quinta-feira, 29 de novembro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): OUTRA MARGEM DO RIO - FERNANDA PORTO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Outra Margem do Rio

                                   Fernanda Porto

Dos habituais comportamentos contemporâneos
Optar é deles o mais desumano
Escolher entre tantos a quem vou amar
Se telefono agora ou depois, ou não ligo
Se insisto ou desisto, ou nem isso
Peço demissão, fico grávida
Troco de país, mudo de vida
E que verso agora vou inventar
Pra continuar sendo lida?
Que saudade me fará o calor,
Caso venha a preferir o frio?
E estando a escolha feita
Nada me convence ou tranquiliza
Estou sempre de olho
Na outra margem do rio

                               Composição: Fernanda Porto
Entendendo a canção:
01 – Qual dos componentes contemporâneos o eu lírico considera o mais desumano? Por que ele tem essa opinião?
      Optar é o mais desumano. Porque tem que estar sempre fazendo escolhas.

02 – Há nessa música um trecho em que o eu lírico parece se dirigir ao leitor. Qual efeito esse recurso causa no leitor?
      Ele faz uma interrogação. “E que verso agora vou inventar / Pra continuar sendo lida?”

03 – Qual é o significado da expressão “De olho na outra margem do rio”, no contexto dessa música?
      Aqui a presença do rio é fictícia, emana magia e transcendentalismo aos olhos do leitor, no ir e vir do rio e da vida.

04 – Releia os dois versos finais da primeira estrofe da música.
a)   Que conjunção introduz as orações coordenadas utilizadas para mostrar o comportamento contemporâneo mais desumano?
A conjunção “se”, que é uma condicional.

b)   Que sentido a repetição de conjunção cria no texto?
Cria a dúvida, condição ou hipótese.

CRÔNICA: BLUSÃO DA MODA - FLÁVIO JOSÉ CARDOZO - COM GABARITO

Crônica: Blusão da moda
Flavio José Cardozo. Uns papéis que voam São Paulo, FTD, 2003


        Há cores por todos os lados e um clima de muita generosidade na vitrina, os preços das ofertas fazem graciosos malabarismos.
        Vejo um blusão de lã e me agrado dele. Sim, a cor me cai no gosto, o talhe não é dos piores, o preço está convidativo. Para quem precisa de um blusão de lã e sabe que ainda tem um pouco de inverno pela frente, é de aproveitar.
        Entro. Quem me atende é o próprio dono da loja, um cidadão que já vi, creio eu, em mais de uma história d'As mil e uma noites. Um cidadão cortês, prestativo, interessadíssimo no minha humilde pessoa. Digo-lhe que gostei do blusão assim e assim que está na vitrina e ele vai, olha qual é, vem, procura na prateleira um semelhante, não encontra. O que justamente está de amostra é o último.
        Fico torcendo para que o número seja o meu, 46.Faz tempo que ando procurando um blusão daquele tipo, daquela cor, daquele preço. Decepção é 50.Quando vou dizer "que pena, é muito grande", o homem já está me tirando o casaco e me vestindo o blusão. Digo não ainda, é enorme, mas ele não me dá ouvidos.
        -- Viu? Olha aí!
        Estou olhando, é monstruoso. Sobra pano nos ombros, nas mangas, nas costas, por todo lado. Eu me sinto numa casamata. Mas o persistente comerciante tem a coragem muito síria de dizer que aquilo está bom.
        -- Está bom demais: é blusão pra mim e meus quatro filhos ... – digo, com um risinho.
        Ele não quer saber de piadas. Manda que eu aproveite a oportunidade, pois um blusão daqueles, na verdade, anda custando o dobro. Não me escuta, prefere me ensinar que hoje um blusão decente se usa assim mais folgado, é da moda. Como todo respeito, só um palhacinho de circo usaria um mais justo. Depois, a tendência da lã é sempre escolher um pouco.
        Resisto, digo que vou pensar. Consigo, as duras penas, sair.
        Entro noutra loja, olho, olho, não tenho sorte. Entro em mais outra, olho, olho, nada parecido com o blusão do meu gosto. Tento uma terceira, a mesma coisa. Desisto.
        Volto ao blusão que já seria meu se fosse 46.Vou pensando: não ficou tão grande, ficou? Não entendo nada de moda, mas parece que já ouvi mesmo minha mulher dizer que roupa agora se usa um pouco mais solta. Será que não ando um pouco antiquado?
        Chego e verifico que o blusão está sendo visto por um freguês e sinto-me como que passado para trás. É um blusão bonito mesmo, o danado. O novo pretendente é um animal de grande, deve vestir 54, e ouço-o dizer "que pena, é muito pequeno", mas o turco não lhe dá ouvidos, diz que hoje um blusão decente se usa assim mais justo, senão o cara, com todo respeito, fica parecendo um palhacinho de circo. Depois, a tendência da lã é sempre a de esticar claro.
        Saio resignadamente sem blusão, vou embora ler um pouco das minh'As mil e uma noites.

