SONETO: Pálida,
à luz da lâmpada sombria
Álvares de Azevedo
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
In: Bárbara Heller et
alii, orgs. Álvares de Azevedo.
São Paulo: Abril
Educação, 1982. p. 22.
Entendendo o soneto:
01 – Que indícios podemos
perceber neste soneto da segunda fase do Romantismo, denominado mal do século?
O receio de amar e o sofrimento vivido
pela idealização do eu lírico, para com a mulher amada, o fazem recorrer ao
desejo da “morte”, como forma de fuga por causa de problemas amorosos.
02 – Da primeira para
segunda estrofe do texto, a luz que circunda a pessoa descrita sofre alteração.
Que tipo de alteração ocorre?
No primeiro verso da primeira estrofe, a
mulher amada é descrita pela sua palidez, que se opõe à sombria lâmpada que a
ilumina; já na segunda estrofe são descritas a calma e a harmonia da amada, que
é embalada pela maré das águas.
03 – O poema é escrito a partir de:
a) Uma
crítica feita à mulher amada pelo eu lírico.
b) Uma descrição da mulher amada feita pelo eu lírico.
c) Um
sonho que o eu lírico teve com a mulher amada.
d)
Um conflito que o eu lírico deseja resolver
com a mulher amada.
04 – “Como a lua por noite embalsamada,” temos nesse
verso:
a) Uma
metáfora.
b) Uma
hipérbole.
c) Uma comparação.
d) Uma
metonímia.
05 – O elemento tempo no poema:
a) É o
mesmo do início ao fim.
b) Retrata
o anoitecer.
c) Sofre uma gradação.
d) Foi
irrelevante.
06 – Apresentam uma antítese os versos:
a)
“Como a lua por noite embalsamada, / Entre as
nuvens do amor ela dormia!”
b)
“Era um anjo entre nuvens d’alvorada / Que em
sonhos se banhava e se esquecia!”
c)
“Negros
olhos as pálpebras abrindo... / Formas nuas no leito resvalando...”
d)
“Por ti – as noites eu velei
chorando, / Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!”
07 – A atmosfera retratada
nos quartetos é vaga e imaterial. O elemento que reforça a ideia de
imaterialidade da mulher amada nessas estrofes é:
a) A
lâmpada.
b) As nuvens.
c) A
lua.
d) As
flores.
08 – A última estrofe revela que a mulher observada:
a) Despertou do seu sono.
b) Exibe-se
para o eu lírico.
c) Retira-se
do ambiente.
d) Encabula-se
diante do eu lírico.
·
A mulher é pálida e está reclinada
sobre um leito de flores;
·
Ela dorme entre as nuvens do amor;
·
É a virgem do mar, embalada pela
maré;
·
É um anjo entre nuvens d’alvorada.
10 – Há alguma contradição
entre essas imagens que caracterizam a mulher?
Sim. Na segunda estrofe ela se
caracteriza pela pureza, é uma virgem e um anjo; na terceira estrofe ela se
caracteriza pela beleza física, pela nudez e pela sensualidade.
11 – Leia a seguinte
afirmação de Mário de Andrade:
“Álvares
de Azevedo sofreu como nenhum, apavoradamente, o prestígio romântico da mulher.
Pra ele a mulher é uma criação absolutamente sublime, divina e ...inconsútil. O
amor sexual lhe repugnava, e pelas obras que deixou e difícil dizer que tivesse
experiência dele”.
(“Amor e Medo” in Aspectos da literatura brasileira, 6ª. ed. São Paulo, Martins, 1978).
Qual verso do soneto exprime
a timidez do sujeito lírico diante da mulher, mesmo sendo ela apenas um sonho?
“Não te rias de mim, meu anjo lindo!”
12 – O soneto exprime o
sofrimento, a frustação amorosa e a atitude escapista ultra romântica. Explique
essa atitude, comentando os dois últimos versos do soneto.
O penúltimo verso
exprime o sofrimento das noites de vigília. E o último aponta a fuga pelo sonho
e até pela morte como saída para a frustação amorosa.
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