artigo de divulgação científica.

A.  Mito.

B.  Artigo de divulgação científica

(  A  )   (  B  ) Fruto do desejo de conhecer e de responder a questões como: De onde viemos?

(  B  )    (      ) Recorre à razão e à pesquisa.

(      )    (  B  ) Recorre à imaginação e ao sobrenatural.

04. Você conhece outra teoria que explica a origem do Universo? Faça uma pesquise ou converse com seu professor de Ciências a respeito do assunto, anote as informações encontradas e compartilhe-as com os colegas.

Resposta pessoal.

05. Nestas passagens extraídas do texto, as palavras destacadas contêm prefixos e sufixos. Destaque-os, determinando-lhes o significado. Se necessário, consulte a lista apresentada anteriormente:

[...] chegaríamos a uma partícula indivisível! [...]

[...] os cientistas descobrem outras que tinham passado despercebidas.

Partícula: sufixo diminutivo -cula; indivisível: prefixo in- com sentido de negação; sufixo -vel, com sentido de “que se pode”; cientistas: sufixo -istas, exprime profissão; Despercebidas: prefixo des-,  com sentido de negação.

 

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

APÓLOGO: A PANELA DE BARRO E A PANELA DE FERRO - LA FONTAINE - COM GABARITO

 APÓLOGO: A PANELA DE BARRO E A PANELA DE FERRO

                     La Fontaine         

          A panela de ferro propôs à panela de barro um passeio. Esta se desculpou, dizendo:

          - É melhor manter-me perto do fogo, porque sou muito frágil, tão frágil que, ao menor toque, me transformo em pedaços. Já você nunca terá esse destino, pois sua estrutura é mais dura do que a minha. Eu não sou resistente como você.

           A panela de ferro respondeu:

           - Vou protege-la de qualquer coisa dura que possa lhe ameaçar. Se, porventura, algo passar perto de você, eu ficarei entre os dois, e do golpe a salvarei.

           Diante dessas palavras, a panela de barro convenceu-se e aceitou a proposta de passear com sua companheira. Então, elas se colocaram lado a lado e começaram imediatamente a caminhada.

           A panela de barro andava como podia, tropeçando, mancando e titubeando de um lado para outro por causa de suas três pernas. Esbarrava o tempo todo na companheira, e via-se no perigo de espatifar-se a qualquer momento.

            Mal tinham andado cem passos, a panela de barro reduziu-se a mil cacos em um encontro mais forte na panela de ferro, e nem podia reclamar, pois ela era diferente de sua companheira.

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.28-9.

Entendendo o texto

 01.               Identifique, no texto, o que se pede:

a)   Tipo de narrador e foco narrativo.

Narrador-observador, foco narrativo em 3ª pessoa.

b)   Personagens principais.

A panela de barro e a panela de ferro.

c)   O espaço em que os fatos ocorrem.

Perto do fogão e a uma distância que caminharam. 

02.    É possível determinar quando os fatos narrados ocorreram? Por quê?

          Não, sabe-se apenas que as ações transcorreram em um tempo curto, mas não é possível determinar a época. 

      03.               Qual é o problema vivenciado pelas personagens?

A panela de ferro propõe a panela de barro que saiam para um passeio, mas a panela de barro considera-se frágil e acha melhor não aceitar o convite. No entanto, a panela de ferro a convence, prometendo protege-la, e juntas saem para a caminhada. No caminho, a panela de barro se transforma em mil cacos por esbarrar com mais força na panela de ferro. 

       04.               A moral desse apólogo foi propositalmente retirada. Releia o texto e conclua:

Qual é o ensinamento que essa história nos transmite?

O ensinamento dessa história é o respeito às próprias limitações e a aceitação delas; ainda que outros insistam que devemos rompê-las, sob pena de nos “quebramos em pedaços” como a panela. É preciso ficarmos atentos, pois nem sempre as pessoas conseguem cumprir o que prometem.

 

 

 

 

APÓLOGO: O CARVALHO E O CANIÇO - LA FONTAINE - COM GABARITO

 APÓLOGO: O CARVALHO E O CANIÇO

                     La Fontaine

          O carvalho, que é sólido e imponente, nunca se curva com o vento.

          Vendo que o caniço se inclinava todo quando o vento passava, o carvalho lhe disse:

          - Não se curve, fique firme, como eu faço.

          O caniço respondeu:

           - Você é forte, pode ficar firme. Eu, que sou fraco, não consigo.

           Veio então um furacão. O carvalho que enfrentou, foi arrancado com raízes e tudo. Já o caniço se dobrou todo, não opôs resistência ao vento e ficou em pé.

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.24-5.

 Entendendo o texto

01. Associe os personagens de acordo com as características apresentadas no apólogo.

A.  Carvalho      ( A ) Árvore de madeira muito dura, usada em construções.

B.  Caniço                 ( B ) Cana fina e comprida que pode ser usada para pescar.

02. Qual é o ensinamento transmitido pelo apólogo?

Contra as adversidades, a inteligência tem mais valor que o grande esforço.

03. Complete os períodos com orações coordenadas que estabeleçam as relações determinadas a seguir.

a)   O carvalho é sólido e não se curva com o vento. (relação de adição)

b)   Você é forte mas eu sou fraco. (relação de oposição)

c)   O carvalho enfrentou a ventana e foi arrancado com raiz e tudo. (relação de adição)

d)   Veio um furacão mas o caniço ficou em pé. (relação de oposição)

04. Identifique se as conjunções coordenativas ligam orações coordenadas ou dois termos de mesma função sintática.

a)   O carvalho é sólido e imponente.

A conjunção liga dois termos de mesma função sintática: os núcleos do predicado nominal.

b)   Carvalho é forte, e o caniço é fraco.

A conjunção liga duas orações.

c)   O carvalho e o caniço conversavam quando veio o furacão.

A conjunção liga dois termos de mesma função sintática: os núcleos do sujeito composto.

d)   O carvalho foi derrubado, e o caniço ficou em pé.

A conjunção liga duas orações.