       Novo Diálogo, Língua Portuguesa, 6ª série, Eliana Beltrão e Tereza Gordilho, FTD

Entendendo a crônica:
01 – A crônica, geralmente, trata de fatos do cotidiano das pessoas. Nessa crônica, o narrador conta, em 1ª pessoa, a tentativa de comprar um blusão numa loja.
a)   A quem o narrador-personagem se dirige ao entrar na loja?
Ele se dirige ao preço do Blusão.

b)   O que acontece quando o narrador pede para ver o blusão?
O seu atendente procura um blusão 46 e encontra um 50.

02 – No terceiro parágrafo, o narrador-personagem descreve o dono da loja e a si mesmo.
a)             Especifique os adjetivos que se referem:
Ao dono da loja: Cortês, prestativo, interessado no narrador.
     Ao narrador-personagem: Humilde pessoa.
b)             O que o narrador evidencia com essa maneira de construir a descrição?
  Nos atendentes das lojas, sempre simpáticos e prestativos.

03 – O narrador-personagem, no quarto parágrafo, torce para que o blusão, de que tanto gostou, caiba nele...
a)   Que ação do dono da loja surpreende o narrador?
Mesmo o narrador falando que o blusão ficaria enorme o gerente tira o casaco do cliente vestindo o blusão.

b)   Por que, nesse parágrafo, foram empregadas aspas em “que pena, é muito grande”?
Porque é uma citação do “narrador-cliente”.

04 – A crônica pode explorar a crítica, o humor, a ironia.
a)   Copie a(s) frase(s) que, de acordo com o texto, apresenta(m) um tom irônico.
“Vejo um blusão de lã e me agrado dele.”
“Fico torcendo para que o número seja o meu [...].”
“Um cidadão cortês, prestativo, interessantíssimo na minha humilde pessoa.”
“_ Está bom demais: é blusão pra mim e meus quatro filhos...”

b)   Explique o que dá o tom de ironia às frases escolhidas por você.
O blusão está tão grande que caberia mais pessoas magríssimas com ele.

05 – O narrador-personagem emprega diferentes termos para referir-se ao dono da loja.
a)   Faça uma lista desses termos na ordem em que eles aparecem na crônica.
Cortês, prestativo, possui coragem Síria, persistente.

b)   Com base nesses termos, o que fica subentendido sobre o que o narrador-personagem sente em relação ao dono da loja?
Que é um bom vendedor, insistente e prestativo.

06 – Releia o trecho do terceiro parágrafo, que descreve como age o comerciante ao saber do interesse do narrador pelo blusão exposto na vitrine.
a)   Como age o comerciante nesse momento?
Ele age como querendo vender o mais depressa possível o blusão.

b)   Que recursos linguísticos empregados nesse trecho ajudam o leitor a construir a imagem descrita?
A enumeração de adjetivos usando a vírgula.

07 – Com base no desfecho da crônica, responda: O que é possível concluir sobre o comportamento do vendedor, personagem do texto, em relação ao consumidor?
      Vendedor: insistente.
      Personagem: implicante.
      Consumidor: sempre levado pela “lábia” do vendedor.



FÁBULA: O FILHOTE DE CERVO E SUA MÃE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Fábula: O filhote de cervo e sua mãe
          Esopo


        Certa vez um jovem Cervo conversava com sua mãe:
        -- Mãe você é maior que um Lobo, é também mais veloz e possui chifres poderosos para se defender, por que então você os teme tanto?
        A Mãe amargamente sorriu e disse:
        -- Tudo que você falou é verdade meu filho, mesmo assim quando eu escuto um simples latido de Lobo, me sinto fraca e só penso em correr o mais que puder.

        Moral da História: Para a maioria das pessoas, é mais cômodo conviver com seus medos e fraquezas, mesmo sabendo que podem superá-los.
                                                                      Fábula de ESOPO
Entendendo o texto:
01 – O texto que você acabou de ler é:
a)   Uma crônica em que o autor trata de um assunto do dia-a-dia.
b)   Uma fábula, isto é, uma pequena história com ensinamento moral.
c)   Um conto de fadas.

02 – Quais são os personagens do texto?
      O filhote de cervo e sua mãe.

03 – O filhote de cervo e sua mãe, sendo animais, são personagens do texto porque:
a)   Antigamente os animais falavam.
b)   Na história, eles agem, falam e raciocinam como se fossem pessoas.
c)   O texto fala sobre eles.

04 – O autor caracteriza a mãe do cervo como um animal:
a)   Cruel, ruim e injusta.
b)   Fraca e medrosa.
c)   Carnívora, que se alimenta de outros animais.

05 – Todas as ações da fábula se passam no mesmo dia?
      O texto não diz. O tempo usado é “Certa vez”.

06 – Qual a moral da fábula?
      Para a maioria das pessoas, é mais cômodo conviver com seus medos e fraquezas, mesmo sabendo que podem superá-los.





HISTÓRIA: O POTRINHO JACINTO - COM GABARITO

História: O potrinho Jacinto

    O potrinho Jacinto acaba de nascer. Em alguns instantes, ele sairá à procura da sua mamãe. Outros animaizinhos vieram dar as boas-vindas em sinal de amizade! É só alegria na fazenda!
  Mamãe Carlota é a eguinha mais feliz da fazenda. O seu amado potrinho nasceu muito esfomeado! Será que haverá leite para tanto apetite? Ah, mas se o leite de mamãe Carlota não der conta de toda aquela fome, uma ração deliciosa poderá ser por saboreada.
        Agora, chegou a hora de mamãe Carlota levar Jacinto para exercitar os músculos. Correr pelo campo é uma das coisas que todos os potrinhos gostam de fazer. E Jacinto tenta relinchar como um verdadeiro cavalo adulto. Mas ele é só um bebê ainda, e o seu relinchar não passa de um qui-qui-qui!
        Então, Jacinto percebe que tem mais amiguinhos na fazenda. Todos tentam fazer a mesma coisa. Mas nem todos relincham como o papai de Jacinto.
        Um faz qué-qué-qué, outro riu-riu-riu e, ainda, um terceiro tenta, com todas as forças, um belo relinchar. Mas o que sai é só um rincó-rincó-rincó!
        O papai de Jacinto se chama Furacão, porque é o cavalo mais rápido da fazenda. Jacinto acha que o relinchar do pai é o mais belo de todos. Jacinto fica ouvindo seu papai até pegar no sono. Jacinto tem um lugar para dormir que é só dele.
        No dia seguinte, papai Furacão leva Jacinto para a menina Jussara. Ela adora cavalos e gosta muito do potrinho. Jussara é filha do senhor Zeca, dono da fazenda, e gosta de brincar com todos os animais. Ela vai levar Jacinto para ver lindas paisagens perto do vale.
        Mas Jacinto percebe que gosta mesmo é de correr. Quer ser como o seu papai Furacão, o número um das corridas. Um verdadeiro campeão! Seu papai fica muito orgulhoso disso. Ele tem certeza de que Jacinto será muito feliz!
                                                                    Autor: TODOLIVRO.
Entendendo o texto:

01 – De que se trata essa história?
      Conta a história do potrinho Jacinto que acaba de nascer e de seus pais.

02 – Quem são os personagens da história?
      O potrinho Jacinto, sua mãe Carlota, seu pai Furação, os amiguinhos de Jacinto, a menina Jussara, senhor Zeca (dono da fazenda).

03 – Como o potrinho faz para exercitar seus músculos?
      Ele corre pelo campo.

04 – Por que o pai de Jacinto chama-se Furação?
      Porque é o cavalo mais rápido da fazenda.

05 – Jacinto sente muito orgulho de seu pai e quer ser como ele. Fazendo o quê?
      Sendo o número um das corridas. Um verdadeiro campeão.



CONTO: O DESAFIO DE LILIBEL - LÚCIA TULCHINSI - COM GABARITO

Conto: O desafio de Lilibel          

                          Lúcia Tulchinski

        Quando o professor de matemática veio com aquela história de Campeonato de Tabuada, Lilibel desconfiou que estivesse em apuros. As perguntas seriam orais e venceria quem acertasse o maior número de respostas. O problema não era a matemática e, sim, um medo guardado a sete chaves. Um gigante invisível que a acompanhava de segunda a sexta-feira em todas as horas do dia. O medo de Lilibel chamava-se timidez. Ela preferia fazer dez provas bem difíceis a participar daquela competição. O campeonato começaria logo na primeira aula do dia seguinte.
        Lilibel dormiu muito mal naquela noite. Teve pesadelos cheios de números. Todas as tabuadas estavam na ponta da língua, mas o medo de falar em público não saia de sua cabeça. Medo X Medo era igual a muito medo.
        As preces de Lilibel para que o professor ficasse doente não foram atendidas. Lá estava ele, com o maior sorriso no rosto, pronto para começar o campeonato de Tabuada. Logo, os nomes começaram a ser chamados. Primeiro foi o Carlinhos, depois o Heitor, a Joana, a Laís. Foi então que ela ouviu o seu nome: – Lilibel, é a sua vez. Quanto é quatro vezes seis? Ela sabia que a resposta certa era 24, mas perdeu a fala e os seus primeiros pontos.
        No recreio, Lilibel foi chorar no banheiro. Lá estava Tate, sua melhor amiga, que também tinha lá os seus medos.
        -- Lilibel, não chore, você só precisa criar coragem. A primeira vez que derrotar o medo, ele vai embora para sempre.
        Dois dias depois, começou a segunda etapa da competição. O primeiro a ser chamado foi o Joaquim. A pergunta era: – quanto é nove x sete? O aluno errou a resposta. Lilibel sentiu que chegara a hora de dar uma rasteira no medo e, tremendo, levantou o braço.
        -- Pode responder Lilibel – disse o professor.
        Os olhos de todos os colegas de classe voltaram-se surpresos para ela, que, com a voz trêmula disse: – Se ...sen...ta e  tr ..ês.
        Resposta certa! Ponto para Lilibel.
        Tate não se conteve e gritou:
        -- É isso aí, garota!
        Lilibel sentia-se leve como uma pluma. Tinha vontade de abraçar o mundo inteiro. Para ela, aquela era uma grande vitória. De repente, um bilhete aterrizou em sua carteira. Nele estava escrito:
        -- “Lilibel, você tem uma voz muito bonita. Zeca”.
        Com o rosto queimando feito brasa, Lilibel sorriu para o Zeca. Ele também estava vermelho como pimenta-malagueta. E sorria.

Vocabulário:
Timidez: acanhamento, vergonha.
Pluma: pena.
Aterrissou: pousou.

Entendendo o conto:
01 – Qual era o verdadeiro problema de Lilibel? E como ela o resolveu?
      O verdadeiro medo de Lilibel era o de falar em público. Ela era muito tímida e resolveu seu problema enfrentando o medo.

02 – Qual é o tipo de narrador do texto que você acabou de ler?
      O tipo de narrador apresentado nesse texto é o narrador em 3ª pessoa (observador).

03 – Releia o trecho: “... com a voz trêmula disse: - Ses...sen...ta e tr...ês.”
O que a autora quis demonstrar ao escrever a resposta da menina dessa forma?
      Ela quis demonstrar que a Lilibel deu a resposta com voz trêmula e falando pausadamente.

04 – Ao final do texto, a autora faz comparações. Transcreva uma.
      Com o rosto queimando feito brasa ou vermelho como pimenta malagueta.

05 – Depois que Lilibel venceu o medo e falou diante da turma, algo bom lhe aconteceu, como uma recompensa. O que foi?
      Lilibel recebeu um bilhetinho de um colega elogiando sua voz.


POEMA PARA SÉRIES INICIAIS: LAURA - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

Poema: Laura



Laura vive apressadinha.
Por que tanta pressa, oh, Laura?
Pois ela não tem nada o que fazer.
Esta pressa é uma das bobagens de Laura.
Mas ela é modesta:
Basta-lhe cacarejar um bate-papo
Sem fim com as outras galinhas.
As outras são muito parecidas com ela:
Também meio ruiva e meio marrom.
Só uma galinha é diferente delas:


Uma carijó toda de enfeites preto e branco.
Mas elas não desprezam a carijó por ser de outra raça.
[...]
                         Clarice Lispector. A vida íntima de Laura.
                               Rio de Janeiro: Rocco, 2012.
Entendendo o poema:
01 – Como é Laura?
      É uma galinha apressadinha, modesta, adora conversar.

02 – Em que Laura e a galinha carijó são diferentes?
      Laura é meio ruiva e meio marrom. A galinha carijó é toda de enfeites preto e branco.

03 – Para você, as diferenças físicas são importantes?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – O que mais a Laura gosta de fazer?
      Bate-papo com as outras galinhas.

05 – Quem é a autora do texto?
      Clarice Lispector.


REPORTAGEM: BABAÇU LIVRE - ANDRÉ CAMPOS - COM GABARITO

REPORTAGEM: Babaçu livre
                      
                 André Campos

          A expansão da pecuária e de outros interesses econômicos na região dos babaçuais ameaça o trabalho das quebradeiras de coco, fundamental para a sobrevivência de diversos grupos extrativistas do meio-norte do país

        Do babaçu, tudo se aproveita. Essa é uma frase comum na chamada região dos babaçuais, localizada na faixa de transição para a floresta Amazônica. Com cerca de 18,5 milhões de hectares (algo equivalente a 75% do estado de São Paulo), sua área inclui terras de várias unidades da federação, principalmente do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. Locais onde, para milhares de famílias, babaçu é quase um sinônimo de sobrevivência. Da folha dessa palmeira, que pode chegar a 20 metros de altura e tem inflorescência em cachos, faz-se telhado para as casas, cestas e outros objetos artesanais; do caule, adubo e estrutura de construções; da casca do coco produz-se carvão para fazer o fogo, e, do seu mesocarpo, o mingau usado na nutrição infantil; da amêndoa obtêm-se óleo, empregado sobretudo na alimentação mas também como combustível e lubrificante, e na fabricação de sabão.
        “Que eu conheça, o babaçu tem 49 utilidades diferentes, mas acredito que sejam mais”, conta Emília Alves, de 53 anos, dos quais mais de 30 coletando o coco que cai da palmeira. Trata-se de uma atividade tradicionalmente feminina, muito cantada nas músicas das “quebradeiras de coco” (como elas mesmas se autodenominam) e indissociável do modo de vida de diversas comunidades da região, onde, diz-se, toda mulher foi, é ou será um dia quebradeira de coco. Há várias gerações, lá estão elas com um machado preso sob uma das pernas e um porrete de madeira na mão, arrebentando diariamente centenas de cocos para extrair as amêndoas. Apesar de não haver dados oficiais, calcula-se que, no Brasil, entre 300 mil e 400 mil extrativistas sobrevivam dessa atividade. Para se ter uma ideia, é um número semelhante ao total de índios aldeados que, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), vivem atualmente no Brasil.
        Atualmente, Emília é coordenadora executiva da Regional do Tocantins do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), presente em quatro estados brasileiros (Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins). A entidade tem como principal bandeira aquela que, historicamente, é a grande reivindicação das quebradeiras de coco: o direito de livre acesso aos babaçuais.
        Entre proprietários de terra da região, são comuns reclamações de que as quebradeiras de coco estariam cortando cercas com o objetivo de fazer um caminho mais curto até os babaçuais. Muitas vezes também estariam deixando a casca do coco espalhada pelo chão, provocando ferimentos nos casos dos animais. Além disso, a realização de “caieiras” – método artesanal para a fabricação do carvão a partir da queima casca do coco – dentro das propriedades é criticada sob a alegação de que traz risco de incêndios.
        A expansão da fronteira agrícola e, principalmente, da atividade pecuária tem gerado um aumento significativo do desmatamento e dos conflitos de interesse relacionados à utilização dos babaçuais. Diversas áreas estão sendo devastadas para dar lugar ao pasto, situação que provoca tensões inclusive em unidades de conservação oficialmente reconhecidas, como as reservas extrativistas do Ciriaco e Mata Grande, além do Parque Estadual do Mirador, todos no Maranhão. No início de 2005, uma ação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) daquele estado resultou na retirada de 9 mil cabeças de gado de dentro do parque.

   CAMPOS, André. Babaçu livre. Portal Repórter Brasil
Agência de Notícias / Reportagens, 3 abr. 2006.
Entendendo o texto:

01 – Como as quebradeiras de coco poderiam conviver com os proprietários de terra dos babaçuais?
      As resposta devem variar. É importante que os alunos contemplem os dois lados do conflito, conciliando a atividade que você sustento às quebradeiras e os interesses dos proprietários em criar gado e cultivar a lavoura.

02 – O babaçu é um recurso natural renovável. Por que a criação de pastos seria uma ameaça para o babaçu?
      A criação de pastos ameaça o babaçu porque provoca a derrubada de muitas árvores e impede sua reprodução.

03 – De que região é colhido o babaçu?
      De acordo com o texto, é do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins.

04 – De acordo com a Emília Alves, quantas utilidades tem o Babaçu?
      Possui mais de 49 utilidades diferentes.

05 – Por quem é catado os coco que cai das palmeiras?
      É uma atividade tradicionalmente feminina.

06 – Quem é a Coordenadora Executiva da Regional do Tocantins do Movimento Interestadual das Quebradeiras de coco Babaçu (MIQCB)?
      A Coordenadora é Emília Alves, de 53 anos.

07 – Qual é a reclamação dos fazendeiros da região?
      Que as quebradeiras de coco estariam cortando cercas com o objetivo de fazer um caminho mais curto até os babaçuais.
      Que estariam deixando a casca do coco espalhada pelo chão, provocando ferimentos nos casos dos animais.

08 – Qual é o título do texto e quem é o autor?
      O título é Babaçu Livre escrito pelo André Campos.

ARTIGO DE OPINIÃO: É A ECONOMIA QUE DEVE SE ADAPTAR À SUSTENTABILIDADE, NÃO O CONTRÁRIO - BACKER RIBEIRO FERNANDES- COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: É a economia que deve se adaptar à sustentabilidade, não o contrário
    

  Deveríamos garantir aos nossos filhos, pelo menos, a mesma qualidade de vida que temos hoje e que já não é tão boa assim

 Segundo Gilles Lipovetsky, importante filósofo contemporâneo, as preocupações do porvir planetário e os riscos ambientais assumiram posição primordial no debate coletivo. Nos últimos anos, quando despertamos para as revelações alarmantes a respeito do aquecimento global, o termo sustentabilidade ganhou a importância merecida na mídia, governos e empresas. Sustentabilidade virou uma febre. As empresas são sustentáveis, o negócio é sustentável, tudo é sustentável. Mas o que é ser sustentável? Que conceitos norteiam as gestões estratégicas das organizações?
        Ser sustentável hoje, provavelmente, é viabilizar o negócio desde que não impacte em mais custos, tecnologias mais caras. O que todos precisam entender é que há urgência em equilibrar a balança do tripé da sustentabilidade (triple bottom line), a economia não deve pesar mais que o social e o ambiental. Caso isso não ocorra, a natureza cobrará o seu preço.
        Em 1987, foi publicado o relatório Nosso Futuro Comum (Our Common Future), elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que fazia duras críticas ao modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, ressaltando os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório apontava para a incompatibilidade entre o desenvolvimento e os padrões de produção e consumo vigentes. Cunhou-se a célebre frase: “Desenvolvimento sustentável é satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
        Ou seja, deveríamos garantir para os nossos filhos, pelo menos, a mesma qualidade de vida que temos hoje e que já não é tão boa assim. As gerações futuras, agora com 24 anos (1987 a 2011), perguntam quais medidas foram cumpridas e se é este o futuro que construímos para eles. Devemos mesmo adotar esse conceito? A resposta é não! Os resultados mostram que falhamos e que sustentabilidade é garantir hoje a qualidade do meio ambiente, da vida, gastar o que for preciso para as gerações presentes.
        Não há um limite mínimo para o bem-estar da sociedade assim como não há um limite máximo para a utilização dos recursos naturais. Como citou Jeffrey Sachs, professor de Economia e diretor do Instituto Terra da Universidade Columbia, “o mundo está rompendo os limites no uso de recursos, se a economia mundial cresce a um patamar de 5% ao ano significa, neste modelo de desenvolvimento, que continuaremos produzindo grandes impactos no meio ambiente, nosso planeta não suportará fisicamente esse crescimento econômico exponencial, se deixarmos a ganância levar vantagem, o crescimento da economia mundial já está esmagando a natureza”.
        Se continuarmos com um modelo de desenvolvimento como o que temos atualmente, em 2050, quando se estima que seremos 9 bilhões de habitantes, teremos uma dívida ecológica de 24 meses, tempo necessário para ela se recompor, mesmo assim, não se tem a certeza se o planeta aguentará uma pressão deste tamanho.
        Há um grande equívoco que preciso deixar claro quando se fala em desenvolvimento. É comum falar em desenvolvimento sob o prisma do crescimento da economia, e o Brasil está entre os dez países mais ricos do mundo, mas o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostra o Brasil na 73ª posição entre 169 países. De acordo com o relatório, aproximadamente 8,5% da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, 17 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 60 por mês. Além da má distribuição de renda, doença crônica no desenvolvimento do Brasil, a saúde e a educação são o que mais pesa na pobreza do país.
        Como diria o professor Sachs, “se a ganância vencer, a máquina do crescimento econômico depredará os recursos, deixará os pobres de lado e nos conduzirá a uma profunda crise social, política e econômica”. Precisamos propor uma mudança no paradigma da sustentabilidade, o desenvolvimento sustentado necessita incluir o homem nesse processo, numa gestão que inclua as pessoas, tecnologias sem o pressuposto econômico, fontes renováveis e práticas sustentáveis. Como citou Rachel Carson em seu livro Primavera Silenciosa, “o homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo… Temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos”. A mensagem está dada.
              Backer Ribeiro Fernandes é Relações Públicas e doutorando em
Ciências da Comunicação.
Entendendo o texto:

01 – O texto lido é iniciado pela apresentação de uma ideia defendida pelo filósofo Gilles Lipovetsky.

a)   Qual ideia é apresentada ao leitor?
A preocupação com o futuro e com os riscos ambientais presentes de forma intensa na sociedade.

b)   Ele é apresentado pelo articulista como “um importante filósofo contemporâneo”. Ao fazer essa apresentação, qual efeito pretende-se obter em relação ao leitor do texto?
Ao reconhecer a importância do filósofo, é possível despertar ainda mais o interesse do leitor sobre o assunto tratado no artigo de opinião e fazer com que o leitor pressuponha que Backer Fernandes (o autor) concorda com o filósofo.

02 – Ainda no primeiro parágrafo, é apresentada uma relação de causa e consequência a partir de revelações sobre o aquecimento global.
a)   De acordo com o articulista, o que essas revelações causaram?
O Termo sustentabilidade ganhou importância na mídia, nos governos e nas empresas.

b)   Qual é a consequência desse fato?
A consequência é a de a sustentabilidade ter virado uma mania, e muitos – empresas, produtos, entre outros – passaram a se promover como “sustentáveis”.

03 – O articulista, Backer Ribeiro Fernandes, questiona a utilização, generalizada, do conceito de sustentabilidade.
a)   Transcreva a frase apresentada pelo articulista que dá início a esse questionamento.
“As empresas são sustentáveis, o negócio é sustentável, tudo é sustentável.”

b)   Fernandes encerra o primeiro parágrafo com perguntas relacionadas à sustentabilidade. O que essas perguntas sugerem ao leitor?
As perguntas sugerem que o conceito não está bem definido e que haverá uma investigação e reflexão sobre o que é, de fato, sustentabilidade.

04 – Nos dois parágrafos seguintes, o articulista apresenta a ideia vigente sobre o que e sustentabilidade.
a)   De acordo com as informações presentes nessa parte do texto, qual é a definição corriqueira sobre o que é “ser sustentável”?
Ser sustentável é viabilizar o negócio desde que não impacte em mais custos, tecnologias mais caras.

b)   De acordo com Fernandes, qual é a condição para que algo possa ser considerado sustentável?
A economia não deve pesar mais que o social e o ambiental.

c)   Elenque as diferenças entre o conceito apresentado por Fernandes e a ideia, mais relacionada ao senso comum, sobre “ser sustentável”.
Na definição defendida por Fernandes, deve-se priorizar a qualidade do meio ambiente e da vida, não importando o quanto isso custe. Na concepção mais geral sobre ser sustentável, o fundamental é não ter custos que inviabilizem algo.

05 – Leia a definição a seguir e responda ao que se pede.
      Paradoxo [...] Aquilo que é estranho, contraditório, absurdo [...].
Dicionário didático. 3. ed. São Paulo: SM, 2009. p. 595.

a)   Qual situação apresentada no artigo de opinião pode ser considerada paradoxal?
O fato de o Brasil estar entre os dez países mais ricos do mundo, mas o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostrar o Brasil na 73ª posição entre 169 países.

b)   De acordo com o texto, o que pode provocar essa situação paradoxal?
A forma como desenvolvimento é entendido: mais no sentido econômico, sendo desconsiderado, por muitos, o aspecto social.

c)   Que relação pode ser estabelecida entre a situação paradoxal apresentada e a sustentabilidade?
Embora o Brasil seja um país muito rico, muitas pessoas ainda vivem em condições muito difíceis. A ideia de sustentabilidade, defendida no artigo, inclui um modelo de desenvolvimento voltado para todas as pessoas.